Serginho Hondjakoff – um herói renasce das cinzas (ou flocos de neve) do ostracismo
Não é segredo nenhum a minha admiração pelo Serginho Hondjakoff. Já falei sobre ele em duas oportunidades recentes que você pode conferir em:
Paulistinha – a nova aposta de Serginho Hondjakoff
Frogman (ou a inesperada virtude do Sapinhow)
Agora volto a falar do nosso eterno Arthur Malta para anunciar uma grande novidade: A Trident resolveu apostar em nosso inusitado herói como garoto propaganda da sua nova campanha de divulgação do Trident Fresh.
Se tem duas coisas que combinam perfeitamente são geladeira e Serginho Hondjakoff. Aproveitando essa deixa e a inestimável capacidade de Serginho em fazer humor auto-depreciativo, a marca de gomas de mascar resolveu apostar alto e transformou nosso querido sapinho no arauto que anuncia a chegada do inverno.
Afinal, ninguém melhor que o nosso Jon Snow brasileiro que sabe bem como é viver no eterno inverno do ostracismo para anunciar a chegada da estação mais fria do ano.
Confira comigo:
O vídeo tem tudo aquilo o que esperamos de uma obra que envolva o Serginho:
- Caretas
- Referências e piadas internas (o Ogro Móvel, o Sapinho, Globo – só faltou o dildo rosa)
- O sotaque inconfundível do verdadeiro carioca da gema
- Movimentos corporais que mais se parecem com convulsões
- Serginho rodeado de belas mulheres
Fica aqui o meu agradecimento e parabéns a Trident Brasil por ter resgatado nosso herói nesse momento de necessidade e dado a oportunidade de brilhar novamente. A geladeira da tv brasileira pode ser um lugar frio, mas contamos com Serginho Hondjakoff para aquecer nossos corações nesse inverno.
P.S.: não ganhei nenhum centavo por esse post. Apenas a satisfação de ver um ídolo voltando a trabalhar com o que gosta.
Você se lembra como era a vida sem internet?
Estou escrevendo esse post única e exclusivamente porque a internet caiu. Como você deve ter imaginado, nesse momento, estou com uma tela do WORD aberta em minha frente enquanto digito essas palavras.
O que me leva a crer que um computar sem internet hoje em dia pode ser considerado basicamente uma enorme calculadora ou uma máquina de escrever. No caso, uma máquina de escrever que possivelmente roda um ou outro jogo que não precisa estar conectado o tempo todo. Bem melhor que a atual moda hipster.
Sim, os hipsters resgataram as máquinas de escrever.
Sim, alguns jogos agora exigem que você esteja conectado pra jogar. Mesmo no single player.
Estranho pensar no quanto estamos presos e dependentes da internet para fazer coisas simples como interagir com outros seres humanos.
Acostumamos-nos a manter as relações sociais baseadas em curtidas, compartilhamentos e conversas por chats (seja no Messenger ou no Whatsapp). Nem usamos mais o telefone com tanta freqüência (que não seja para checar o Messenger ou o Whatsapp).
Estou escrevendo esse post enquanto poderia estar acessando a internet através do meu celular (o 3G continua firme e forte). E posso me considerar um vencedor por isso, já que se pararmos pra pensar, a ~grande rede mundial de computadores~ está tão presente em nossas vidas que até quando estamos sem internet em casa, ela ainda continua ativa em nossos celulares (ou smartphones se quiser ser um pouco mais pedante).
Nem me lembro mais como era a vida sem internet. Tenho vagas recordações que eu fazia coisas como jogar futebol, andar de skate ou descer para ficar sentado na escadinha do condomínio conversando com os amigos enquanto um deles tocava violão.
Hoje em dia não sei se as pessoas ainda fazem esse tipo de coisa. Eu não faço. Pra falar a verdade, não sei o nome dos meus vizinhos do prédio onde moro atualmente. E eles também não fazem questão de saber o meu.
Bons tempos quando eu tinha uma vida agitada fora da internet.
Meu Brazil brasileiro – parte I
Trinta e sete cascos de cerveja acumulados ao lado da mesa. Esse era o saldo de uma noite memorável com os amigos.
Pedro saiu do bar sem saber muito bem como chegaria em casa. Era provável que nem chegasse, a julgar pelo seu estado etílico.
