O feijão tropeiro e a igualdade social
Trabalho em uma região de classe alta. Uma alameda com dezenas de condomínios e suas famigeradas varandas gourmet. Um reduto onde é fácil encontrar firmas de advocacia, escritórios de design, consultórios particulares, estúdios de estética, agências de publicidade, boutiques de alta costura e o trailer do tropeiro.
O trailer do tropeiro é uma espécie de Super Bonder social que une todas as classes de trabalhadores dessa região. Não importa o seu cargo: de diretor financeiro a mestre de obras, o tropeiro é um amor em comum de todos os que trabalham por aqui.
E apesar de toda a propaganda massiva que nos atinge todos os dias, o tropeiro de lá não é gourmet. E o trailer não é “truck”.
Naquele pequeno espaço, sob tendas armadas em meio a calçada e a avenida, patrões e proletários vivem em completa harmonia. Não é raro ver um executivo vestido com ternos de corte sob medida e sapatos italianos discutindo os jogos do campeonato brasileiro com um peão trajando macacão e colete da prefeitura.
Por um breve momento, a utopia da igualdade social se faz presente em nossas vidas. Ali, todos tem R$ 9 para comprar o marmitex pequeno ou R$ 12 para comprar o grande. Das 12h ás 14h, a Alameda da Serra é a prova viva de que é possível um mundo onde todos são iguais.
Não precisou de nenhuma revolução armada, de nenhum partido de extrema esquerda chegar ao poder ou militantes cheios de conceitos e ideais libertários.
Foi preciso apenas um combinado de arroz, feijão tropeiro, couve, linguiça, ovo frito e torresmo.
A igualdade, meus amigos, é uma coisa linda! E o tropeiro é delicioso.
Eu e Verissimo – como tudo começou
Seria pretensioso da minha parte querer escrever tão bem quanto Verissimo (o Luis, nesse caso). Soube disso logo nos meus primeiros textos.
Imagino que não tenha o mesmo olhar observador daquele senhor. Alguma situação trivial acontecendo ao meu lado sem que eu perceba tornaria-se mais uma crônica deliciosa em suas mãos. Não tão deliciosa quanto a Silvinha, mulher do Siqueira, mas ainda assim arrancaria suspiros de quem passasse os olhos.
Não saberia dizer se a minha introdução a Verissimo foi tardia. Ele tirou a minha virgindade em 2003, no alto dos meus 16 anos, em cima de uma certa Mesa Voadora. Vê se pode? Um senhorzinho daqueles chegar mudando tudo o que eu pensava a respeito de “literatura”?
Era difícil acreditar que havia livros “legais” (que não fossem Harry Potter ou Senhor dos Anéis ou qualquer um da coleção Vaga-lume) nas prateleiras da minha antiga escola.
Machado de Assis tem lá os seus méritos e deve ser muito gostoso de ler se você não é obrigado. Tem quem goste, inclusive.
Aí veio esse senhor meio cheinho, com um bonequinho engraçado na capa do livro e me levou para um tipo de leitura completamente diferente. De crônicas engraçadas, do dia a dia, de situações que eu poderia me colocar no lugar e com uma forma tão leve de escrita que o livro não durou 2 dias na cabeceira da minha cama.
Foi realmente uma pena ter que devolver e não encontrar outras obras do Luis (se me permite a intimidade) nos becos daquela biblioteca. Graças a Deus existia a internet e consegui ler outras crônicas. E a cada novo texto aumentava a minha vontade de trabalhar com algo relacionado à escrita.
Mas não poderia ser jornalismo e nem letras. Não me daria bem em nenhum dos dois. Achava jornalismo muito sério e não queria ser professor (que me desculpem os formados em Letras, mas na minha cabeça da época, essa era a única função que a área permitia).
E durante uma dessas feiras de profissão nas escolas descobri que havia essa tal de “Publicidade e Propaganda”, em que você poderia escrever e ser engraçadinho e, ainda por cima ganhar dinheiro pra isso (a parte de ganhar dinheiro não é bem uma verdade, mas dá pra pagar as contas).
Foi por causa de Verissimo que tomei gosto primeiro pela leitura e depois pela escrita. Foi por causa de Verissimo que resolvi escrever os meus primeiros textos, tendo a pachorra de acreditar que um dia chegaria próximo daquele estilo gostoso e descontraído.
