Não sou o tipo de cara que fica no tuíter “trollando” fãs de Fresno e emocore em geral e me sentindo realizado por isso, mas ao mesmo tempo, minha resistência aos “fãs” da banda é um pouco abaixo do normal. Acho que é por isso que nem tenho ido mais a alguns shows de rock. Porém, na sexta-feira, graças a um par de ingressos “na faixa”, tive que deixar o preconceito de lado e partir pro show da banda Fresno.
Como não poderia deixar de ser, o ambiente estava recheado de pré-adolescentes histéricas com as suas blusinhas de banda, calças skinny e Converse/Nike/Vans, com os cabelos devidamente pranchados na franja e aquele ar blasé de quem está fumando somente para mostrar que é cool, mesmo que tenha que passar o dia todo no balão de oxigênio após o show. Bronquite, sabe como é.
Sabe quando você tem um pesadelo onde você precisa correr o mais rápido possível e simplesmente não consegue sair do lugar? Era mais ou menos essa a sensação que eu tive no show do Fresno.
Após as bandas de abertura, era a hora do “melhor grupo musical” do Brasil subir ao palco. Mais de 40 minutos com os roadies arrumando equipamentos e luzes até que os músicos de verdade subiram.
Como todo bom espetáculo, as luzes foram apagadas e o gelo seco tomou conta do lugar. Me senti numa vibe meio Girls Just Wanna Have Fun, só me faltou a Cindy Lauper aparecer ali pulando e gritando. Mas não foi bem assim.
A gritaria foi insuportável. Gritinhos de “Fres-nô” tomavam conta do lugar. Para muitas garotas, aquele foi o primeiro orgasmo, mesmo que não façam a menor idéia do que isso seja, afinal, metade do público era de garotinhas de 15 anos, mesmo sendo censura 16.
Com o visual e a atitude descolada que só os grandes nomes do rock conseguem demonstrar, a banda já chegou quebrando tudo. O Tavares, baixista, mostrando toda a sua consciência política, entrou com uma camiseta escrito “Tchau Sarney” e alguma outra palavra de ordem que não me lembro.
Poxa, maneirão! Para o pessoal que ta ali no show e não faz a menor idéia de quem é Sarney, provavelmente acharam que se tratava de um amigo do cara que foi embora.
Curiosamente, no Prêmio MultiShow não vi tamanha consciência política. Mas tenho um certo déficit de atenção. Isso deve ter me escapado.
Mas voltando ao público, que é o personagem principal desse post, essa juventude aí regada a Nx Zero e revista Capricho ainda insiste em prestigiar mais a beleza física dos artistas do que a própria música.
Gritinhos de lindo, perfeito e gostoso ecoavam por todo o recinto, o que me dava uma certa ânsia de vômito.
Bem do meu lado tinha um cara, aparentemente hétero, mas que durante o show se transformou. Ficava gritando o nome dos integrantes da banda e não perdia uma oportunidade de passar a mão nos caras quando eles chegavam próximos do público.
Sem contar a garotinha da frente que não sabe a diferença entre um contra-baixo e uma guitarra. Lamentável.
Saí do show antes do final, o que melhorou o meu humor naquele dia em 110% e me fez ter ainda mais certeza de que esse universo não é mais pra mim.
Estou oficialmente aposentado do universo “rock and roll colegial”.
Hhahahahha foi tenso aturar aqueles momentos de choro e gritinhos!
Rapais, corajoso hein! Eu juro que arrumava um bacamarte e um saco de sal pra levar pra lá.
qdo isto ai for rock’n roll o pagode fará sucesso na inglaterra!
Vixi Rafa.. teu karma tá brabo 😛
Deus me livre destes recintos juvenis patéticos..Eu sou e pra sempre vou aderir ao bom e verdadeiro Rock.Metallica,Rainbow,Uriah Heep,Ozzy..Isso sim são bandas com melodia e que descrevem o que é música!
Adoro seus textos Rafa,sucesso!
Eu acho que você devia ter se aposentado antes, cara.