Enquanto caminhava pela avenida procurando um táxi, sentiu aquela necessidade enorme de “dar um mijão”. Aquela vontade que somente os bêbados mais versados na arte do álcool podem compreender. Parou no primeiro beco que viu.
Apoiou-se com a testa na parede enquanto botava pra fora aquela mistura de cevada e etanol. Com uma das mãos livre, Pedro foi conferir a timeline do Facebook e uma das postagens chamou a sua atenção:
Enquanto lia a notícia, Pedro só conseguia pensar em uma coisa:
– Como deve ser a vida do David Brazil? Eu não vejo o cara fazendo nada a não ser tirar foto com famoso ou selfie mandando beijinho.
Deu aquela balançada no samango. Sabia que pelas regras não escritas da vida a última gota é obrigatoriamente da cueca. Seguiu seu caminho, trôpego, em busca de uma forma de voltar pra casa.
O que Pedro não havia percebido é que acabara de urinar na porta de uma lojinha cigana. Em letras azuis, um pouco desgastadas e competindo com alguns lambe-lambes, estava escrito:
CARTAS, TARÔ E BÚZIOS. TRAGO A PESSOA AMADA. LEIO O FUTURO. DESATO NÓS. E TENHO O PODER DE ATAR AINDA MAIS SE VOCÊ QUISER. MARIA MELINDA – HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO – 09H ÀS 17H
Continuou seu caminho por mais alguns quarteirões.
…
O despertador tocava incessantemente. Desligou da primeira vez apertando o botão de soneca sem nenhum peso na consciência.
Sentia uma dor de cabeça infernal e não tinha a menor vontade de abrir os olhos. Naquela manhã, excepcionalmente, a cama estava bastante aconchegante. Não sabia de onde surgira aqueles travesseiros extras, mas não pensou duas vezes ao abraçar o primeiro e colocar o segundo entre as pernas.
Ao se virar na cama, Pedro sentiu uma coisa diferente. Cócegas na orelha direita e na ponta do nariz. Ele conhecia aquele tipo de cócegas. Geralmente a sentia quando dormia com alguma garota. Era a sensação de cabelo roçando no seu rosto.
Será que me dei bem noite passada? Não me lembro de ter saído acompanhado do bar.
Abriu os olhos com algum esforço, lutando contra a claridade que invadia seu quarto. Uma claridade fora do comum. Para falar a verdade, Pedro não se lembrava de algum tipo de claridade em seu apartamento. Ele ficava na parte de trás do prédio e era cercado por outros prédios por todos os lados. Era impossível ter claridade.
Estou em um motel ou na casa dela?
Conseguiu abrir os olhos e a primeira coisa que notou é que não havia mais ninguém na cama.
O cérebro de Pedro ainda não conseguia processar tantas informações ao mesmo tempo.
A segunda coisa que notou é que seus cabelos haviam crescido da noite para o dia.
Será que eu to de peruca? – pensou.
Passou a mão naqueles fios misteriosos e ao puxá-los notou que realmente estavam presos em sua cabeça. E eram encaracolados. Puxou um pouco mais forte e sentiu uma dor aguda. Uma dor tão forte que o fez esbravejar em voz alta:
– Ca-ca-ca-caraaalho!
Pedro tampou a boca com as mãos em um gesto de surpresa. Será que havia bebido tanto que ficou gago? E o que acontecera com a sua voz? Ela estava completamente diferente. Tentou falar em voz alta novamente para tirar a prova:
– O-o-o q-que ca-ca-ca-caralhos está-tá aconteceeeendo?
Pedro começou a ficar desesperado.
Não sabia onde estava. Sua voz mudara completamente. O cabelo então, nem se fala. Tentando colocar os pensamentos em ordem, resolveu levantar e lavar o rosto.
Quando ficou de pé, viu que existia um enorme espelho em frente a cama. Ao se olhar, Pedro não conseguia mais se mover. Estava em completo estado de choque.
Refletido no espelho não estava aquele rapaz tatuado, magrelo e de cabelo raspado com máquina dois. Refletido no espelho, estava David Brazil.
– Fo-fo-fo-fodeeeeeu!
—
Continue acompanhando os próximos capítulos de Meu Brazil Brasileiro.