É por causa de Verissimo que escrevo esse texto específico, já que ontem comecei a ler Diálogos Impossíveis, e com o perdão do trocadilho, é impossível não querer escrever depois de devorar qualquer coisa imaginada por esse senhor.
Sei que nunca vou chegar perto de escrever tão bem e que ele jamais irá ler esse texto, mas de qualquer forma…
Obrigado por tudo, Luis Fernando Verissimo!
O novo vocabulário da internet – um guia prático
“Ai, miga! Hoje finalmente tenho um date com aquele boy. Antes ele era só um crush, sabe? Mas acho que hoje a gente vai dar uns beijinhos pra relaxar e se tudo der certo vou lacrar“.
Se você não entendeu nada na frase acima é porque provavelmente está por fora do novo vocabulário da internet.
Gosto bastante de acompanhar a evolução das conversas jovens e descoladas e sempre corro atrás do significado dos dialetos adotados diariamente pela nossa juventude.
Como não é todo mundo que tem a paciência e dedicação necessárias para estudar essa espécie peculiar que é o ser humano jovem adulto, resolvi organizar uma coletânea das principais expressões utilizadas atualmente na internet brasileira para que você possa consultar e não passar vergonha nas conversas com seus amigos da internet.
Confira comigo:
Boy
O antigo “namoradinho”, “peguete”, “casinho”. Boy é a palavra utilizada quando a pessoa quer falar sobre o seu possível interesse amoroso. Ao contrário do que se pode imaginar, boy não vem da palavra “boy” (garoto) em inglês, mas é uma abreviação de “boyfriend” (namorado). Mesmo que em muitos casos o boy seja apenas uma fodinha de uma noite e nada mais.
Normalmente é utilizado por garotas e garotos que beijam garotos.
Aplicação: “Ai, miga. Hoje o boy finalmente me chamou pra um date”.
Ryan Gosling – ou meu sósia – o boy que toda garota/garoto desejaMiga
Miga é utilizada como substantivo comum para qualquer situação, independente do gênero. Você chama suas amigas de miga, chama seus amigos de miga, chama seus pais de miga. Particularmente, acredito que o “miga” funciona melhor que os “amigXs” da vida. E é muito mais legal, diga-se de passagem.
Como você deve ter imaginado, é mais uma compressão de outra palavra – amiga -.
Aplicação: “Miga, hoje vou sair com o boy da mensagem fofa”.
Date
Date é a versão americana do encontro. Essa turma jovem da internet não marca mais um encontro. Marca um date. É a tumblerização da vida, com um pouco do delicioso imperialismo americano. É utilizada para se referir a qualquer encontro social, seja com o boy, com a/o crush ou com as migas.
Aplicação: “Miga, hoje é o date com o boy. Me deseje sorte”.

Leslie Knope sabe como se preparar para o primeiro date
Crush
Crush é a antiga “quedinha”. Quando uma pessoa está interessada em outra, ela tem um/uma crush. “O” ou “a” crush ainda é apenas um interesse amoroso. Ainda não tem nada rolando, provavelmente uns sexting e uns nudes, mas nada oficial. Não rolou uns beijinhos.
Aplicação: “Miga, hoje o crush postou uma foto muito linda no Insta”.

Seth dizendo pra Summer que sempre teve uma crush nela
Shippar
Ato ou efeito de “juntar” um casal no imaginário popular. É uma expressão um pouco mais antiga, mas que voltou com tudo na internet. É usada para expressar o quanto você gostaria de ver dois personagens de séries, filmes, livros ou do mundo real tendo um relacionamento amoroso.
Aplicação: “Sempre shippei o Chandler e a Monica”.
Sempre shippamos esse casal
Lacrar
Finalmente uma expressão genuinamente brasileira. De vez em quando é bom deixar de lado a apropriação cultural e retornar às nossas raízes.
Lacrar é o ato ou efeito de realizar uma coisa tão incrível que não se pode questionar esse fato. Seja uma resposta em uma discussão, uma foto em que você arrasou no ângulo e na iluminação. Uma frase de efeito. Todas essas situações mostram que você “lacrou’.
