Profissão Colírio

Escrito por Arquivo


Um casal bonito.

Antigamente, quando a humanidade ainda era, de certa forma, uma espécie que merecia crédito, os pais incentivavam os seus filhos a freqüentarem a escola com o simples objetivo de conquistar o título de “doutor”. Representava status, boas oportunidades de matrimônio e muito dinheiro no bolso.

O tempo passou um pouquinho e ser doutor já não era tão importante assim. O mundo descobriu o computador e a escolas de informática, o curso de montagem e manutenção. Nascia aí uma geração carinhosamente apelidada de “Geração Y”, uma pegada bem X-Men que representa toda essa juventude saudável e maluca que adora trabalhar com tecnologia.

Os pais, que de bobo não tem nada, resolveram investir nos estudos dos filhos voltando-se para essa área, que, diga-se de passagem, é bastante promissora. A humanidade, ainda digna de algum crédito caminhava para o inevitável fim.

Então chegamos aos tempos atuais. Influência da internet e da televisão. Os adolescentes ganhando formas de entretenimento cada vez mais imbecis. Eis que, no ápice da decadência da sociedade humana moderna, surge uma nova “profissão” e objetivo de vida que empenha milhares de jovens em busca de seu lugar ao sol.

Nos anos 2000 fomos apresentados aos Colírios da Capricho. Criaturas místicas dotadas de grande beleza, porém com déficit de massa encefálica e, em alguns casos, falta de estilo próprio.

Antes, quem queria ser publicitário, médico, advogado e até, pasmem, jornalista, descobriu a vertente dos colírios. Um ramo de atividade onde as mulheres são fácies, o Milk-shake é gratuito e os óculos Wayfarer são vendidos em sabores sortidos.

Hoje em dia todo garoto que se preze tenta conseguir um post no blog dos Colírios ou simplesmente ser citado, de alguma forma, pela santíssima trindade dessa profissão: Eduardo Surita, Federico Devito e Caíque Nogueira.

O problema é que, da mesma forma que existem os bons profissionais, também existem os medíocres. No caso dos colírios, o posto supremo pertence a essas três fofuras cremosas. Abaixo deles existe uma infinidade de garotos que “vivem” de participar de festas em boates sub-12 e tirar fotos com garotas em fase de descoberta sexual, onde um simples abraço pode umedecer várias camadas de tecido.

É uma vida fácil, admito. Quem não gostaria de ter que ficar abraçando e tirando foto sem camisa em frente ao espelho o dia todo? Eu adoraria, obviamente, se o meu intelecto e, porque não, a minha constituição física me permitissem.

Se eu pudesse traçar uma linha divisória na minha vida seria o momento em que decidi estudar ao invés de malhar. Não consegui garotas nem músculos, mas, bom, pelo menos eu sei quem é Tom Bombadil e como termina a saga de Luke Skywalker.

Eu não tenho nada contra esse pessoal. Muito pelo contrário, enxergo uma grande oportunidade de negócios, pois temos uma infinidade de garotas doidas por um tiquinho de atenção desses rapazes e, os mesmos, com milhares de seguidores no Twitter, perfis lotados no Orkut e uma certa influência nas mídias sociais. Nada muito profundo, mas, ainda sim, dá pra faturar uma grana com essa turma. E é isso que importa.

De mais, vou parando por aqui. Já estava mais do que na hora de dar o meu pitaco sobre esse novo espécime terrestre. Recomendo a leitura desse artigo científico elaborado pelo meu grande amigo Lucas Guedes (sempre competente nos assuntos relacionados à juventude) que analisa de forma profunda e contundente essa espécie e dá algumas dicas sobre como se tornar um Colírio. Imperdível.