Marcos Oliver está de volta!
E vai e vem não tem parada. Traz uma carga de saudades na chegada.
E vem e vai mais uma jornada e a minha vida vai com ele nessa estrada.
É com esse refrão que Sula Miranda, a eterna rainha dos caminhoneiros (e irmã da Gretchen) nos emociona com a regravação do hit “Caminhoneiro do Amor“ que conta com a presença de ninguém menos que Marcos Oliver, ator, sedutor profissional, pintor e ídolo maior de quem escreve esse texto.
No melhor estilo road-movie, Oliver nos entrega uma interpretação sensível e tocante de como é a vida dos caminhoneiros, esses profissionais que movimentam a economia brasileira através da nossa malha rodoviária.
Já Sula Miranda, canta ao pé do nosso ouvido, o dia a dia da esposa que fica em casa esperando o marido trabalhador e apaixonado, contando os segundos para matar as saudades e viver bons momentos a dois.
Marcos Oliver mostra que continua em forma tanto fisicamente quanto profissionalmente e prova para os críticos, de forma contundente, que é um ator versátil e de múltiplas facetas.
Não sei vocês, mas eu já estou aqui esperando por mais trabalhos do nosso mestre maior.
Relíquias brasileiras no Spotify
Tenho um gosto musical peculiar. Não sei se essa seria a expressão correta já que trabalho sem o menor critério na hora de decidir o que ouvir.
De alguma banda obscura do leste europeu a Wesley Safadão, sou uma pessoa que encara sem medo as surpresas que o Spotify pode nos proporcionar.
Foi com a mente aberta que resolvi procurar e compartilhar com vocês algumas das pequenas relíquias que esse maravilhoso serviço de streaming esconde em seus servidores.
Preparados para descobrir algumas relíquias brasileiras no Spotify? Vem comigo!
1 – Celso Portiolli
Radialista, ex-vereador, apresentador e showman. Como se não bastassem todas essas facetas, Celso Portiolli nos apresenta um sólido trabalho como cantor.
Seu único álbum foi lançado em 1998. “É Tempo de Alegria” deve ser uma daquelas bolachas raras que somente os melhores colecionadores tem acesso.
Com hits como Amizades Virtuais, Que bom que o domingo chegou e Mocinho de Cinema, o disco é uma verdadeira ode à alegria, diversão e a televisão brasileira.
Clica no play e divirta-se com o sucessor espiritual de Augusto Liberato, o Gugu:
2 – Baladão do Faustão
Em algum momento de 2012, nosso querido Fausto Silva resolveu fazer um compilado dos “melhores do ano” (com um critério muito obscuro e subjetivo) e lançou um disco chamado Baladão do Faustão.
Nada combina mais com o dono das tardes de domingo da Rede Globo que esse cd.
Um mix delicioso de tudo o que embalou as novelas e rádios brasileiras naquele ano. E tudo acompanhado com a Banda do Domingão em versões inéditas.
Para citar apenas alguns dos hits presentes:
Michel Teló – Ai se eu te pego/Humilde Residência (num remix delicioso)
Sorriso Maroto – Assim você mata o papaiJoão Lucas & Marcelo – Eu quero tchu eu quero tcha
Munhoz e Mariano – Camaro Amarelo
Sem mais delongas, clique nesse link (ou na imagem, porque não deu pra incorporar) e retorne para 2012 com Faustão e sua turma.
3 – Sérgio Mallandro
Maior expoente do humor nacional, Sérgio Mallandro é a versão em carne e osso dos coelhinhos da Duracell após uma rave de 72h regada a muita cocaína e energético.
Além de par romântico e príncipe da Xuxa em Lua de Cristal, Serginho também se arriscou na carreira de cantor. Sua frase mais emblemática leva o nome de seu hit supremo:
Vem fazer Glu-Glu
Com um gostinho de anos 90, no disco auto-intitulado Sérgio Mallandro, você encontra hinos de toda uma geração:
– Tic Tic Nervoso
– Lua de Cristal (a versão do Serginho)
– Superfantástico
– Rap do Mallandro
– Vem fazer glu-glu
Tá esperando o que pra ouvir?
