Já tentei ser jogador de futebol, físico nuclear, cientista da computação e famoso. Terminei formado em publicidade e escrevendo em um blog sobre a minha vida. Isso, meus amigos, é o que eu chamo de sucesso.

10 anos de vida desse blog

Hoje esse blog completa 10 anos de vida. Se me perguntassem lá atrás, em 2006, como eu me via no futuro, minha resposta dificilmente seria “escrevendo o post de aniversário do Sem Título Ainda”.

Eu provavelmente diria algo como “curtindo o meu primeiro milhão em algum lugar paradisíaco rodeado de gatas, bons drinks e notas de cem dólares”. Afinal, quando criei o blog, vivíamos a era de ouro da blogosfera, mesmo que ganhar dinheiro com o blog não tenha sido nem de longe o meu objetivo.

Eu falhei miseravelmente em conquistar o meu primeiro milhão, mas nunca desisti desse espaço. Não dei o braço a torcer para todas as novas tendências que vieram depois.

O Twitter não matou o meu blog. As fanpages do Facebook não mataram o meu blog. O Youtube e seus vlogs não mataram o meu blog. E hoje, apesar de estar publicando mais lá do que aqui, o Medium não irá matar o meu blog.

Enquanto a maioria dos meus amigos da blogosfera seguiram todas essas tendências, migrando seus conteúdos para outras mídias ou simplesmente abandonando esse “ofício”, eu continuei firme e forte por essas bandas.

Transformei o gosto por blogar em profissão. Ganho pouquíssimo ou quase nenhum dinheiro com esse blog. Jamais daria pra me sustentar apenas com o que esse espaço rende, mas graças a ele, hoje tenho uma profissão.

Graças a esse blog e o ~universo da blogosfera~, fiz amigos incríveis. Muitos deles que levarei para o resto da vida. Tem aqueles que se tornaram amigos também no mundo real e outros que mantenho contato frequente através da internet.

Esse foi o maior lucro que esse blog me rendeu.

Se já pensei em desistir? Claro. Manter qualquer coisa por amor é difícil. Mas esse blog é como se fosse meu filho, e um pai jamais desistiria da prole se tivesse o mínimo de condições para sustentá-la.

Por essas páginas já passaram dezenas de histórias da minha vida. Dá pra ver através do histórico o quanto eu evoluí como pessoa.

Apaguei alguns posts escritos há mais tempo, que hoje em dia não condizem em nada com o que eu penso. Alguns ainda estão por ai, servindo de exemplo de como podemos melhorar com o passar dos anos.

Meu blog é praticamente um diário. Centenas de posts totalmente “biográficos”. É a minha história contada pelo meu próprio ponto de vista ao longo de dez anos.

Minhas derrotas, minhas conquistas, minhas desilusões. Tem de tudo um pouco.

É esse tipo de memória afetiva que me faz manter o domínio e a hospedagem. É coisa demais pra apagar de uma hora pra outra.

Nesse aniversário do antigo Sem Título Ainda e atual Rafa Barbosa.com, gostaria de deixar aqui apenas o meu agradecimento a todos os que passaram pela minha vida nesses últimos dez anos.

Os que me ajudaram com as minhas dúvidas, com dicas, com links da semana, com parcerias e até mesmo com as famigeradas tretas de internet.

Obrigado. De verdade. Os dez anos desse blog não teriam a menor graça se não fosse por vocês.

Espero estar vivo para fazer o post de vinte anos. A não ser, é claro, que surja uma nova plataforma que irá matar os blogs.

Sei que dificilmente os blogs voltarão a ser o que eram há dez anos.

Como trabalho com isso, sei que hoje em dia a principal função do blog é fazer parte do “mix de marketing digital”. Serve pra gerar leads, fazer inbound marketing, máquina de vendas e todas essas estratégias que a gente já sabe.

Mas esse aqui continuará sendo o meu diário virtual. Textinhos bestas e pessoais, que vez ou outra terão um bannerzinho pra bancar o hambúrguer do final de semana.

Pode ser que um dia as coisas fiquem complicadas demais pra mantê-lo em uma hospedagem, mas farei o melhor pra continuar em algum outro lugar.

Eu amo esse blog e vou protegê-lo.

Por

Continue Lendo

Latino e o Brasil que deu certo

Latino vestido de Batman

Vivemos uma das fases mais agitadas politicamente na história da nossa jovem democracia. Desde 2013, o brasileiro decidiu ir às ruas demonstrar a sua indignação. Seja para se manifestar contra o aumento das passagens de transporte público ou contra a corrupção, ficou claro uma coisa: o gigante acordou!

