Big Apple Burger – A grande maçã do Applebee’s
Sempre me orgulhei de ser o tipo de pessoa que não pensa duas vezes antes de encarar um desafio alimentício como o Big Apple Burger. Não é a toa que passei a maior parte da minha vida adulta acima do peso. Bem acima do peso, é bom reforçar.
Se você me chama pra encarar uma feijoada, pode ter certeza invocarei o espírito espartano dentro de mim e, como um bom guerreiro estarei ao seu lado na parede de escudos durante uma batalha entre homem e comida.
Da mesma forma que os espartanos tinham fome de guerra, eu tenho fome de comida. Sou um natural food killer.
Em 2013 passei por um processo de emagrecimento e cheguei até a ficar bem em forma. Mas velhos hábitos nunca morrem e em menos de um ano já estou aqui novamente descrevendo as minhas aventuras alimentícias.
Não posso negar que isso faz parte de quem eu sou, do meu caráter. E eu estava me sentindo bem ingerindo toda a sorte de gorduras e carboidratos que só as melhores comidas podem oferecer.
Até ontem.
Fui ao cinema com a cônjuge e após assistir a uma decepcionante história de amor (50 Tons de Cinza), resolvi que deveria me auto-recompensar com uma refeição digna da frustração com o filme. Fomos ao Applebee’s.
O Applebee’s é uma dessas steakhouses americanas que chegam ao Brasil e fazem um sucesso enorme. O tipo de lugar que você leva uma gata ou chama os amigos para comemorar o aniversário porque parece legal.
As comidas lembram os petiscos das séries americanas com as quais você passou a maior parte da adolescência. Você se sente em um episódio de Friend’s ou How I Met Your Mother. É o mais próximo que você vai chegar disso.
Como sou um verdadeiro influenciado por esse tipo de coisa, resolvi optar por esse estabelecimento.
O Applebee’s é basicamente um Outback com uma pegada mais americana. Bem “No Pique de Nova York”, como diriam as gêmeas Olsen. Como já estava nessa vibe, resolvi encarar um típico hambúrguer da terra do Tio Sam.
Encarando o Big Apple Burger
Como bom gordo, ignorei solenemente todas as outras opções do cardápio e fui no mais caro – o que pela lógica americana/capitalista é sempre o maior. Escolhi o Big Apple Burger, essa delicia da foto abaixo:
Essa foto não faz jus ao verdadeiro Big Apple Burger. Até então eu nunca tinha comido esse sanduíche e no cardápio ele não parecia tão monstruoso.
Até que chegou o pedido do casal que estava sentado à nossa frente e fui tomado por um misto de choque e desespero.
Nas fotos do cardápio estava faltando um detalhe crucial: todos esses ingredientes vem firmemente presos com uma faca em cima.
Não é um palitinho ou um saquinho de papel. É preciso uma maldita faca pra segurar toda essa montanha de carne, bacon, queijo e verduras diversas nesse prato.
O sanduíche era uma pedra, a faca, Excalibur e eu era um maldito aspirante a Rei Arthur.
Era um desafio à altura do bom e velho Rafa Barbosa, aquele cara que não nega uma boa orgia alimentar.
Pensei que não seria um problema, já que eu havia apenas almoçado. E como já era quase 21h, meu organismo já estava mais que necessitado de uma boa dose de gordura, carboidratos e calorias necessárias para manter o bom funcionamento.
Alguns minutos depois foi a vez do nosso pedido chegar. Percebi que fui arrogante perante os deuses da comida e sobre a grandiosidade do Big Apple Burger.
Demonstrei que não possuía a linhagem dos antigos reis, como Arthur, e fui penalizado com algo que até então era inimaginável para a minha pessoa.
Eu não sabia por onde começar a comer o monstro. Eu não tinha mãos suficiente para segurar esses quase 1 quilo de comida. E tomado por um inusitado senso de humildade, recorri ao artifício dos fracos: comi um hambúrguer de garfo e faca.
Engoli o orgulho (com trocadilho) humildemente e comi essa obra-prima da culinária americana de garfo e faca. Mesmo utilizando dessa técnica rudimentar, ainda assim tive dificuldades em mandar essa bomba calórica pra dentro.
