Se você já cursou o ensino médio, provavelmente já ouviu um termo chamado “Macartismo“. O Macartismo foi um período na história americana onde um senador – Joseph McCarthy – comandou uma verdadeira caça as bruxas contra os comunistas entre os anos 40 e 50.
Durante esse período, várias pessoas acusadas de serem comunistas foram demitidas de seus empregos, investigadas e em alguns casos até presas. Um dos setores mais vigiados foi do entretenimento, onde atores, diretores e roteiristas eram a favor da diplomacia e apoio a paz. (Mais aqui)
Veja bem: pessoas que eram a favor de uma outra ideologia foram perseguidas de modo a preservar o bom e velho American Way of Life. Em muitos casos, as pessoas não eram nem a favor da ideologia comunista, eram apenas pacifistas. Mas isso não era justificativa.
Posso estar viajando, mas farei um paralelo com o que vejo atualmente na blogosfera e divagarei um pouco sobre o assunto. A chance de eu falar uma merda nesse post é grande, portanto esteja à vontade para me corrigir ou contribuir caso sinta a necessidade.
Há uma clara divisão atualmente entre quem ganha dinheiro com blogs e quem não ganha. Com base nessa afirmativa, também confirmo que existem aqueles que são favoráveis a essa prática, aqueles que são contra e aqueles que são apenas críticos da forma como isso acontece atualmente.
Isso é normal em toda e qualquer cultura e não quer dizer que, pelo fato de eu criticar a forma como a publicidade em blogs é realizada, eu seja um comunistinha estudante que pensa em um mundo cheio de igualdade e felicidade para todos. Longe disso.
Eu sou publicitário, blogueiro, twitteiro e demais adjetivos que envolvam redes sociais. Eu adoro as mídias sociais e a forma como elas são utilizadas. Porém, com a liberdade que essas mesmas mídias me permitem, faço críticas ao que eu acho errado ou certo. Essa é a maravilha de poder ter voz no mundo virtual.
Acontece que existe certa comodidade e uma corrente filosófica entre blogueiros que diz: “Eu ganho dinheiro, por isso sou invejado pela ralé”. Esse é o típico pensamento do príncipe do gueto. O cara que “supostamente” saiu da miséria e hoje é alguém muito importante… para meia dúzia de pessoas.
Cada pessoa escolhe a melhor maneira de ganhar dinheiro na vida. Alguns ganham blogando, outras chupando, algumas até ganham dinheiro trabalhando. Eu sou do tipo que trabalha e em alguns casos ganho uma grana com o blog. Nada muito alto, apenas a comissão de algumas vendas. O suficiente para sair com a namorada durante um mês.
Eu não tenho inveja de quem ganha dinheiro com blog, apesar de 99% das pessoas que conseguiram essa proeza acreditarem o contrário. Digo mais: acredito que a grande maioria das pessoas que criticam a forma como a publicidade é feita em blogs, também não tem inveja, já que cada um ganha dinheiro da sua maneira.
Pelo lado de quem ganha dinheiro, há uma impressão de que são vítimas de uma nova forma de Macartismo. Só que ao invés de perseguir comunistas, persegue-se… pro-bloggers!
Não há uma perseguição. Não tem ninguém instalando um grampo telefônico na sua casa e muito menos interceptando os seus e-mails. Esse sentimento de vítima vai completamente contra aquele discursinho que algumas pessoas sempre fazem de “saber lidar com críticas”. Quando você acusa o mundo de ter inveja de você por criticá-lo, me faço a pergunta: Cadê aquela pessoa que sabe lidar com críticas?
Como tudo no mundo existe aqueles que são contra ou a favor. Na internet não poderia ser diferente, já que o ambiente virtual é um reflexo da nossa vida off-line. Eu não sou obrigado a gostar de uma coisa e tenho a total liberdade de criticá-la da forma que eu achar mais conveniente. E não faço uma crítica por fazer, tento sempre acrescentar uma base sólida e maneiras de como o objeto criticado pode ser melhorado.
Mas não adianta. A parcela que se sente invejada sempre utiliza o mesmo argumento: “É feio ganhar dinheiro com blogs, é feio falar o que eu penso, é feio ganhar dinheiro com o twitter”. Não, não é feio. Mas não faça disso uma verdade absoluta como se fosse o único caminho, meio e verdade.
Da mesma forma que você tem a sua “liberdade de expressão” (entre aspas mesmo) de veicular qualquer tipo de anúncio em seu blog, eu tenho a minha de criticar a forma como isso é realizado. Essa é a base de um debate. Argumentos de ambos os lados, cada um mostrando o seu ponto de vista.
Concluindo, não existe um Macartismo atualmente. Não tem ninguém perseguindo pro-bloggers, não tem ninguém perseguindo quem Twitta sobre uma marca sendo pago para isso. Existe quem é contra e quem é a favor, quem concorda e quem não concorda. Ninguém é obrigado a aceitar a sua idéia, da mesma forma como você não é obrigado a aceitar a de ninguém. Mas existe o bom senso que leva ao consenso.
Também não existe uma comunidade organizada de invejosos. Mas parece que convencer as pessoas disso é difícil. A inveja é um sentimento que engrandece o objeto invejado. Afinal, qual a melhor forma de se sentir superior a uma pessoa do que afirmar que ela tem inveja de você? Isso parece papo de pastor de igreja presbiteriana.