Você pode não concordar com as pautas (confesso que bastante confusas em alguns casos) reivindicadas, mas é inegável o direito à manifestação. Porém, como pudemos perceber ao longo da história do nosso país, para que a mudança seja de fato realizada, precisamos de uma liderança clara, com objetivos definidos, personificada em um líder carismático.

Nesse cenário também, muito tem se falado na eminência de um golpe no país. Com a instabilidade política e econômica, faz-se o cenário ideal para o surgimento de uma liderança política apoiada em valores retrógrados, semelhante às ditaduras militares que dominaram a América Latina nos anos 60.

É preciso alguém disposto a lutar contra essa possibilidade. Alguém que encarne os ideais democráticos e progressistas necessários para o amadurecimento do país.

Não há a menor dúvida que, nesse momento, a pessoa que mais se aproxima do líder que precisamos para levar a revolução do amor e da festa adiante é, ninguém menos, que o maior show man do Brasil: Latino.

Assumindo o manto que um dia foi de Chico Buarque, Geraldo Vandré e outros, o cantor entende o seu papel como brasileiro e manifestou seu desejo de ser essa liderança essencial em um momento tão conturbado:

Latino sobre as manifestações

Latino sobre as manifestações

O primeiro passo já foi dado. Mantendo a sua característica de antecipar tendências musicais criando hits que grudam em nossas cabeças como chiclete, Latino já escreveu, produziu e gravou o que pode ser considerado o hino das manifestações: O Gigante.

Dê o play e cantemos juntos:

Amarra, amarra, amarra que é tudo nosso
Amarra, amarra, amarra que é tudo nosso
Amarra, amarra, amarra que é tudo nosso
Amarra, amarra, amarra que é tudo nosso

Eu não sei vocês, mas eu fico arrepiado quando essa música começa a tocar. Sou tomado por uma necessidade de sair ás ruas pedindo por um país melhor.

Torçamos para que nos próximos meses Latino seja aquele que estará diante de milhões de brasileiros puxando o grito de revolta de uma população, com muita cerva gelada, paquera e animação.

Quem gostou faz um “mucado” de barulho aí, por favor.

Por

Continue Lendo

Recaída

muffin

Quando anunciaram o reencontro, sentiu-se na obrigação de se preparar física e psicologicamente para aquele momento. Havia alguns anos que não se encontravam e temia não suportar toda a carga emocional desse tipo de situação.

Ele mudara bastante desde a última vez que se viram. Entrou para a academia e perdeu peso. Estava visivelmente mais magro e com a autoestima elevada. Também mudou o corte de cabelo, que agora era mais moderno e fazia um belo conjunto com a barba. Estava diferente, mas ainda poderia ser reconhecido com facilidade.

O último encontro foi a gota d’água. O ponto de mudança. Bastou quarenta minutos para que se sentisse mal e refletisse sobre toda a sua vida até aquele momento. Resolveu encerrar ali mesmo uma relação que já durava anos.

Na segunda-feira da semana seguinte estariam frente a frente novamente. Queria mostrar que seguiu adiante, que a vida melhorou e que apesar de ter sido importante, ele havia superado e hoje em dia era uma pessoa melhor.

A ansiedade fez com que a semana passasse lentamente. Os dias pareciam ter quarenta e oito horas, mas a segunda-feira chegou e com ela a oportunidade de redenção.

Acordou bem disposto. Fizera questão de dormir cedo na noite anterior. O café da manhã foi leve, apenas algumas fatias de ricota e uma maçã, já que não queria correr o risco de passar mal e trazer de volta todas as péssimas memórias do último encontro.

Escolheu uma roupa confortável, pois sabia que esse tipo de situação o fazia suar e sentir-se sufocado após alguns minutos. Uma calça mais larga e uma camiseta básica seriam o suficiente para manter o conforto e a autoestima elevada.

Saiu para o trabalho acompanhado pela ansiedade.

O relógio do celular marcava meio-dia e dezessete quando recebeu uma mensagem no Whatsapp. Apenas cinco palavras e um emoji: “já estou aqui na portaria ;)”.

Levantou-se, colocou a carteira no bolso de trás, olhou mais uma vez a tela do celular, respirou fundo e desceu de elevador.

Ela estava radiante como sempre. Cumprimentaram-se e ela elogiou a sua nova forma física. Gostou do corte de cabelo e disse que a barba deu um toque de maturidade. Era bom não ter mais aquela carinha de criança. Ele agradeceu e seguiram para o almoço.

