A arte de ficar molhadinho…
Qual a probabilidade de o tempo estar perfeitamente claro e sem nuvens quando você está devidamente abrigado no conforto de um escritório e fechar terrivelmente com direito a relâmpagos no momento exato em que você bota o pé na rua? Eu não faço a menor idéia da probabilidade, mas isso aconteceu comigo por dias seguidos.
Eu já disse por aqui que sou basicamente um imã de chuva e um repelente de ônibus. Ao mesmo tempo em que atraio temporais, tenho a capacidade de espantar todos e quaisquer ônibus que eu deseje pegar. Isso sempre aconteceu comigo desde que eu me entendo por gente.
Fato que essa semana estava trabalhando tranqüilo e feliz, esperando ansiosamente à hora sagrada do almoço. O sol estava brilhando e o meu estômago roncando. Um detalhe importante é que eu almoço no hiper-centro da cidade e trabalho na zona sul. Eu ando basicamente 20 minutos da agência ao restaurante.
Deu o horário do almoço e saí em disparada ao lugar sagrado chamado restaurante. No momento em que botei o pé fora da agência o tempo escureceu. Algumas nuvens apareceram, mas sem chover. Fui sem medo, afinal a fome era maior e não seria um tempinho nublado que me impediria de almoçar. Caminhada tranqüila, almoço no bucho, era hora de voltar.
Passei por dentro do Shopping Cidade, já que eu almoço na rua São Paulo e tenho que pegar a Afonso Pena depois. É mais rápido e prático. Para a minha surpresa, quando cheguei na portaria da rua Rio de Janeiro o céu estava desabando. Deu uma pancada de chuva e aliviou. Nesse meio tempo aproveitei para correr como um louco em direção ao ponto de ônibus mais próximo.
O balaio não demorou a passar e entrei rapidinho. Enquanto ele subia a Afonso Pena a chuva engrossou absurdamente. Parecia um dilúvio, um sinal divino dizendo que São Pedro é um filho da puta de marca maior e que não tem senso de humor. Ou pelo menos tem um senso de humor um pouco diferente do meu.
Desci no meu ponto e com a caixa d’água atmosférica vazando, fiquei preso no abrigo de ônibus. De pouco em pouco tempo batia um vento e jogava litros e litros de água em mim. A chuva não queria diminuir e eu já estava praticamente atrasado. Tomei coragem e resolvi correr. Atravessei a rua correndo, com medo de escorregar na enxurrada e assinar o meu atestado de perdedor, cheguei do outro lado e me abriguei em uma marquise.
Recuperei o fôlego e continuei correndo. Me abriguei em uma fachada de prédio em frente a agência e esperei alguns minutos. Fôlego recuperado novamente e corri de novo, dessa vez para me abrigar de vez no conforto de um lugar seco. Mas, como tudo tem um lado irônico, até então a minha bermuda e minhas pernas estavam basicamente secas. Não contava que no meio do caminho teria uma “poça” que eu não vi. Ao pisar nela subiu praticamente uns 10 litros de água, molhando meu tênis, minha meia, minha bermuda e minha cueca.
Não sei se já passaram por isso, mas trabalhar com a cueca e as meias ensopadas não é uma experiência nada agradável. Eu me senti violado, estava tremendo de frio e não tinha a menor condição de trocar de roupa. Isso aconteceu no dia que conversei com a turma de primeiro período da faculdade. Pensei que chegaria lá gripado ou com uma pneumonia no mínimo.
Aos poucos fui me secando naturalmente até que deu a hora de ir embora. Passei em casa, troquei de roupa e fui pra faculdade.
No outro dia, a mesma coisa. Céu limpo, dia lindo e pássaros cantando. Quando botei o pé fora da agência pra ir almoçar o que aconteceu? De já vu!
Blogs x Twitter: Qual a melhor opção para se anunciar nas mídias sociais?
Provavelmente essa pergunta está sendo feita por vários publicitários, empresários e estudiosos das mídias sociais nesse exato momento. Uma pergunta complicada e que possivelmente não terá uma resposta exata e concisa a curto prazo.
O Twitter está crescendo agora, pelo menos no Brasil. Os blogs, apesar de ainda não serem um meio mainstream, estão se consolidando aos poucos e já tem uma cultura de veicular publicidade. Apesar de existirem pessoas que não são a favor de posts pagos, essa já é uma realidade e uma receita quase de sucesso. Não em 100% dos casos.