4 – Os Trapalhões
Bastiões do humor politicamente incorreto entre os anos 70 e 90, Os Trapalhões são um patrimônio histórico da humanidade brasileira.
Com o auge do sucesso na televisão e nos cinemas, a trupe humorística também soltou o gogó em um álbum recheado com aquela sacanagem gostosa com todos os estereótipos e preconceitos que marcou a era de ouro da turma.
O Monty Python brasileiro, já recuperado do baque da morte de um de seus integrantes, nos entrega um dos melhores trabalhos até aquele momento, mais especificamente em 1991.
Imortalizado pelo grupo, a canção Pula Veadinho narra as desventuras da turma em um zoológico sendo um dos grandes sucessos desse álbum.
Se você também adorava as trapalhadas de Dedé, Didi, Mussum e Zacarias, clique no play e relembre os melhores momentos dos Trapalhões:
5 – Gugu Liberato
O eterno concorrente de Fausto Silva nas tardes de domingo também não marcou bobeira quando o assunto era música.
Gugu gravou inúmeros discos ao longo de sua carreira, mas o Spotify tem apenas um registro dessa fase racional. Nesse caso, voltado exclusivamente para crianças (imagino que tentando pegar carona no sucesso do Xuxa Só Para Baixinhos).
Imagino que a motivação para esse álbum tenha sido a paternidade, já que em 2002 nascia João Augusto Liberato, o herdeiro do apresentador.
Eu confesso que fiquei assustado com algumas músicas desse disco, especialmente Táxi do Gugu.
A música me passa a sensação de que o táxi é uma espécie de carona para o inferno, cujo motorista é alguém um pouco atormentado e com certas predileções por crianças.
Para piorar, a música é cortada com alguns sussurros do Gugu soltando frases como “O táxi do Gugu é mais gostoso viajar” ou “Pode pedir pra ele pegar na escola ou em qualquer lugar”.
Tenho certeza que se essa música for tocada de trás pra frente teremos uma espécie de cântico satânico invocando Lúcifer.
Imagino que muitas crianças tenham ficado traumatizadas devido a exposição a esse disco.
Mas é um dos tesouros do Spotify que vale o play:
Acho que a conclusão desse post é óbvia, né? O Jay Z pode até tentar revolucionar a indústria da música e do streaming com o seu TIDAL, mas aposto que jamais terá uma seleção tão minuciosa e relevante de músicas quanto essa do Spotify.
5 coisas que eu já quis ser
O que você quer ser quando crescer?
Eu já tive várias respostas para essa pergunta e nenhuma delas foi a correta. Se é que existe uma resposta certa pra isso.
Seguindo a minha primeira participação dos posts propostos pelo grupo RotaRoots, farei uma lista com 5 coisas que eu já quis ser e espero o mínimo de compreensão para não ser zoado, ok?
1 – Jogador de Futebol
A resposta clássica quando se é criança e não tem a menor noção de como a vida ou o mundo funciona. Sim, eu queria ser jogador de futebol nos meus primeiros anos de vida e cheguei bem perto disso. Dos 13 aos 15 anos fui jogador das categorias de base do América-MG, mas descobri que essa vida de atleta não era pra mim.
Gostava mais dos coletivos que dos treinos físicos. Se tivesse seguido a carreira, hoje em dia seria o que se convencionou chamar de “jogador chinelinho”, no melhor estilo Roger Flores.
2 – Físico Nuclear
Parecia algo legal. O nome, pelo menos, é incrível. Imagina preencher qualquer questionário que pergunte a profissão com “Físico Nuclear”.
Eu não tinha a menor ideia de quais eram as atribuições de um físico nuclear. Devo ter visto essa profissão em algum filme e percebi que combinava comigo. Porém, na época eu ainda não tinha sido apresentado aos mistérios da física e da matemática.
Para ser sincero, nunca fui.
Quando tive a matéria de física pela primeira vez, ficou claro que aquele não era um sonho tão possível assim. No gabarito da vida, a resposta “Físico Nuclear” não era a correta pra mim.
3 – Cientista da Computação/Programador
Gostar de computadores não quer dizer que você será um bom programador. Pelo menos no meu caso.