Ao se aproximar do restaurante ele sentiu a perna direita fraquejar. Uma tremida de leve. As mãos começaram a suar e a garganta secou imediatamente.

Apesar de toda a preparação para esse momento, o nervosismo veio de uma vez.

Ela perguntou onde gostaria de se sentar e ele respondeu gaguejando um pouco. Optaram por uma mesa na varanda do restaurante, com vista para o vale que se estendia por trás dos prédios. Apesar de ser um centro comercial, ainda havia muita área verde ao redor.

Nem isso ajudou no nervosismo.

Ele sabia que o momento da verdade estava chegando. Era hora de fazer o seu prato no self-service.

Há 2 anos, nesse mesmo restaurante e com 35 quilos a mais, ele fizera uma refeição que só não foi fatal por ter um hospital logo em frente.

Não tinha pudores na hora de comer no restaurante self-service. Misturava lasanha com churrasco e strogonoff com feijão. Era um contestador e certa vez mostrou que duas mangas e dois copos de leite não fariam mal a ninguém. You only live once, dizia aquela música.

Gostava de comer bem. Exageradamente bem. O que não queria dizer, necessariamente, que era saudável.

Os amigos do trabalho faziam um bolão diário tentando adivinhar o peso e o valor de seu prato. Ele ria. Especialmente quando as apostas batiam a casa do quilo e dos R$ 35.

Mas o seu próprio corpo resolveu tomar providências contra esse relacionamento abusivo que já durava alguns anos.

Naquele dia comeu tanto que passou mal. Não conseguia respirar e sentia o coração bater mais forte a cada segundo. As pernas formigaram e a garganta ficou estreita com aquele movimento com o qual ela não estava acostumada. Vomitou ali mesmo.

Uma mistura de escondidinho de carne com pedaços de linguiça e purê de abóbora moranga. Se você observasse bem de perto, poderia até achar que tinha sangue, mas na verdade era beterraba. E milho. E há quem jure de pés juntos que tinha até uma azeitona inteira.

Quando todo mundo pensou que havia terminado, uma segunda rodada de Coca-Cola e churrasco mastigado fez o caminho inverso do sistema digestório. Ele soube naquele instante como uma garrafa de Coca-Cola Diet se sentia ao entrar em contato com um Mentos.

Foi um verdadeiro vexame.

Seu corpo gritou para todo mundo ouvir que não aguentava mais tanta comida. Ele tinha que escolher: ou ele tomava um rumo na vida ou não poderia fazer planos para nada além de 10 anos.

Ele escolheu abrir mão da comida. Aquele relacionamento terminou ali mesmo, na frente de todo mundo, com ele caído no chão do restaurante. O retrato ideal da derrota.

E lá estava ele de volta naquele lugar.

Dizem que as pessoas sempre tem uma recaída quando vêem um ex. No caso dele, a recaída foi por causa da feijoada. Há quanto tempo ele não comia uma feijoada? Sentia saudades do cheiro, do sabor e da textura.

A química dos dois ainda era perfeita apesar do tempo e do novo estilo de vida, mas nada mais importava.

Não se conteve. Traiu ali mesmo, na frente da melhor amiga e de todo o restaurante.

Por

Continue Lendo

O Medium tem o segredo do sucesso e da felicidade

sucesso

Já tem alguns meses que o Medium se tornou a minha porta de entrada para a internet. Começo os dias lendo o “Daily Digest” que me enviam pelo e-mail, além das newsletters das publicações que sigo, reunindo os principais posts da semana.

Meu foco no Medium são os textos de escrita criativa, comunicação e cultura digital, design, criatividade e alguns relacionados a produtividade. Alguns artigos são categorizados nesses temas mas poderiam muito bem fazer parte da categoria que chamamos por aqui de autoajuda.

Lá ela se chama “Life Lessons”.

Esses textos me fizeram ter a impressão de que, aparentemente, os autores do Medium são os mais bem sucedidos seres humanos da história.

Eles largaram seus empregos para encontrar a felicidade nas coisas simples da vida, como morar em um bangalô orgânico no sudoeste da ilha de Mali enquanto gerenciam seus negócios remotamente após uma boa sessão de surf matinal.

Seguindo quase a mesma linha, existem as pessoas que largaram tudo pra viver viajando. E como essa sensação de liberdade pode ser recompensadora, desde que você: a) já seja rico e possa se dar ao luxo de largar tudo e viajar ou b) tenha quem te “dê cobertura” caso algo não saia como o planejado.