A publicidade vem se manifestando com timidez no Twitter. O primeiro caso de publicidade explícita na ferramenta foi o recente caso de Marcelo Tas e a Telefonica. Será essa a forma ideal de veicular propaganda no Twitter? Fatores como credibilidade podem ser afetados através da veiculação de conteúdo comercial?
Ainda não existe uma forma de mensurar resultados no Twitter como nos blogs. Não tem como calcular os pageviews de um perfil na ferramenta. Claro, existem dados como número de seguidores e o rastreamento de links divulgados com a ferramenta Migre.me, mas ao contrário de uma rede como o Orkut, por exemplo, o Twitter é aberto. Você pode acompanhar as atualizações de uma pessoa sem segui-la ou até mesmo sem ter uma conta no serviço.
Nos blogs existem ferramentas de mensuração mais eficientes como o Google Analytics, além da possibilidade de identificar o público com mais facilidade. Também tem a opção de apresentar um widget do Twitter com suas atualizações, podendo haver uma potencialização unindo essas duas ferramentas.
Outro fator importante em como a publicidade pode ser realizada no Twitter é o fato de que você tem apenas 140 caracteres para divulgar alguma coisa. Você conta apenas com links. Não pode veicular imagens nem vídeos diretamente. Fazendo uma comparação grosseira, o Twitter é um out-door e o blog é um folder, digamos assim.
No out-door temos um espaço mínimo (de preferência 7 palavras no máximo) pra divulgar uma mensagem, enquanto no folder temos duas até mais páginas para repassar a informação. Se pra um redator publicitário criar algo com tão pouco espaço é complicado, imagina pra um “twitteiro” que só tem experiência em… falar o que está fazendo?
Acredito que nesse primeiro momento, graças a sua consolidação, os blogs estão um pouco adiante na escala de visibilidade publicitária em relação ao Twitter. Você tem um espaço maior e várias ferramentas de apoio. Mas não descarto a idéia de que o Twitter em breve será uma mídia excelente, baseada na rápida troca de informações, sem contar o feedback imediato, que acredito ser ainda mais rápido que o dos blogs.
De qualquer forma, estar presente nas mídias socais é, hoje em dia, um diferencial para marcas que fazem questão de ouvir os seus consumidores. Não basta apenas pedir pra alguém falar bem de você, mas estar presente e ser atuante. E acima de tudo não esquecer que fazer presença nas mídias sociais não muda o fato de que o seu serviço está com uma qualidade abaixo do esperado. Arrume a casa primeiro e depois conte aos seus vizinhos.
Rafael – O Palestrante!
Confesso que fiquei surpreso quando fui convidado para bater um papo com a galera do primeiro período do curso de Publicidade e Propaganda da minha faculdade. O melhor de tudo: bater um papo sobre blogs e Twitter. Mas ainda sim fiquei surpreso. Pensei “Eu? Bate papo tipo palestra? Isso não pode dar certo…”
Quem me convidou para a conversa foi o professor de Novas Tecnologias em Comunicação, o Hely. Gente finíssima e que até então eu não conhecia. Quem me indicou pro cara foi a minha professora de Planejamento, a Sônia. Outra professora gente finíssima e antenada.
Mas voltando ao convite: a idéia era conversar com os alunos sobre blogs (o meu blog e blogs em geral) e sobre Twitter. Dei a idéia de chamar também a Raquel Camargo do Twitter Brasil. Afinal, ela teria muito mais a acrescentar sobre o Twitter do que eu, que estou lá há pouco tempo.
Devo dizer que eu sou péssimo falando com o público. Eu desenvolvo uma espécie de retardo mental e só consigo pronunciar algumas sílabas e palavras indecifráveis. Eu fico mais ou menos como a Mallu Magalhães, só que um pouco mais lesado. Fiquei com medo desse bate papo ser um grande, fétido e épico FAIL na minha curta carreira como comunicador. O cagaço era de certa forma inevitável.
Chegou o grande dia, que não começou nada bem, diga-se de passagem. No horário do almoço peguei uma chuva sinistra e fiquei completamente ensopado. Como eu estava no trampo, não tinha como me trocar. Fiquei molhado e sentindo frio, tremendo como um dildo de 450 watts de potência.