Eu tinha certeza, na adolescência, que o meu futuro seria desenvolvendo programas e pensando em coisas geniais para computador. Influenciado (terrivelmente) por filmes como Hackers – Piratas de Computador e Ameaça Virtual, minha carreira como programador se restringiu a aprender HTML e a publicar algumas home-pages no HPG sobre jogos, Blink 182 e Smallville.
Além de alguns sites para a sala do colégio e uma zine virtual zoando todos os amigos.
Mas quando fui me informar ainda mais sobre o dia a dia de quem trabalha com isso e começar os estudos, percebi que tenho um sério problema com lógica da programação e linguagens mais complexas.
Pela terceira vez, eu falhava na resposta da pergunta fundamental da nossa vida.
4 – Juiz
Finalmente uma profissão que eu não precisaria usar, diariamente, a matemática ou qualquer outra área de exatas. Afinal, sempre fui ótimo em julgar os amiguinhos. Imagina ganhar por isso?
Na minha cabeça de adolescente, bastava ser um bom advogado e em algum momento da vida você seria “promovido” a juiz. Não fazia ideia de que existia todo um caminho a ser percorrido e concursos a serem realizados.
Hoje em dia eu ainda tenho muita vontade de cursar direito, porém não para ser juiz. Gosto da área e vejo que existem muitas possibilidades dentro desse campo, mas com a cabeça que tenho hoje, odiaria ter esse tipo de responsabilidade pela vida das pessoas.
Desisti de ser juiz quando me interessei pela escrita, o que me leva para o último item da lista.
5 – Escritor/Roteirista
Como já escrevi recentemente, foi graças a Luis Fernando Verissimo que comecei a me interessar pela escrita.
Escrever é algo que sempre tive facilidade. Nunca empaquei em uma redação na escola, sempre tirava notas boas e não cometia tantos erros de ortografia. Mas nunca me imaginei escrevendo um livro ou qualquer coisa do tipo. Até aquele momento.
Depois que tomei esse gosto, imaginei que o mais próximo de seguir esse sonho seria cursando publicidade e propaganda. Eu sei que não faz sentido, mas sendo adolescente eu tinha a licença poética para acreditar nessas coisas e fazer esses tipos de associações.
Na faculdade, fui aprimorando ainda mais a escrita e vendo que redação seria a minha área.
Lá estava eu, sendo redator de agência e escrevendo meus spots, roteiros e títulos engraçadinhos.
Em paralelo a isso, mantinha um blog (esse mesmo que você está lendo nesse momento) e percebia que a internet era o lugar mais acolhedor para quem tinha esse tipo de aspiração a ser produtor de conteúdo.
Aos poucos, fui migrando da redação “off-line” para a redação on-line. Quando me dei conta, já nem era mais redator.
Profissionalmente, fazia mais planejamento que textos propriamente ditos. O amor por blogs era tanto que fiz uma monografia inteira dedicada a eles.
E assim, mais uma vez, fui deixando de lado algo que queria ser quando crescesse. Mas essa, pelo menos, não ficou de lado totalmente.
Ainda me imagino vivendo de escrever e com um ou dois roteiros emplacados em algum lugar.
Posso dizer que, de certa forma, tenho sido “escritor”, mesmo que seja nesse blog e o público se resuma basicamente a mim mesmo e alguns amigos que clicam nos links por dó.
Mas não se espante se algum dia encontrar algum livro com meu nome na capa.
O feijão tropeiro e a igualdade social
Trabalho em uma região de classe alta. Uma alameda com dezenas de condomínios e suas famigeradas varandas gourmet. Um reduto onde é fácil encontrar firmas de advocacia, escritórios de design, consultórios particulares, estúdios de estética, agências de publicidade, boutiques de alta costura e o trailer do tropeiro.
O trailer do tropeiro é uma espécie de Super Bonder social que une todas as classes de trabalhadores dessa região. Não importa o seu cargo: de diretor financeiro a mestre de obras, o tropeiro é um amor em comum de todos os que trabalham por aqui.
E apesar de toda a propaganda massiva que nos atinge todos os dias, o tropeiro de lá não é gourmet. E o trailer não é “truck”.
Naquele pequeno espaço, sob tendas armadas em meio a calçada e a avenida, patrões e proletários vivem em completa harmonia. Não é raro ver um executivo vestido com ternos de corte sob medida e sapatos italianos discutindo os jogos do campeonato brasileiro com um peão trajando macacão e colete da prefeitura.