Fui devagar, comendo aos poucos e lubrificando o esôfago com a ajuda de um refil de Pepsi. Uma vez que nem a Coca-Cola era digna de competição contra o Big Apple Burger.
Não desisti. Eu já estava tendo uma lição de humildade ao não ter a coordenação motora necessária para esse desafio, me restava apenas não passar uma vergonha completa abandonando tudo no prato.
Com garfadas obstinadas, concluí o objetivo quase meia hora depois, sentindo que aquela aventura gustativa havia cobrado um preço. Tenho certeza que sacrifiquei 5 anos da minha vida e pelo menos duas artérias que agora estão entupidas de bacon, queijo e muito molho.
Abaixo, um registro real desse evento histórico: o meu encontro com o Big Apple Burger.
Até agora estou digerindo esse sanduíche, mais de 24 horas depois.
The Champions
Não via um vídeo tão incrível há muito tempo. Se oferecessem essa modalidade na academia, pode ter certeza que eu estaria com a matrícula em dia.
Um amigo morreu
Um amigo meu morreu.
Na verdade já havia algum tempo que a gente não se falava, mas como tinha ele adicionado em meu Facebook acompanhava com frequência a “vida” dele pela timeline.
Um amigo morreu.
É sempre um choque quando você recebe esse tipo de notícia, principalmente quando ele tem a sua idade. O que é estranho, pois você percebe que está chegando naquele momento da vida em que os seus amigos ou conhecidos/colegas começam a morrer. E isso assusta pra caramba.
Durante toda a minha época de escola e faculdade nunca havia passado por essa experiência de perder um amigo. Alguém que você convive com frequência. É diferente de perder uma avó, por exemplo. Por mais que seja algo extremamente triste, é uma pessoa “velha” que está chegando ao fim da vida. Então de alguma forma você se consola dizendo que isso é normal.
Mas nunca será normal ver alguém da sua idade morrendo, quando você ainda não é um “velho”.
Esse não é o primeiro amigo ou conhecido da minha idade ou mais novo que morre. Uma colega de escola e dois garotos que cresceram comigo. Não eram muito adeptos das redes sociais, então não tinha tanto contato com eles. Não fiquei tão abalado quanto agora.
Num dia a pessoa posta uma foto aproveitando a praia com amigos, esposa e família e no outro você recebe a notícia de que algumas horas após aquele momento que você “curtiu”, a vida daquela pessoa chegou ao fim de uma forma trágica.
Isso te faz pensar um pouco. Principalmente em como você tem aproveitado os momentos que tem ao lado das pessoas que você gosta. Eu espero que ele tenha aproveitado esses momentos. Que tenha, de alguma forma, dito um último “eu te amo” para a esposa, para a filha e para os pais.
Um amigo morreu.
E isso é triste pra caralho.
Recomeçar
Como todo bom filme das décadas passadas, chega uma hora em que precisamos dar um reboot nos clássicos e repaginá-los para as novas gerações, adaptando as situações, os personagens, as locações e acima de tudo mantendo a essência de toda aquela história.
Chegou o momento de fazer isso com o meu blog.
Posso dizer sem a menor hesitação que o Sem Título Ainda contém uma parte importantíssima da minha vida. Aliás, várias partes importantíssimas da minha vida, pois escrevi de 2006 a 2014 naquele pedaço de papel virtual.
Um dia de tédio que se tornou um blog. Um blog que se tornou um meio de conhecer pessoas legais incríveis de vários cantos do país. Um blog que se tornou um meio de ganhar dinheiro. Enfim, um blog que eu não posso simplesmente apagar e perder 8 anos histórias que formaram o meu caráter.
Mas chegou a hora de finalmente dar um título ao Sem Título Ainda. Se até o Atlético Mineiro ganhou títulos inéditos nos últimos dois anos, não seria esse marco fundamental da internet mineira que continuaria sem um nome adequado.
Agora o blog pode ser encontrado no link https://rafabarbosa.com/category/arquivo/.