Antes de ir pra faculdade dei aquela passada rápida em casa, tomei um banho quente e parti pro anunciado fiasco. Chegando lá encontrei com a Raquel que não fazia a menor idéia de quem eu era. Sinal de que a minha relevância na meritocracia informal da Internet (RMII) vai de mal a pior. Isso porque conversamos algumas vezes pelo Gtalk e trocamos alguns twitts. Mas tudo bem, meu avatar é uma caricatura, não culpo.
Depois de nos conhecermos, o Hely levou a gente pro laboratório. Subi a escada com certo tremor nas pernas e uma ansiedade constante. Eu nunca participei de nada do tipo onde eu estaria falando para pessoas que nunca havia conversado. Eu já apresentei trabalhos para a minha sala e até a monografia pra banca. Mas isso não era nada comparado a falar com estranhos sobre o meu blog e blogs em geral.
Chegando à sala a turma começou a se acomodar. Achei que seria uma “platéia” um pouco mais velha. Quando vi que eram basicamente da minha idade (ainda que mais novos e CALOUROS) fiquei mais tranqüilo. De repente chega um amigo meu, da minha sala dizendo que estava ali pra ver o que eu tinha a falar. O cagaço voltou. Pra completar chega a minha professora já citada algumas linhas acima pra também ver esse tal de bate papo. Naquele momento eu parecia um jovem indefeso que nunca tinha saído da sua segura e confortável bolha.
Então o bate papo começou. O Hely me apresentou pra turma, apresentou a Raquel e começamos a falar sobre os nossos respectivos assuntos. E não é que tudo correu perfeitamente?
A turma é interessada e respeitou a gente ali na frente. Digo que isso é muito importante, afinal, eu sempre estive no lugar deles. Tiveram perguntas interessantes e engraçadas. A galera tá bem ligada em Twitter e isso é muito bom. É aquela coisa de sempre: no começo acha inútil, mas depois de duas mensagens já estão viciados.
Tudo correu tranquilamente. Mostrei meu blog, falei sobre publicidade em blogs, sobre como divulgar um blog, sobre “relevância” e também monetização. A Raquel mostrou as ferramentas que utilizamos como Analytics, AdSense e o Trends, além de mostrar pra galera um pouco da dinâmica e abrangência do Twitter. Credenciais pra isso ela tem de sobra.
O balanço que faço desse encontro é que eu até falei bem e acredito que a galera gostou do papo. Cheguei em casa e havia mais de 10 seguidores novos. Todos alunos que estavam presentes. É interessante ver também que estão ligados nas mídias sociais logo no início do curso. A turma tem curiosidade em saber como esses meios funcionam e como explorar a publicidade nesse ambiente. Espero que continuem assim até o final e se formem profissionais completos, que saibam atuar nas mídias tradicionais e nas novas mídias. Capacidade pra isso eles têm.
A propósito: Vi alguém batendo foto lá. Se puder me mandar, o e-mail é rafabarbosa[arroba]rafabarbosa.com
Amenidades do dia a dia.
Observar as pessoas ao nosso redor é uma tarefa tão prazerosa quanto o ato de urinar logo depois de acordar. Saca o famoso tesão de urina? Adoro observar as pessoas que passam por mim durante o dia. Desde o trocador do ônibus a senhora que atravessa a rua ao meu lado, cada um tem algo que merece ser observado e de certa forma acrescenta em nossa vida.
Por exemplo, outro dia eu estava fazendo um lanche com o pessoal da agência e enquanto conversávamos sobre qualquer coisa random que não me lembro um senhor não tirava os olhos do meu pé. Era um senhor de idade já e ele veio devagar na minha direção, parou diante de mim e perguntou:
– Onde você comprou esse tênis?
Fiquei surpreso pela pergunta, até porque o meu tênis é um tanto quanto “chamativo” e não faz o perfil de um senhor de idade. Não faria o perfil nem se ele fosse um senhor de idade com o espírito de um adolescente. O estilo do tênis é do tipo que faz seu pai olhar pro seu pé e perguntar se você está gostando de outro rapaz.
Disse ao senhor que comprei o tênis em uma loja de shopping. Ele perguntou quanto foi e respondi. Enquanto respondia as perguntas me questionava mentalmente em qual momento do diálogo ele ia me perguntar se onde eu comprei vendia tênis pra homem. Mas ele não perguntou, foi bem educado. Apenas agradeceu e voltou à sua mesa.