Por um breve momento, a utopia da igualdade social se faz presente em nossas vidas. Ali, todos tem R$ 9 para comprar o marmitex pequeno ou R$ 12 para comprar o grande. Das 12h ás 14h, a Alameda da Serra é a prova viva de que é possível um mundo onde todos são iguais.
Não precisou de nenhuma revolução armada, de nenhum partido de extrema esquerda chegar ao poder ou militantes cheios de conceitos e ideais libertários.
Foi preciso apenas um combinado de arroz, feijão tropeiro, couve, linguiça, ovo frito e torresmo.
A igualdade, meus amigos, é uma coisa linda! E o tropeiro é delicioso.
Eu e Verissimo – como tudo começou
Seria pretensioso da minha parte querer escrever tão bem quanto Verissimo (o Luis, nesse caso). Soube disso logo nos meus primeiros textos.
Imagino que não tenha o mesmo olhar observador daquele senhor. Alguma situação trivial acontecendo ao meu lado sem que eu perceba tornaria-se mais uma crônica deliciosa em suas mãos. Não tão deliciosa quanto a Silvinha, mulher do Siqueira, mas ainda assim arrancaria suspiros de quem passasse os olhos.
Não saberia dizer se a minha introdução a Verissimo foi tardia. Ele tirou a minha virgindade em 2003, no alto dos meus 16 anos, em cima de uma certa Mesa Voadora. Vê se pode? Um senhorzinho daqueles chegar mudando tudo o que eu pensava a respeito de “literatura”?
Era difícil acreditar que havia livros “legais” (que não fossem Harry Potter ou Senhor dos Anéis ou qualquer um da coleção Vaga-lume) nas prateleiras da minha antiga escola.
Machado de Assis tem lá os seus méritos e deve ser muito gostoso de ler se você não é obrigado. Tem quem goste, inclusive.
Aí veio esse senhor meio cheinho, com um bonequinho engraçado na capa do livro e me levou para um tipo de leitura completamente diferente. De crônicas engraçadas, do dia a dia, de situações que eu poderia me colocar no lugar e com uma forma tão leve de escrita que o livro não durou 2 dias na cabeceira da minha cama.
Foi realmente uma pena ter que devolver e não encontrar outras obras do Luis (se me permite a intimidade) nos becos daquela biblioteca. Graças a Deus existia a internet e consegui ler outras crônicas. E a cada novo texto aumentava a minha vontade de trabalhar com algo relacionado à escrita.
Mas não poderia ser jornalismo e nem letras. Não me daria bem em nenhum dos dois. Achava jornalismo muito sério e não queria ser professor (que me desculpem os formados em Letras, mas na minha cabeça da época, essa era a única função que a área permitia).
E durante uma dessas feiras de profissão nas escolas descobri que havia essa tal de “Publicidade e Propaganda”, em que você poderia escrever e ser engraçadinho e, ainda por cima ganhar dinheiro pra isso (a parte de ganhar dinheiro não é bem uma verdade, mas dá pra pagar as contas).
Foi por causa de Verissimo que tomei gosto primeiro pela leitura e depois pela escrita. Foi por causa de Verissimo que resolvi escrever os meus primeiros textos, tendo a pachorra de acreditar que um dia chegaria próximo daquele estilo gostoso e descontraído.
É por causa de Verissimo que escrevo esse texto específico, já que ontem comecei a ler Diálogos Impossíveis, e com o perdão do trocadilho, é impossível não querer escrever depois de devorar qualquer coisa imaginada por esse senhor.
Sei que nunca vou chegar perto de escrever tão bem e que ele jamais irá ler esse texto, mas de qualquer forma…
Obrigado por tudo, Luis Fernando Verissimo!
O novo vocabulário da internet – um guia prático
“Ai, miga! Hoje finalmente tenho um date com aquele boy. Antes ele era só um crush, sabe? Mas acho que hoje a gente vai dar uns beijinhos pra relaxar e se tudo der certo vou lacrar“.
Se você não entendeu nada na frase acima é porque provavelmente está por fora do novo vocabulário da internet.
Gosto bastante de acompanhar a evolução das conversas jovens e descoladas e sempre corro atrás do significado dos dialetos adotados diariamente pela nossa juventude.