Vale lembrar que lacrar é uma atualização do “sambar”, utilizado no longínquo ano de 2012.
Aplicação: “Nossa, miga! Lacrou ao pegar o boy, hein”?

Danny LACRANDO em Game of Thrones
Queria estar morta
O “queria estar morta” é uma citação da cantora Lanna Del Rey durante uma entrevista em 2014. Por ser uma “musa indie” e, naturalmente, “musa das pessoas do tumblr”, a frase foi rapidamente adotada por todos para se expressar em qualquer situação de desânimo.
Diga-se de passagem que é uma frase que se aplica a qualquer situação da vida.
Aplicação: “Dia de pagar contas. Queria estar morta“.

Marion Cotillard sempre quis estar morta
Ai que morte horrível
Não se sabe ao certo quando ou de onde surgiu a expressão “ai que morte horrível”. Sabe-se apenas que a internet brasileira adotou como uma das frases mais usadas em 2014 e 2015.
Pode ser utilizada também em qualquer situação de lamento. Seja como uma palavra de consolo ou simplesmente quando não se tem muito o que falar.
Aplicação: “O date não deu certo, miga? Ai que morte horrível“!
Isso sim é uma morte horrívelUPDATE 1.
Falsiane
Esse guia foi publicado antes da criação e propagação da mais nova expressão que toda a internet ama falar: Falsiane. Até hoje a origem da expressão é um mistério. O termo se popularizou quando a atriz Camila Pitanga começou a aplicá-la em todas as frases de seu twitter.
Falsiane, como você já deve ter percebido, é utilizado quando uma pessoa se passa de boazinha ou de amiguinha mas na verdade quer mesmo é que você se dê mal.
Aplicação: A ex do boy é uma falsiane.
Falsiane rs
Como podemos observar, a internet brasileira atualmente conversa como se fosse um adolescente americano de classe média que passa o dia inteiro no Tumblr. O que não deixa de ser legal, já que a maioria do conteúdo que consumimos é americano e coloca essas palavras em nosso dia a dia como se fosse um grande bombardeio cultural.
Esse guia pode ser atualizado (ou não) conforme as novas expressões adotadas pelos jovens. Fique ligado para manter-se atualizado e não passar vergonha com os amigos!
Até a próxima!
Paulistinha – a nova aposta de Serginho Hondjakoff
Além de eterno nessa Brasília, Serginho Hondjakoff segue em sua busca implacável por um lugar ao sol depois de tanto tempo nas sombras.
Depois de uma breve excursão pela terra da garoa, nosso saudoso Cabeção voltou para o Rio de Janeiro apaixonado por uma paulistinha. Embalado por esse amor, Serginho Hondjakoff e seu parceiro Dino Boyer bolaram um pop-funk zangado narrando a épica saga do carioca que vence as barreiras geográficas e da rivalidade para viver o amor em sua forma plena.
Dino Boyer e Cabeção – Paulistinha
À primeira vista fica claro que o cantor da dupla é Dino Boyer. No clipe, Serginho segue como o protagonista em cena, mas consciente de suas limitações vocais, fica apenas como segunda voz e dominando a tela com todo o seu carisma natural, uma vez que essa balada narra os desdobramentos de sua última viagem a São Paulo.
O tema é delicado, uma vez que a rivalidade entre Rio e São Paulo é latente no dia a dia de seus cidadãos. Mas uma história tão deliciosa assim não poderia passar batida. É quando surge a ideia de bolar um funk:
A paixão provavelmente foi arrebatadora, ao ponto de que um verdadeiro carioca da gema (apesar de ter nascido nos Estados Unidos) ter se apaixonado pelo gingado da paulista. Serginho, um enterneiner nato, mostra como é o gingado que o deixou apaixonado:
O que precisamos entender sobre esse clipe é que ator e personagem se misturam. Vemos um Serginho Hondjakoff maduro em cena, mas não podemos nos esquecer que o protagonista da história é Cabeção, vulgo Arthur Malta. Não sei se isso teria alguma complicação jurídica com a Globo, mas entre o não fazer e o fazer com maestria, nós e a dupla de amigos preferimos ficar com a segunda opção.
