Há muito tempo não assisto a programação da tarde na TV aberta. A vida adulta cobra seu preço. Mesmo assim fui pego de surpresa ao ver que a Globo anunciou o fim do Vídeo Show.
A última edição do tradicional programa sobre os bastidores da emissora será exibida no dia 11 de janeiro de 2018, uma sexta-feira.
Apenas três anos mais velho que eu, o Vídeo Show foi exibido pela primeira vez em março de 1983.
Como alguém que nasceu nos anos 80, a maior parte da minha infância e adolescência coincidiu com o auge do programa durante as décadas de 90 e 00.
Apesar da surpresa, era uma questão de tempo até o programa sair do ar. Mesmo sem assistir, acompanhei todas as mudanças de formato nos últimos anos.
André Marques carregou muito bem o legado de Miguel Falabella na primeira grande mudança do programa.
Quando o nosso querido Mocotó resolveu respirar novos ares, o Vídeo Show apostou de vez em novas dinâmicas com dois apresentadores.
André Marques saiu em 2013. Até ai, eventualmente eu ainda via uma ou outra edição do programa quando estava em casa durante a semana. Mas parei de acompanhar e não vi todas as mudanças que vieram depois disso.
Recentemente a internet comentou bastante o novo formato com quatro apresentadoras: Sophia Abrahão, Vivian Amorim, Fernanda Keulla e Ana Clara Lima lendo tweets ao vivo. Do quarteto, apenas Sophia Abrahão não era uma ex-BBB.
Acredito que essa tenha sido a última tentativa de recuperar um pouco da audiência perdida ao longo dos anos.
Nos últimos momentos de vida, o Vídeo Show estava perdendo para programas como A Hora da Venenosa, apresentado pela jornalista Fabíola Reipert contando as fofocas mais quentes do mundo dos famosos – no caso, quase todos da Globo.
O Vídeo Show sempre foi um programa de exaltação da própria história da Globo.
Nos anos pré-internet e redes sociais, quando não tínhamos acesso ao dia a dia dos famosos ou a casos engraçados, era a nossa oportunidade de ficar por dentro desse universo.
Infelizmente a Globo perdeu o bonde e não se atualizou. Ou não quis investir na atualização do programa, saindo da bolha da própria emissora e explorando novos formatos e personalidades que conversam com a geração atual.
Enquanto o trabalho de redes sociais da emissora é muito bom, com excelentes perfis no Twitter, a coisa ficou meio esquecida dentro da própria casa.
Se o Vídeo Show tivesse migrado para a internet, trabalhando novos formatos e linguagens como as que fazem sucesso no Youtube, talvez fosse possível ganhar uma sobrevida.
Mas dificilmente o público jovem, a quem a emissora queria atingir com as últimas mudanças, assiste televisão na parte da tarde.
Com tantas opções como Youtube, Netflix, Twitter e o Instagram das próprias celebridades, não faz muito sentido esperar um programa diário só para ficar por dentro desse universo.
É inegável a nostalgia ao falar sobre o programa. O famoso namastê do Miguel Falabella ao final de cada programa ou as animadas disputas entre atores e atrizes no Vídeo Game apresentado pela Angélica.
Até mesmo quadros pouco lembrados como o Cabeção em Ação, com as loucas aventuras do nosso querido Serginho Hondjakoff – O Cabeção.
Fica a lembrança atrelada à minha infância, quando a vida era mais fácil e sem preocupações. Também a reflexão de como é preciso se adaptar à mudança de público que consome seus conteúdos. Colocar uma roupagem e uma linguagem moderna para falar das mesmas coisas de sempre não é um bom caminho.
Fica aqui o obrigado pelos 35 anos de ótimos serviços prestados por esse ícone da televisão brasileira.
Pra mim desde a época do Miguel Falabella o programa não era bom. Podiam ter antecipado uns dez anos o fim do Video Show. Eu ainda assistia o Video Game da Angélica nos anos 2000 pra desligar a mente, mas nessa época já não era tão legal. Ouvi dizer que quando a Monica Iozzi estava na frente do Video Show o programa estava batendo recordes de audiência, mas nem lembro da época que ela esteve no programa.
Tomara que o substituto do Video Show seja bom, aturar encheção de linguiça na hora da tarde já deu no saco.