A partir de hoje esse passa a ser o blog Rafa Barbosa. Voltarei totalmente para aquela pegada antiga e gostosa (hum) de posts autorais e pessoais, sem nenhum compromisso em estar bem posicionado no Google ou coisas do tipo.
Voltarei às origens, quando qualquer coisa diferente do meu dia a dia era motivo para um post. Algo que realmente valesse a pena escrever, por mais trivial que seja. Pode ser que esteja fazendo um resgate daquela velha blogosfera que me encantou quando comecei a dar os primeiros passos na internet.
Não sei se escreverei com grande frequência, mas farei o meu melhor para isso aqui não se tornar apenas uma sala vazia.
Agradeço a todos pela companhia no antigo blog e dou as boas vindas àqueles que estão chegando agora. Não reparem na bagunça, é tudo muito novo aqui e ainda estou ajeitando a casa.
Se quiser um cafezinho, fique a vontade.
Volto daqui a pouco.
A incrível geração de homens criados pelas avós
Às vezes me flagro imaginando uma mulher hipotética que descreva assim o homem dos seus sonhos:
“Ele tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada com as últimas novidades da Lacoste e da Abercrombie. Os pés devem ter calos e bolhas porque ele teve que andar de ônibus na semana passada e não está acostumado a isso.
Ele deve ser independente e fazer o que ele bem entende com a própria mesada: comprar um pullover, contribuir com uma doação para a Vakinha do amigo que quer um PS4, viajar sozinho para Porto Seguro com a turma de formandos do curso de Administração. Precisa dirigir bem o Zafira da avó e entender de impostos cobrados pelas compras no Alliexpress.
Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em pedir para a dona Neide fazer um strogonoff vegetariano. Não precisa ser sarado, porque não dá tempo de fazer tudo o que ele faz e malhar. Na verdade, dá sim. Acredito até que passa mais tempo malhando que fazendo outras coisas.
Mas acima de tudo: ele tem que ser seguro de si e não querer depender de ninguém, por mais que seja impossível cogitar sair de casa e dos braços da avó Zuleika, que sempre deu os melhores presentes. Na verdade, sempre foi assim: as melhores comidas eram da Vó Neide e os melhores presentes da Vó Zuleika”.
Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhuma mulher. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteiro aqui, na luta.
Com todas as qualidades citadas acima, como pode um cara como eu ainda não ter arranjado uma namorada? Venho pensando na incrível dissonância entre a criação que nós, meninos e jovens rapazes criados com todo amor e carinho pelas avós, recebemos e a expectativa da maioria das meninas, jovens mulheres, mulheres e velhas mulheres.
O que as nossas vovós esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que elas esperam de nós?
Somos a geração que foi criada para ganhar o XBOX ou Playstation mais recente. Para ganhar o primeiro carro ao passar no vestibular. Incentivados a estudar, trabalhar na empresa do pai, viajar para a Disney e, acima de tudo, construir a nossa independência no mesmo condomínio que os nossos pais.
Mas não avisaram isso para as mulheres. Para nenhuma delas. Perdeu-se o encanto e o charme que rapazes com a nossa criação causavam. Hoje em dia, com essa onda de independência, deixamos de ser os melhores partidos da cidade.
É uma pena.
E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando as mulheres. Não. A culpa não é exatametne delas. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida dos meninos criados pela avó.
No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de um homem. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos para ganhar o mundo (e também um Xbox One). Agora é o mundo que tem que se virar pra ganhar a gente de volta.
A pizza na minha vida
Uma das melhores recordações que tenho são as que remetem à minha infância. Lembrar dos tempos em que as coisas eram mais simples, da riqueza das brincadeiras e das descobertas, das primeiras experiências, amores e de tudo aquilo que hoje me faz ser o que eu sou, me traz uma sensação de paz. Pois aqueles eram tempos difíceis, na maioria das vezes, e entre “bullys” que tinham 16 anos na quarta-série com passagem na polícia e milhares de amores platônicos, eu sobrevivi e posso dizer que, sem o uso de cheat ou então uma Nintendo World (que sempre foram caras), consegui passar de fase.