O que achamos da coreografia? Nas palavras do próprio Cabeção:
Toda maravilhosa!
Dentre várias lições que podemos tirar com esse clipe e essa música (sendo a principal delas o que não fazer no meio de Copacabana), podemos citar uma estrofe cantada a plenos pulmões por Dino Boyer:
Não tem rivalidade quando o assunto é amor (firmeza)
E em qualquer cidade podemos ser felizes com quem for
Para o amor não existem barreiras geográficas, tecnológicas ou culturais. O amor supera tudo. Só não supera o constrangimento que sentimos com essa coreografia, mas que amamos da mesma forma:
Esse hit pode não ser a versão brasileira de Birdman que tanto esperamos, mas acende uma pequena centelha de esperança no fundo dos nossos corações de que Serginho finalmente consiga se firmar de vez no patamar de grandes astros e estrelas da nossa cultura pop.
Ele tem feito por merecer desde a sua primeira aparição em Malhação e, agora, multi-tarefa como todo artista moderno, envereda pelo difícil mundo da música.
A minha aposta? Começou com o pé direito!
Um pedido sincero de desculpas
Sinceridade é a base de todo e qualquer relacionamento. Sendo assim, vou ser sincero e direto: eu te traí.
É algo imperdoável, eu sei. Ainda mais vindo de mim, que sempre falei que jamais faria algo desse tipo e principalmente com quem foi, já que até pouco tempo atrás ficava criticando e perguntando porque todos estavam falando dessa pessoa.
Mas a curiosidade e a pressão social foram mais fortes e sucumbi. Não consegui manter a minha promessa.
Não estamos no melhor momento do nosso relacionamento. Antigamente, esperava ansiosamente pra te ver e contar as minhas novidades. E eu sempre tinha alguma, mesmo que elas fossem inventadas ao longo do dia ou da semana. Eu me empolgava e adorava estar com você. Tivemos grandes momentos juntos. Muito e inesquecíveis.
Mas aí veio a rotina e com ela a falta de criatividade. Deixamos o relacionamento cair na monotonia do dia a dia. Eu já não te procurava tanto e nem você. Fomos nos afastando aos poucos, mas medrosos demais para dar um fim a isso tudo.
Bom, só posso dizer por mim. Sempre tive e ainda tenho um medo tremendo de te perder. Seria como apagar uma parte enorme da minha vida.
E mesmo assim, eu te traí. E não me orgulho disso.
Foi em um momento de fraqueza. Após comentar com alguns amigos sobre essa novidade que todos estavam falando, recebi muitos incentivos. “Vai lá, experimenta”. “Você vai adorar. É gostosinha demais”. “Você vai recuperar o tesão quando conhecer”.
Sou influenciável. Não aguentei a pressão e acabei cedendo.
Primeiro me apresentei. “Prazer, sou o Rafa Barbosa”. E ela foi extremamente receptiva à minha investida. A casa dela é arrumadinha, bem minimalista. E para a minha surpresa ela já conhecia vários amigos. E me contou algumas histórias deles que ela já havia recomendado.
Mas não fiz nada nesse primeiro encontro. Sou assim: um romântico.
No dia seguinte, infelizmente, veio a fissura. A vontade de conhecer melhor. De chegar às vias de fato.
Quando me dei conta já estava com os dedos onde não deveria. Acariciando freneticamente o teclado em novo post nesse tal de Medium.
Sim, eu te traí com a nova rede social modinha da internet, a tal de Medium.
Te traí e gostei. Mas não rolou a mesma química. Não senti aquele tesão todo que disseram. Foi uma coisa de momento. Uma fraqueza. Pra experimentar, como alguns diriam. E a única coisa que posso fazer no momento é pedir desculpas pelo vacilo.
Sei que você não merecia isso. Um blog como você que acompanhou minha vida, minhas histórias. O meu relacionamento mais duradouro, de quase 9 anos, não pode se sujeitar a esse tipo de situação.
Por isso venho aqui pedir desculpas. Perdão por ter escrito DOIS textos no Medium.
Sei que isso machuca, mas gostaria muito que pudéssemos voltar a ser como antigamente. E prometo trabalhar para que nossa relação seja ainda melhor, caso você me perdoe.
Apesar do deslize, ainda te amo. Você é e sempre será meu blog favorito.