Isso tudo que acabei de escrever pode não fazer nenhum sentido pra você que está lendo, mas fez sentido pra mim. Será que o senhor estava querendo comprar um tênis do mesmo modelo para o neto ou neta? Será que ele queria comprar pra ele mesmo ou foi só curiosidade mesmo?
Não sei dizer o que motivou o velho homem chegar até a mim e perguntar sobre o tênis, mas com certeza ele teve um motivo e espero ter ajudado. Se durante as minhas observações de pessoas ao redor ver alguém com um tênis igual o meu, terei certeza que ajudei o senhor de idade de alguma maneira.
O rei do pedaço!
Há uns anos eu conhecia todos os meus vizinhos. Sabia quem morava em cada apartamento e o nome de cada um dos seus familiares. Era um prédio muito unido esse meu. Mas de uns anos pra cá eu vejo tantas caras novas e não faço a menor idéia de quem sejam. Só sei que moram aqui porque vejo estacionando o carro e com as chaves da portaria.
Isso me causa uma sensação de incôda, que não deveria existir. Eu me sinto o estranho do prédio por não fazer a mínima idéia de quem são os meus vizinhos. Eu sinto isso morando aqui há 18 anos.
Minha família foi uma das primeiras a se mudar pra cá. Isso deve valer alguma coisa. Eu devia comandar algum tipo de iniciação pra esses novos moradores, ser agraciado com oferendas ou algo do tipo. Eu estava aqui bem antes deles, poxa. É injusto esse pessoal mudar pra cá e não dar nenhuma satisfação pra mim.
Se eu precisar de alguma coisa vou bater na casa de alguém e dizer o que? -“Ei, sou seu vizinho do lado, pode me emprestar uma vasilha de açúcar?” – sendo que o cara também não deve fazer a mínima idéia de quem sou eu?
Por isso digo que a partir de hoje todos os novos moradores deverão vir a minha casa portando no mínimo duas garrafas de 2,5 Litros de Coca-Cola para receber a minha benção e autorização pra morar por aqui.
Ídolo!
O cara não tem PageRank 10, não figura em rankings de melhores isso ou maiores aquilo, não gera polêmicas sobre posts pagos e muito menos é um rato de BlogCamps. Mas eu devo admitir: O Luke é o blogueiro mais imã de xoxota que eu conheço.
O cara coloca qualquer pro-blogger que vive em um mundo de luxo e glamour no chinelo. Admiro o cara principalmente pela humildade. Enquanto alguns blogueiros ostentam os seus Iphones, festas em iates e encontros com outros blogueiros tão virgens quanto, o nosso famigerado Luque não ostenta em nenhum momento a quantidade de pussys disponíveis em seu acervo pessoal de “leitoras” e “amigas do Orkut”.
Dando uma rápida olhada no profile desse menino prodígio, somos bombardeados por depoimentos e scraps de meninas da mais tenra idade e inocência proclamando incontáveis declarações de amor. Não sei dizer o segredo desse cara, mas provavelmente ele deve ter alguma parte do corpo adocicada.
Pra quem vê de fora, o Orkut do Luke parece mais um cardápio. Um prato mais delicioso que o outro, digamos assim. E as categorias são várias e vão desde Otakus a emos, passando por gostosonas e meninas nerds. Sério, eu nunca vi um cara com tamanha variedade de pussys a sua escolha. Por esse simples fato o Luquetinho merece o meu respeito.
Conversando com o cara agora a pouco, apresentei a teoria de que se as leitoras do KD e as amigas de Orkut dele convertessem todos os “te amos” declarados nos depoimentos pra ele em sexo, o Luque estaria transando muito mais do que Renato Gaúcho e Latino. Fato.
Não sei qual é o segredo do Luke. Se é o fato de contar o dia a dia de um adolescente ou se ele tem alguma estratégia secreta para atrair ninfetas da melhor qualidade, só sei que em uma terra onde todo mundo ostenta quanto ganha com AdSense e tals, o cara que tem um exército de xoxotas à sua disposição pode tirar muito mais onda do que um blogueiro gordinho qualquer.
O tempo tá voando!