E eu tive acesso à algumas dessas lembranças enquanto estava discutindo com minha noiva, esses dias, quando a mesma disse que não queria comer pizza pois estava enjoada. Ela, com toda a coragem do mundo, me fitou e disse, rápida e letal: “Wallace, eu não quero comer pizza. Eu não aguento mais! É toda semana, encheu o saco”. O meu mundo caiu. Desistimos da pizza e ela foi lá fazer o seu famoso Miojo Chernobyl, enquanto eu estava no quarto me preparando para podermos ver o “filme do Wolverine e do Batman em que eles são mágicos”.
Enquanto eu comprava o filme no Pirate Bay, fiquei pensado:
Realmente os tempos mudaram. Olha que engraçado. Na minha época, se a minha mãe dissesse que estava PENSANDO em comprar pizza, meu irmão mais novo tinha crise de ansiedade, ficava pulando pela casa e a euforia era total; e isso durava por horas, até mesmo depois da massa ter sido digerida e / ou meu irmão recobrar a consciência. A pizza significava que tudo estava bem, era uma coisa mais simbólica do que alimentícia; quando minha mãe comprava pizza, sabíamos que as coisas estavam melhorando, sabíamos o valor daquele alimento. Se sobrasse algum pedaço pro dia seguinte ele era tratado melhor do que a gente. Aprendemos à força a valorizar essas pequenas aventuras alimentícias familiares.
Isso é: a gente tinha uma plantação de bertalha no quintal e o vizinho de trás tinha duas galinhas. Então Bertalha com Ovo era um prato que sempre estava presente em nossas refeições, por 3 anos. Quando a palavra pizza era citada, automaticamente uma pessoa caia no chão, outra começava a dançar e não importava o que tinha acontecido, o problema que estava rolando, que era só a pizza chegar que tudo estava bem de novo. Por outro lado, tínhamos a dura realidade da bertalha-nossa-de-cada-dia, toda esparramada pelo quintal, nos olhando de lá, esperando sua dose diária de estrume e água.
Depois de refletir sobre isso, sobre como um alimento tão importante na formação moral e ética de pessoas em todo universo está sendo esquecido e perdendo (mais) espaço pros (mais) fast-food da vida, fui meio cabisbaixo na cozinha chamar minha noiva e pegar nossa refeição, pois o aluguel vitalício do filme já havia sido concluído e a fome já se manisfestava fisicamente. Quando me deparo com um prato de macarrão instantâneo da Nissin, sabor pizza, com orégano e queijo derretido jogado por cima.
Até que tudo deu certo no final (apesar do macarrão ser uma bost@, porém continuava sendo de pizza). A sorte é que o filme era bom.
8 anos de Sem título ainda e você pode me dar um grande presente!
Hoje o blog completa 8 anos de existência. É engraçado notar como ele evoluiu ao longo de todos esses anos e como a proposta se manteve a mesma, apesar de alguns desvios de percurso ao longo do caminho.
Quando criei o Sem título ainda…, eu passava a maior parte do meu tempo lendo todo e qualquer tipo de blog. A grande maioria nem existe mais hoje em dia. Seus autores migraram para outros portais ou simplesmente abandonaram o barco, alguns deram uma pausa. Outros continuam com postagens quase comemorativas, de tempos em tempos, apenas pra marcarem território.
Mas o STA continua vivo.
Já tive várias fases nessa estrada de blogueiro: revoltadinho, humorista, curador de conteúdo, caça-paraquedista e até mesmo de metablogger. Porém, o que sempre esteve presente – desde o início – e que jamais deixei morrer, foi o “estilo diarinho”. Basicamente, as histórias (em que eu geralmente me dou mal) do meu dia a dia.
Essa foi e sempre será a essência do Sem título ainda…
Vi muita coisa mudando na blogosfera. Do início dos blogs realmente como diarinhos à “ascensão” dos blogs de humor, se tornando grandes portais replicadores de conteúdo.
Vi o surgimento e a queda dos blogs de memes, dando lugar ao modelo Buzzfeed de listas infinitas e, agora a popularização dos blog “você não vai acreditar no que acontece ao final desse vídeo”.