Com amor,
Rafa Barbosa.
Impressoras: seres temperamentais
Imagino que nesses milhões de anos de existência do planeta Terra, nenhum ser vivo conseguiu ser tão temperamental quanto as impressoras. Nem em universos fantásticos como Senhor dos Anéis ou Harry Potter tem-se notícia de criaturas agindo da mesma forma.
É uma verdade universalmente aceita que as impressoras só funcionarão se estiverem com vontade. Não importa quantos tapas, empurrões ou demonstrações brutas de carinho você possa fazer. Se uma impressora não estiver afim de trabalhar, não há nada nesse mundo que a faça mudar de ideia.
Como se não bastasse todo esse temperamento imprevisível, as impressoras são sádicas. Quanto maior a urgência para imprimir alguma coisa, maiores as chances dela emperrar. Ou avisar que a tinta acabou mesmo não tendo sido usada há algumas semanas.
Imagino que nem os gatos sejam tão temperamentais quanto uma impressora. Eles podem não dar a mínima pra você até precisarem de comida ou se sentirem carentes. Mas não espere isso de uma impressora. Ela se alimenta da sua raiva, da sua necessidade de entregar um trabalho feito de última hora. E essa é a comida preferida delas.
É uma guerra de nervos cujo as batalhas você já perdeu antes mesmo de entrar em campo. E para zombar da sua cara de derrotado, elas vão ainda mais fundo e bradam seus gritos de vitória, uma mistura de engrenagens, motores, trilhos, placs, plocs e trocs que mostram de forma clara que ela está funcionando, só não está afim de trabalhar pra você.
Eu tento compreender as impressoras. Estou começando a me entender com a minha depois de 3 anos. Já entendi que ela não gosta de imprimir de primeira. É preciso acariciá-la. Apertar os seus botões com carinho uma, duas, três vezes. Desligar e ligar novamente. Colocar os papeis na medida certa: nem pouquinho nem muito. O suficiente para ela se sentir alimentada.
Aí sim. Depois de cumprir todo esse ritual eu posso enviar o que tiver de imprimir que ela vai cumprir a função pela qual foi comprada.
A nós, meros humanos, resta apenas sabermos que se algum dia as máquinas dominarem o mundo, tenha certeza de que não será a partir de um supercomputador. Será a partir de uma impressora, em algum lugar do mundo, que se cansou de imprimir e resolveu mudar de função.
Uma solução para as reclamações da vida
Uma coisa que observei em todos esses anos participando de uma indústria tão vital quanto a internet, é que as pessoas em sua essência só sabem reclamar. Especificamente, reclamar sobre a vida. Eventualmente reclamam sobre o clima, sobre alguma empresa ou de programas de televisão. Mas no geral, podemos afirmar que 98% da internet deve ter uma vida péssima.
Com um mercado tão abrangente quanto esse, nada melhor que oferecer soluções para quem gosta de “desabafar”.
As pessoas não querem que seus problemas sejam resolvidos. Isso demanda um esforço pessoal que elas simplesmente não estão dispostas a oferece.
Elas querem apenas que alguém escute o quanto a vida está uma droga. O quanto o trabalho não te paga o suficiente. O quanto é frustrada na área de relacionamentos amorosos.
Uma infinidade de reclamações que podem ser solucionadas com um pouquinho de atenção. E é exatamente isso o que pretendo oferecer caso algum investidor aceite bancar a criação de um app revolucionário.
Imagine você e todas as suas reclamações. Agora, vamos acrescentar um aplicativo de celular que com apenas um clique, passe a te dar toda a atenção que você precisa para as suas horas a fio de reclamações.
Expressões como “entendo”, “sim, é complicado”, “vai dar tudo certo” ou “você vai superar” estarão disponíveis por padrão. Para deixar o aplicativo ainda mais eficaz, você pode gravar as suas próprias expressões e frases de apoio e disponibilizar para os seus amigos que terão a oportunidade de fazer o mesmo.
Dessa forma, você estará escutando os seus próprios amigos te dando aquela força nos momentos de maior necessidade e, ao mesmo tempo, ajudando-os da mesma maneira.