Sabe aquela frase clichê das revistas sobre garotinhas que se tornaram mulherões que diz mais ou menos “a fulana cresceu”? Pois então, não é que essa frase às vezes se aplica de verdade?
Esse fim de semana foi o meu baile de formatura e convidei uma prima e o namorado. Tudo bem, você deve estar pensando. Mas ela só tem 14 anos. Não sou ciumento com as minhas primas e muito menos o “primo chato da namorada” de alguém, logo, sou idolatrado por esses jovens. Mas voltando ao assunto, essa minha prima eu vi nascer, carreguei no colo, ajudei a trocar fralda e tal. Não posso dizer que não foi um choque vê-la dando beijos na boca de língua. De língua cara!
Sem contar que a minha prima, apesar de ter apenas 14 anos já se parece com uma mocinha de uns 17 anos. O pior de tudo é a sensação de “estou ficando velho” quando a vejo começando a fazer as coisas que eu fazia há uns 10 anos. Da mesma forma que eu achava a mãe dela a minha prima mais velha fodona, hoje sou o primo mais velho fodão dela.
A minha priminha de ontem, hoje já é uma adolescente que namora e dá beijo de língua. Cara, cadê a minha infância? Eu quero voltar, essas coisas estão me fazendo sentir velho, muito velho. O que falta agora? Uma prima minha dessas casar? Ter filhos? Droga de tempo que não perdoa.
Bem que me disseram certa vez que depois dos 18 anos o tempo passa voando. Parece que foi ontem que me falaram isso, quando eu tinha apenas 17 anos.
Coerência não é o ponto forte de uma galerinha do barulho
Alguém se lembra da reação da blogosfera e da “twittosfera” quando os blogs foram capa da revista Época? Foi basicamente a reação de um jovem garoto ao ver pela primeira vez uma mulher nua. A empolgação, o olhar de cobiça e desejo e a paudurescência típica de quem antes só havia tido essa experiência em revistas e na tela do computador.
Foram posts e twittadas de todos os tipos e tamanhos. Em alguns casos tivemos até faixas em fachadas de prédios com a famigerada mensagem “Agradecemos pela graça alcançada”. A blogosfera estava em êxtase. Era o apogeu da cultura blogger no Brasil.
Pra fechar com chave de ouro temos um blogueiro na TV. Em pleno horário nobre e com certa freqüência dando dicas sobre blogs na novela das oito. Televisão, novela, capa de revista. Os blogs estavam na cabeça do povo e a massa agora sabia do que se tratava essa ferramenta.
Pouco tempo depois o Twitter começou a despontar na grande mídia brasileira. A ferramenta que já era bastante difundida entre os blogueiros e intelectuais das mídias sociais foi descoberta pela imprensa. Começaram as reportagens, as entrevistas e, mais uma vez, a capa de uma grande revista, novamente a Época.
Mas espera aí? Por que diabos dessa vez as pessoas acharam ruim? O que diferencia os blogs do Twitter em relação à quantidade de pessoas que os lêem e participam? O fato de que os blogs possuem AdSense e te dão lucro?
Isso é de uma hipocrisia sem tamanho, as pessoas acharem que tem o direito de ter uma ferramenta só para elas, ainda mais em uma época onde o “social” é abordado em tudo, desde o jornalismo social às mídias sociais.
Falei recentemente sobre o Twitter na capa da Revista Época, mas depois me lembrei desse pequeno fato ocorrido meses atrás. Foi o bastante para me questionar como as pessoas tem opiniões divergentes em relação à mídias semelhantes.
Não importa se é um semi-analfabeto que acesse seu blog, mas importa bastante que ele não crie uma conta no Twitter. Onde está o “social” nesse raciocínio? Onde está a tão falada inclusão digital promovida por quem produz conteúdo e publicidade para a Web?
Enfim. Acredito que as pessoas ainda não sabem o que querem da vida, a não ser alguns cliques a mais no AdSense. Mesmo que incoscientemente.
O Macartismo e a blogosfera. Um caso de inveja.
Se você já cursou o ensino médio, provavelmente já ouviu um termo chamado “Macartismo“. O Macartismo foi um período na história americana onde um senador – Joseph McCarthy – comandou uma verdadeira caça as bruxas contra os comunistas entre os anos 40 e 50.