Tem também as pessoas que abriram startups que cresceram 2.568% em apenas quatro meses sem ter um produto sequer a oferecer, somente uma landing page e um bom networking.

No Medium, pudemos acompanhar a ascensão dos novos gurus do empreendedorismo, que pregam de forma quase religiosa que se você não é um empreendedor, sua vida está fadada ao fracasso. Que você jamais encontrará o sucesso profissional e a felicidade plena.

Para entrar nesse clube, você não pode ser uma pessoa física. Tem que ter CNPJ e saber o significado de siglas como M.E.I ou o que é pitch. Assim como Deus, o empreendedorismo é o caminho, a verdade e a luz. Vinde a mim aqueles que desejam sucesso.

sucesso

novos gurus do sucesso

Inclusive, abro um parêntese aqui para indicar um texto excelente publicado no Medium: “Por que a indústria do empreendedorismo de palco irá destruir você”.

Além disso, temos também os tratados psicológicos que tentam nos explicar de forma didática, mas sem conter explicação alguma, por que os millenials ou a geração Y estão tão infelizes na vida e nas carreiras.

Posso explicar de forma ainda mais didática: fico infeliz quando leio esses textos.

Eu sei que o conteúdo que consumimos depende dos filtros e das nossas preferências, especialmente daquilo que recomendamos, mas fica difícil escapar desses textos, uma vez que eles estão sempre entre os mais recomendados do dia justamente por ter essa filosofia barata e fácil de engolir.

É claro que isso não será o suficiente pra me tirar daquela rede social. Apesar de existir essa cidade das pessoas felizes e realizadas, ainda tem aqueles que estão apenas compartilhando suas histórias de ficção ou dando dicas realmente práticas para melhorar a sua produtividade.

Acho que eu gosto do Medium por me lembrar justamente como eram os blogs quando entrei nesse mundo.

Só me sinto um pouco deslocado ás vezes por não ser uma pessoa tão bem sucedida como os autores de lá. Mas tenho certeza que é só começar a empreender e poderei fazer parte dessa turma enquanto escrevo da minha cabana na Tailândia.

Por

Continue Lendo

A greve dos sonhos

apanhador de sonhos

Em assembleia realizada na última quarta-feira, o Sindicato dos Sonhos anunciou estado de greve geral a partir da próxima semana.

É isso mesmo o que você está lendo: os sonhos estarão de greve por tempo indeterminado.

Uma das causas que o sindicato reivindica é a falta de uma jornada de trabalho que contemple pelo menos um dia de folga.

Desde o surgimento da humanidade, os sonhos trabalham diariamente, sem descanso, em jornadas duplas ou triplas, atendendo às pessoas que sonham durante a noite, sonham durante o dia e até mesmo aquelas que sonham acordadas.

Além disso, o sindicato também exige reconhecimento por parte da população.

“Ele é um sonhador, vocês gostam de dizer. Mas se não fosse por nós, ele não seria nada. E aí o crédito vai pra quem? Vai para a pessoa que só teve o esforço de se deitar numa cama e fechar os olhos enquanto euzinho aqui ralo a noite toda para proporcionar esses sonhos incríveis”, disse o presidente do sindicato em meio aos gritos de aprovação.

As consequências dessa greve podem ser desastrosas para a humanidade. Em toda a sua história, essa é a primeira vez que os sonhos aderem a uma paralização geral.

Governos ao redor do mundo discutem o que fazer durante esse período, já que não existe nenhum plano de contingência ou registro histórico que os ajude a enfrentar essa situação.

Os pais mais preocupados já se perguntam o que dirão aos seus filhos quando eles acordarem de manhã e perceberem que não existem mais sonhos.

A humanidade prepara-se para um dos momentos mais sombrios de sua existência. As consequências de uma sociedade sem sonhos podem ser desastrosas.

Especialistas afirmam que os sonhos foram os principais responsáveis pela evolução da humanidade. Eram eles que, enquanto realizavam o seu trabalho dia e noite, impulsionavam as pessoas em busca da realização.

Foi com a frase “Eu tenho um sonho” que o pastor Martin Luther King começou o seu discurso mais famoso.

O que motivará as pessoas? O que as impulsionará no dia seguinte para que possam “buscar meios de realizar os sonhos”? É a grande pergunta que todos tem se feito desde o anúncio da greve.

Um mundo sem sonhos é algo inimaginável até mesmo em nossos piores pesadelos.

Por

Continue Lendo

× Fechar