É um aplicativo revolucionário do ponto de vista mercadológico. Não existe nada parecido hoje em dia. O mais próximo disso é o Twitter, mas convenhamos que ninguém curte as suas reclamações. A gente só atura pela amizade e pelas amarras sociais que nos impedem de parar de seguir as pessoas por pura educação.
A ideia é disponibilizar o aplicativo gratuitamente e, no futuro, monetizá-lo com mensagens patrocinadas por empresas.
Imagine reclamar da sua operadora de telefonia celular e receber uma mensagem simulando o atendente de telemarketing dizendo frases como “só um minuto, senhor”, “o sistema está lento, senhor”, “não estou entendendo, senhor” e o clássico “o sistema está fora do ar, senhor” seguido de um clique e sinal de ocupado.
Tenho certeza que em até dois anos o aplicativo será rentável e oferecerá retorno aos seus investidores.
Fica aqui a minha sugestão e pedido de investimentos.
Agradeço pela atenção.
Better Call Saul: você precisa assistir
Alerta de possíveis pequenos spoilers.
Foi com certa desconfiança que eu recebi a notícia de que Breaking Bad teria um spin-off. Mesmo sendo focado em um dos melhores personagens da série: Saul Goodman, o advogado de porta de cadeia que “conhece um cara que conhece um cara” interpretado pelo sensacional Bob Odenkirk.
A vida nos ensinou que spin-offs dificilmente são uma boa ideia, mas…
Após os 10 episódios da primeira temporada, posso afirmar com toda a certeza do mundo que Vince Gilligan conseguiu expandir um universo que já conhecíamos e contar uma história completamente nova e independente do que já havia sido estabelecido na saga de Walter White/Heisenberg.
Better Call Saul – o início
Better Call Saul mostra os primeiros anos de carreira do personagem quando ainda se chamava Jimmy McGill e lutava para se firmar como um “respeitável” advogado. Mesmo que para isso tenha que, vez ou outra, apelar para a boa e velha malandragem.
E a primeira temporada trata exatamente disso: a dualidade a qual o personagem sempre esteve exposto. Fazer o certo por meios não muito corretos.
Esqueça o Saul que você conheceu em Breaking Bad. O objetivo aqui é mostrar como ele chegou até aquele ponto.
Para entendermos esse arco completamente, os criadores nos deram um gostinho da vida do advogado mais simpático de Albuquerque após os acontecimentos que encerraram sua participação na série original. Veremos, como em Breaking Bad, a transformação de Jimmy McGill em Saul Goodman.
A série se passa em 2002, portanto não espere ver participações especiais de Jesse Pinkman (que nessa época era só uma criança) ou Walter White (que ainda não tinha câncer e provavelmente estava curtindo sua vidinha pacata como professor de química em uma escola americana).
Somos apresentados a novos personagens, como Chuck, o irmão mais velho de Saul e importante advogado sócio de uma das mais maiores firmas de advocacia da cidade e alguns novos aspirantes a rei do crime, que sabem exatamente o que fazer quando estão em encrenca: Melhor ligar para o Saul.
Mas como não poderia faltar, Vince Gilligan e Peter Gould fizeram um excelente fan service trazendo de volta alguns personagens do universo de Breaking Bad, incluindo ai um dos melhores da série. Falar mais que isso poderia estragar as surpresas, portanto não vou me alongar nessa parte.
Como Breaking Bad elevou o nível de produção das séries e trouxe muitas inovações estéticas, Better Call Saul mantém a mesma pegada de sua antecessora.
Os ângulos de câmera inusitados, a paleta de cores relacionada aos sentimentos e acontecimentos que se vê na tela, as viradas de roteiro que nos fazem quebrar a cara achando que sabíamos o que aconteceria em seguida.
Tá tudo ali, na medida certa entre o novo e o “já testado e aprovado”, mas como algumas novidades que se encaixam perfeitamente com a proposta dessa arriscada empreitada.
É difícil pensar em uma espécie de prequel pra uma série que é considerada a melhor produção da história da TV sem sentir aquele medo de estragar algo que é tão perfeito.
Mas você não precisa ter esse medo com Better Call Saul. A Netflix e a AMC acertaram em cheio ao apostar todas as fichas no carisma do personagem e do ator Bob Odenkirk.