Como não é todo mundo que tem a paciência e dedicação necessárias para estudar essa espécie peculiar que é o ser humano jovem adulto, resolvi organizar uma coletânea das principais expressões utilizadas atualmente na internet brasileira para que você possa consultar e não passar vergonha nas conversas com seus amigos da internet.
Confira comigo:
Boy
O antigo “namoradinho”, “peguete”, “casinho”. Boy é a palavra utilizada quando a pessoa quer falar sobre o seu possível interesse amoroso. Ao contrário do que se pode imaginar, boy não vem da palavra “boy” (garoto) em inglês, mas é uma abreviação de “boyfriend” (namorado). Mesmo que em muitos casos o boy seja apenas uma fodinha de uma noite e nada mais.
Normalmente é utilizado por garotas e garotos que beijam garotos.
Aplicação: “Ai, miga. Hoje o boy finalmente me chamou pra um date”.
Ryan Gosling – ou meu sósia – o boy que toda garota/garoto desejaMiga
Miga é utilizada como substantivo comum para qualquer situação, independente do gênero. Você chama suas amigas de miga, chama seus amigos de miga, chama seus pais de miga. Particularmente, acredito que o “miga” funciona melhor que os “amigXs” da vida. E é muito mais legal, diga-se de passagem.
Como você deve ter imaginado, é mais uma compressão de outra palavra – amiga -.
Aplicação: “Miga, hoje vou sair com o boy da mensagem fofa”.
Date
Date é a versão americana do encontro. Essa turma jovem da internet não marca mais um encontro. Marca um date. É a tumblerização da vida, com um pouco do delicioso imperialismo americano. É utilizada para se referir a qualquer encontro social, seja com o boy, com a/o crush ou com as migas.
Aplicação: “Miga, hoje é o date com o boy. Me deseje sorte”.

Leslie Knope sabe como se preparar para o primeiro date
Crush
Crush é a antiga “quedinha”. Quando uma pessoa está interessada em outra, ela tem um/uma crush. “O” ou “a” crush ainda é apenas um interesse amoroso. Ainda não tem nada rolando, provavelmente uns sexting e uns nudes, mas nada oficial. Não rolou uns beijinhos.
Aplicação: “Miga, hoje o crush postou uma foto muito linda no Insta”.

Seth dizendo pra Summer que sempre teve uma crush nela
Shippar
Ato ou efeito de “juntar” um casal no imaginário popular. É uma expressão um pouco mais antiga, mas que voltou com tudo na internet. É usada para expressar o quanto você gostaria de ver dois personagens de séries, filmes, livros ou do mundo real tendo um relacionamento amoroso.
Aplicação: “Sempre shippei o Chandler e a Monica”.
Sempre shippamos esse casal
Lacrar
Finalmente uma expressão genuinamente brasileira. De vez em quando é bom deixar de lado a apropriação cultural e retornar às nossas raízes.
Lacrar é o ato ou efeito de realizar uma coisa tão incrível que não se pode questionar esse fato. Seja uma resposta em uma discussão, uma foto em que você arrasou no ângulo e na iluminação. Uma frase de efeito. Todas essas situações mostram que você “lacrou’.
Vale lembrar que lacrar é uma atualização do “sambar”, utilizado no longínquo ano de 2012.
Aplicação: “Nossa, miga! Lacrou ao pegar o boy, hein”?

Danny LACRANDO em Game of Thrones
Queria estar morta
O “queria estar morta” é uma citação da cantora Lanna Del Rey durante uma entrevista em 2014. Por ser uma “musa indie” e, naturalmente, “musa das pessoas do tumblr”, a frase foi rapidamente adotada por todos para se expressar em qualquer situação de desânimo.
Diga-se de passagem que é uma frase que se aplica a qualquer situação da vida.
Aplicação: “Dia de pagar contas. Queria estar morta“.

Marion Cotillard sempre quis estar morta
Ai que morte horrível
Não se sabe ao certo quando ou de onde surgiu a expressão “ai que morte horrível”. Sabe-se apenas que a internet brasileira adotou como uma das frases mais usadas em 2014 e 2015.