E o Sem título ainda continuou aqui, se adaptando aos novos modelos mas nunca deixando de ser um blog sem muitas pretenções a não ser compartilhar histórias de derrota, pensamentos idiotas e a eterna procura pelo primeiro milhão de reais no boo-box (risos).
Acredito que continuarei nessa por mais alguns anos. Não me canso disso daqui. Ás vezes bate um desânimo e fico um tempo sem postar, mas o bom da vida é que sempre que ela percebe que estou sumido, dá um jeito de aprontar alguma coisa digna de um post.
Para celebrar o aniversário do blog, que tal me presentear com:
Indicação para 8 amigos
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Aguardem, pois a oitava temporada promete bastante coisa aqui no Sem Título Ainda…
Guia prático de sobrevivência do estagiário
Sobreviver nas grandes metrópoles brasileiras com a “bolsa” de estagiário não é uma das tarefas mais fáceis. Digo isso por experiência própria: já fiz um estágio que me pagava inacreditáveis R$ 120 por mês, sem vale-transporte ou vale-alimentação.
Com uma grana dessas é preciso saber se virar para conseguir comer ou até mesmo se locomover pela cidade. Como vivi na pele essa fase negra da vida, resolvi elaborar um guia prático com os três pilares básicos de sobrevivência para estagiários que ganham pouco ou quase nada e desejam sobreviver em Belo Horizonte (válido para outras cidades também).
Preparados para um mundo novo repleto de possibilidades e a total perda da dignidade? Vem comigo, funcionário da Assprom!
1 – Transporte
Sem direito a vale transporte, a locomoção entre casa/trabalho ou casa/faculdade/trabalho fica totalmente a cargo do jovem estagiário repleto de sonhos e objetivos de vida. Em alguns casos, a empresa até vai te pagar uma parte do transporte, mas é sempre bom ter alternativas para economizar.
Durante a minha vida de estagiário, desenvolvi algumas técnicas que podem ser incrivelmente úteis, porém não muito éticas ou ortodoxas na hora de subir a Afonso Pena ou outra avenida.
A estratégia consiste basicamente em fazer a sua melhor cara de pessoa que veio do interior ou turista, entrar no ônibus sentido o caminho que você precisa e ficar na parte da frente, antes da roleta.
Ao se aproximar do local em que deseja descer, pergunte ao motorista ou ao trocador do ônibus se o ônibus está seguindo o sentido contrário ao qual você deseja chegar.
Por exemplo:
Pegar o 4108 (Pedro II/Mangabeiras) e ao chegar próximo da Praça do Papa ou o melhor ponto a sua escolha, diga o seguinte:
– Aqui tá indo para a Pedro II, né?
– Não. É sentido contrário, seu burro!
– Ai, motorista! Peguei errado. Posso descer aqui? 🙁
É quase certo que funcione, mas você vai precisar de todo o seu talento interpretativo para atingir o sucesso, ou então vai ter que desembolsar a passagem.
2 – Alimentação
Alimentar-se bem com o mínimo possível de dinheiro é uma arte que desenvolvi ao longo de vários anos. Até mesmo depois de abandonar a vida de estagiário. No começo da carreira vivemos em uma eterna época de vacas magras.
Nesse ítem da lista, vale ressaltar que você precisa abrir mão de toda e qualquer dignidade que exista em você. Afinal, grande parte dela já foi embora ao aceitar trabalhar de graça ou por uma quantia que não pague nem um pão com mortadela na padaria da esquina.
Vamos começar pela parte em que não exige chegar tão baixo assim: procure sempre supermercados na região do seu estágio/trabalho. Lá sempre terá uma ou outra promotora de vendas oferecendo degustação de produtos ou bebidas (sem álcool).
Não seja exigente. Você não vai fazer uma refeição completa, mas consegue descolar um biscoitinho, alguns salgadinhos, pequenos sanduíches ou em um dia de sorte, um novo sabor de chocolate.