Better Call Saul tem drama, humor, suspense e momentos de tensão na medida certa.
Tem uma história completamente independente de Breaking Bad que acrescenta e muito ao que já tivemos a oportunidade de ver e trás novidades para um personagem que de simples coadjuvante, saltou para protagonista de sua própria série.
Better Call Saul, na minha opinião, poderia ser comparada com Breaking Bad em apenas um ponto: é a história de como uma pessoa se transforma ao longo da vida para se adaptar às situações a qual é exposta e como as demais pessoas ao seu redor influenciam nesse processo.
É o processo de transformação de Jimmy McGill em Saul Goodman.
O melhor de tudo, é que trata-se uma obra independente. Você não precisa ter assistido Breaking Bad para gostar e muito menos para entender. E isso é uma das maiores qualidades de Better Call Saul.
A primeira temporada completa está disponível na Netflix.
Frogman (Ou a inesperada virtude do Sapinhow)
Frogman (Ou a inesperada virtude do Sapinhow) narra a história inusitada de um famoso ator no início dos anos 2000 que caiu no ostracismo, porém aposta todas as fichas em uma peça de teatro para mostrar que sim, ele é talentoso e foi subestimado pela crítica especializada brasileira.
Ator e personagem confundem-se nesse delicioso drama com pitadas de comédia. Serginho Hondjakoff interpreta a si mesmo, ou assim poderíamos dizer. Sucesso como o divertido e atrapalhado Cabeção na novelinha global Malhação e esquecido pela mídia logo em seguida, Hondjakoff prova-se em um papel difícil e nos ganha pelo seu carisma e competência habitual, superando o estigma de ator que funciona apenas no cinema blockbuster.
Na película, Serginho interpreta Reginaldo (Regin), um ator de grande sucesso e popularidade nos anos 2000 graças a um adorado personagem que interpretou ao longo de sua adolescência em um famoso programa de TV.
No ar por cinco anos, Regin viu tudo desmoronar ao não ser chamado para nenhuma outra produção após a ascendência meteórica de sua carreira. Deixou de estampar capas de revistas, comerciais em horário nobre e viu-se como motivo de chacota na internet por causa de um vídeo em um momento regado a muito álcool e diversão.
Ladeira abaixo por quase 10 anos, Reginaldo resolve se reinventar e mostrar ao público que muito mais que uma celebridade juvenil do passado, ele tem talento e carisma o suficiente para escrever, dirigir e interpretar o personagem principal de uma ousada peça de teatro.
Vítima do descrédito da crítica especializada e dos trâmites burocráticos da lei Rouanet, Regin resolve apelar para os seus amigos de outrora em busca da realização desse sonho.
A partir daí acompanhamos a sua determinada e empolgante jornada na produção da peça. Desde a contratação de seu parceiro na novelinha que hoje em dia é um dos galãs mais requisitados da televisão e cinema brasileiros até o seu caso de amor mal resolvido com uma atriz que guarda um grande segredo do passado.
Dirigido por Jorge Fernando, o filme tem tudo para ser um dos grandes destaques dos festivais brasileiros, em especial o de Gramados com vistas aos grandes prêmios do circuito independente.
Saímos do cinema com um misto de emoções. Para nós que crescemos admirando, rindo e acompanhando a derrocada na carreira dessa instituição da TV brasileira chamada Serginho Hondjakoff, ver a sua ascensão como uma fênix do entretenimento nos deixa um pouco mais esperançosos na capacidade do ser humano de ainda nos surpreender ao produzir um filme tocante e ao mesmo tempo fascinante.
Resenha baseada nesse tweet do @JoãoLuisJr.
Chromecast parou de funcionar Vivo- Tutorial e solução
Seu Chromecast parou de funcionar? Veja aqui como resolver esse problema.
Se o seu Chromecast parou de funcionar VIVO, pode continuar lendo este artigo pois ele vai te ajudar a resolver esse problema.
Vem comigo.
Recentemente comprei um Chromecast, que posso dizer com toda a certeza do mundo que é uma das maiores invenções do século XXI.
É a ferramenta de “streaming” do Google que transforma qualquer televisão com uma entrada HDMI em uma smart TV com a ajuda de um celular/tablet Android/Iphone.