Pode ser utilizada também em qualquer situação de lamento. Seja como uma palavra de consolo ou simplesmente quando não se tem muito o que falar.
Aplicação: “O date não deu certo, miga? Ai que morte horrível“!
Isso sim é uma morte horrívelUPDATE 1.
Falsiane
Esse guia foi publicado antes da criação e propagação da mais nova expressão que toda a internet ama falar: Falsiane. Até hoje a origem da expressão é um mistério. O termo se popularizou quando a atriz Camila Pitanga começou a aplicá-la em todas as frases de seu twitter.
Falsiane, como você já deve ter percebido, é utilizado quando uma pessoa se passa de boazinha ou de amiguinha mas na verdade quer mesmo é que você se dê mal.
Aplicação: A ex do boy é uma falsiane.
Falsiane rs
Como podemos observar, a internet brasileira atualmente conversa como se fosse um adolescente americano de classe média que passa o dia inteiro no Tumblr. O que não deixa de ser legal, já que a maioria do conteúdo que consumimos é americano e coloca essas palavras em nosso dia a dia como se fosse um grande bombardeio cultural.
Esse guia pode ser atualizado (ou não) conforme as novas expressões adotadas pelos jovens. Fique ligado para manter-se atualizado e não passar vergonha com os amigos!
Até a próxima!
Paulistinha – a nova aposta de Serginho Hondjakoff
Além de eterno nessa Brasília, Serginho Hondjakoff segue em sua busca implacável por um lugar ao sol depois de tanto tempo nas sombras.
Depois de uma breve excursão pela terra da garoa, nosso saudoso Cabeção voltou para o Rio de Janeiro apaixonado por uma paulistinha. Embalado por esse amor, Serginho Hondjakoff e seu parceiro Dino Boyer bolaram um pop-funk zangado narrando a épica saga do carioca que vence as barreiras geográficas e da rivalidade para viver o amor em sua forma plena.
Dino Boyer e Cabeção – Paulistinha
À primeira vista fica claro que o cantor da dupla é Dino Boyer. No clipe, Serginho segue como o protagonista em cena, mas consciente de suas limitações vocais, fica apenas como segunda voz e dominando a tela com todo o seu carisma natural, uma vez que essa balada narra os desdobramentos de sua última viagem a São Paulo.
O tema é delicado, uma vez que a rivalidade entre Rio e São Paulo é latente no dia a dia de seus cidadãos. Mas uma história tão deliciosa assim não poderia passar batida. É quando surge a ideia de bolar um funk:
A paixão provavelmente foi arrebatadora, ao ponto de que um verdadeiro carioca da gema (apesar de ter nascido nos Estados Unidos) ter se apaixonado pelo gingado da paulista. Serginho, um enterneiner nato, mostra como é o gingado que o deixou apaixonado:
O que precisamos entender sobre esse clipe é que ator e personagem se misturam. Vemos um Serginho Hondjakoff maduro em cena, mas não podemos nos esquecer que o protagonista da história é Cabeção, vulgo Arthur Malta. Não sei se isso teria alguma complicação jurídica com a Globo, mas entre o não fazer e o fazer com maestria, nós e a dupla de amigos preferimos ficar com a segunda opção.
O que achamos da coreografia? Nas palavras do próprio Cabeção:
Toda maravilhosa!
Dentre várias lições que podemos tirar com esse clipe e essa música (sendo a principal delas o que não fazer no meio de Copacabana), podemos citar uma estrofe cantada a plenos pulmões por Dino Boyer:
Não tem rivalidade quando o assunto é amor (firmeza)
E em qualquer cidade podemos ser felizes com quem for
Para o amor não existem barreiras geográficas, tecnológicas ou culturais. O amor supera tudo. Só não supera o constrangimento que sentimos com essa coreografia, mas que amamos da mesma forma:
Esse hit pode não ser a versão brasileira de Birdman que tanto esperamos, mas acende uma pequena centelha de esperança no fundo dos nossos corações de que Serginho finalmente consiga se firmar de vez no patamar de grandes astros e estrelas da nossa cultura pop.
Ele tem feito por merecer desde a sua primeira aparição em Malhação e, agora, multi-tarefa como todo artista moderno, envereda pelo difícil mundo da música.
A minha aposta? Começou com o pé direito!