Outra alternativa extremamente viável são as padarias gourmet em que os produtos podem ser degustados enquanto os clientes escolhem o que comprar. Nessa daqui o nível é um pouco maior e você pode até fingir que fez uma refeição completa.
Agora, vamos à parte em que você deixa a sua dignidade de lado em busca da sobrevivência nessa selva chamada estágio. Lembre-se que o objetivo é não morrer de inanição e para isso precisamos deixar as amarras sociais guardadas no fundo do armário.
Vá a algum shopping ou centro comercial que tenha praça de alimentação. De preferência com alta rotatividade. Ande como quem não quer nada e pegue uma bandeja dando sopa.
O passo seguinte é procurar um lugar próximo de alguém com cara de quem não irá comer todo o conteúdo do lanche. Você tem de estar disposto a encarar o que a vida te oferece e a qualidade do cardápio está diretamente relacionada à quantidade de restaurantes disponíveis no local que você escolheu.
Com sorte você pode descolar meio sanduíche, fritas, refrigerante e até mesmo metade de um prato executivo com arroz, feijão, salada e farofa.
Dica quente:
Shoppings próximos a colégios nos horários de saída significam maiores oportunidades de conseguir boa comida e em quantidade suficiente pra aguentar uma tarde de trabalho.
Adolescentes geralmente não se importam muito em consumir tudo o que colocam no prato. A refeição chega a ser completa em alguns casos.
Comida no estômago e dignidade na sola do pé, é hora de continuar o caminho em direção à firma, porque estagiário que chega atrasado não dura muito.
3 – Hidratação
Uma cidade como Belo Horizonte, construída nos moldes das mais divertidas montanhas russas do mundo certamente exige um pouco mais de esforço dos seus estagiários.
Andar pelas ladeiras da cidade é um divertido exercício para entender na prática como acontece o derretimento das calotas polares. Nesse caso, o seu corpo representa as calotas polares.
A hidratação de um estagiário sem dinheiro pode ser feita de duas maneiras. A primeira, que eu tenho um apreço especial, serve para manter o corpo na temperatura ideal durante dias muito quentes.
Consiste basicamente em fazer paradas estratégicas em agências bancárias com o único intuito de refrescar o corpo nesse ambiente gélido e repleto de aparelhos de ar-condicionado. Note que é o mais próximo que você vai chegar do dinheiro enquanto for um estagiário.
Não sei vocês, mas eu adoro a sensação de sair de um sol senegalês (como o de Belo Horizonte em algumas ocasiões) e entrar com tudo no mundo do ar-condicionado. Eu não ligo para o choque térmico. Meu corpo foi moldado ao longo dos anos de proletariado para sobreviver à essas doenças do século XXI.
A segunda forma é praticamente uma dica de sobrevivência válida para qualquer situação: aproveitar os chafarizes e fontes de praças. Melhor ainda se for aquelas que também possuem bebedouros.
Necessário dizer que você deve ser do tipo que não se importa em compartilhar da mesma água que mendigos, moradores de rua e hippies utilizam para sanar as necessidades físicas e biológicas.
Seguindo esses três princípios básicos de sobrevivência, você pode facilmente aguentar pelo menos três meses de estágio não remunerado. Acredito que esse é o tempo máximo que um ser humano comum consegue aceitar se submeter a esse tipo de situação em troca de “experiência, aprendizado e curriculo”.
Mas depois de comer sobras em shopping, você será praticamente o Buda dos estagiários, abrindo mão da dignidade e das riquezas materiais em busca somente da paz de espírito e dos centavos economizados ao longo do mês.
Enem 2013 – Eu fui!
ENEM 2013 – Eu fui
Resolvi tentar o Enem 2013 no ano passado, obviamente. Quase 10 anos depois, já que me formei no colégio em 2004 e também tentei o ENEM daquele ano. O que ajudou bastante, já que em 2005 iniciaram o ProUni.
O problema todo é que fazer uma prova de ensino médio 10 anos depois de tê-lo concluído, é um verdadeiro atestado de derrota. Se você já não era lá o melhor aluno da sala quando tudo aquilo estava fresco na sua memória, imagina quando você não tem mais tanto contato com 90% das matérias que caem nessas provas? Sim, foi humilhante.
Poderia ter sido pior, obviamente. Até que não me saí tão mal no ENEM 2013. Acho até que se eu já não tivesse me formado, poderia conseguir alguma vaga com o ProUni 2013. No começo do ano, resolvi me inscrever apenas por me inscrever no “vestibular do IBMEC” e sem ao menos precisar fazer uma prova, fui “aprovado” em Direito.
Pena que na época eu não estava muito animado pra fazer uma segunda faculdade. Ainda mais uma de 5 anos de duração. Mas acho que estou repensando essa decisão, já que a minha nota do ENEM 2013 não foi tão ruim assim.
Minha média global foi de 603 pontos. Obviamente, com essa média no Enem 2013 eu jamais entraria em uma faculdade federal através do Sisu 2013. Só se por uma incrível conspiração cósmica, qualquer curso oferecido chegasse a ter uma 39ª chamada. Ai sim, eu teria alguma chance.
A questão é que nos 10 anos entre omeu primeiro Enem e esse, a forma de aplicação da prova e o conteúdo em si mudaram completamente. Antes era pra avaliar o que você aprendeu durante o ensino médio em situações do dia a dia. Hoje é mais uma prova comum, com todas as áreas de conhecimento e com aplicações muito mais teóricas que práticas.
Como bom representante da área de humanas, o meu desempenho em “Matemática e suas tecnologias” e “Ciências da natureza e suas tecnologias” foi um tanto quanto vergonhoso, mas nem tanto. Se não zerei, já tá ótimo.
Acho que se estivesse fazendo o vestibular hoje em dia, com toda essa disputa com pessoas do Brasil inteiro e com uma prova difícil dessas, provavelmente teria investido muito mais em uma carreira menos competitiva, como jogador de futebol ou, sei lá, competidor de League of Legends.
Parem de transformar a coxinha em algo ruim!
Dentre as milhões de coisas que a internet brasileira tem destruído nos últimos anos, não posso deixar de citar o meu descontentamento com o que vocês estão fazendo com a coxinha.
Não é nenhum segredo o meu apreço por esse salgado. E, como um amante e apreciador dessa iguaria culinária, preciso dizer que estou chateadíssimo com essa onda de associá-la a algo ruim.
A qualquer hora do dia, acessando o Facebook ou Twitter, você irá encontrar centenas de pessoas utilizando a expressão “coxinha” para se referir a algum reacionário de direita que passa o dia falando merda na internet.
Isso é errado de tantas maneiras, que mesmo desenvolvendo um estudo compilado em uma coletânea de livros duas vezes maior que enciclopédia Britância, ainda faltaria espaço para citar cada uma delas.
Isso é errado no mesmo nível de colocar azeitona em empada, o que me leva a pensar que o termo mais correto para designar uma pessoa com as características acima seja exatamente esse: azeitona. Quer algo mais inconveniente que azeitona? Ou Felipe Neto, oxiúros e até mesmo Crepúsculo. Estes sim, adjetivos tão ruins quanto as pessoas que são chamadas de coxinha.
Fica até mais bonito esteticamente falando, veja só:
– Nossa, mas o Bolsa Família é o que estraga o Brasil, né?
– Nossa, cala a boca, cara. Deixa de ser azeitona.
ou então…
– Você viu o Pedrinho? Tá chateadíssimo em saber que pessoas com estudo e conhecimento votam na Dilma.
– Cara, mas esse Pedrinho é um felipenetando demais, hein?
Não importa o adjetivo que vocês queiram usar para zoar aquele seu amigo chato que fica compartilhando e discutindo opiniões, só parem de tentar transformar a coxinha em algo ruim. Ela não é.
Daqui a pouco vocês vão usar a expressão esquerda paçoca, ou aquele “amigo coca-cola” e por aí vai, mantendo a tradição da internet brasileira em agir como um câncer, destruíndo tudo de bom que o mundo já nos deu e transformando em algo ruim apenas pela zoeira.
Está dado o recado e espero que vocês se conscientizem sobre a correta utilização da coxinha.