Durante esse período, várias pessoas acusadas de serem comunistas foram demitidas de seus empregos, investigadas e em alguns casos até presas. Um dos setores mais vigiados foi do entretenimento, onde atores, diretores e roteiristas eram a favor da diplomacia e apoio a paz. (Mais aqui)
Veja bem: pessoas que eram a favor de uma outra ideologia foram perseguidas de modo a preservar o bom e velho American Way of Life. Em muitos casos, as pessoas não eram nem a favor da ideologia comunista, eram apenas pacifistas. Mas isso não era justificativa.
Posso estar viajando, mas farei um paralelo com o que vejo atualmente na blogosfera e divagarei um pouco sobre o assunto. A chance de eu falar uma merda nesse post é grande, portanto esteja à vontade para me corrigir ou contribuir caso sinta a necessidade.
Há uma clara divisão atualmente entre quem ganha dinheiro com blogs e quem não ganha. Com base nessa afirmativa, também confirmo que existem aqueles que são favoráveis a essa prática, aqueles que são contra e aqueles que são apenas críticos da forma como isso acontece atualmente.
Isso é normal em toda e qualquer cultura e não quer dizer que, pelo fato de eu criticar a forma como a publicidade em blogs é realizada, eu seja um comunistinha estudante que pensa em um mundo cheio de igualdade e felicidade para todos. Longe disso.
Eu sou publicitário, blogueiro, twitteiro e demais adjetivos que envolvam redes sociais. Eu adoro as mídias sociais e a forma como elas são utilizadas. Porém, com a liberdade que essas mesmas mídias me permitem, faço críticas ao que eu acho errado ou certo. Essa é a maravilha de poder ter voz no mundo virtual.
Acontece que existe certa comodidade e uma corrente filosófica entre blogueiros que diz: “Eu ganho dinheiro, por isso sou invejado pela ralé”. Esse é o típico pensamento do príncipe do gueto. O cara que “supostamente” saiu da miséria e hoje é alguém muito importante… para meia dúzia de pessoas.
Cada pessoa escolhe a melhor maneira de ganhar dinheiro na vida. Alguns ganham blogando, outras chupando, algumas até ganham dinheiro trabalhando. Eu sou do tipo que trabalha e em alguns casos ganho uma grana com o blog. Nada muito alto, apenas a comissão de algumas vendas. O suficiente para sair com a namorada durante um mês.
Eu não tenho inveja de quem ganha dinheiro com blog, apesar de 99% das pessoas que conseguiram essa proeza acreditarem o contrário. Digo mais: acredito que a grande maioria das pessoas que criticam a forma como a publicidade é feita em blogs, também não tem inveja, já que cada um ganha dinheiro da sua maneira.
Pelo lado de quem ganha dinheiro, há uma impressão de que são vítimas de uma nova forma de Macartismo. Só que ao invés de perseguir comunistas, persegue-se… pro-bloggers!
Não há uma perseguição. Não tem ninguém instalando um grampo telefônico na sua casa e muito menos interceptando os seus e-mails. Esse sentimento de vítima vai completamente contra aquele discursinho que algumas pessoas sempre fazem de “saber lidar com críticas”. Quando você acusa o mundo de ter inveja de você por criticá-lo, me faço a pergunta: Cadê aquela pessoa que sabe lidar com críticas?
Como tudo no mundo existe aqueles que são contra ou a favor. Na internet não poderia ser diferente, já que o ambiente virtual é um reflexo da nossa vida off-line. Eu não sou obrigado a gostar de uma coisa e tenho a total liberdade de criticá-la da forma que eu achar mais conveniente. E não faço uma crítica por fazer, tento sempre acrescentar uma base sólida e maneiras de como o objeto criticado pode ser melhorado.
Mas não adianta. A parcela que se sente invejada sempre utiliza o mesmo argumento: “É feio ganhar dinheiro com blogs, é feio falar o que eu penso, é feio ganhar dinheiro com o twitter”. Não, não é feio. Mas não faça disso uma verdade absoluta como se fosse o único caminho, meio e verdade.
Da mesma forma que você tem a sua “liberdade de expressão” (entre aspas mesmo) de veicular qualquer tipo de anúncio em seu blog, eu tenho a minha de criticar a forma como isso é realizado. Essa é a base de um debate. Argumentos de ambos os lados, cada um mostrando o seu ponto de vista.
Concluindo, não existe um Macartismo atualmente. Não tem ninguém perseguindo pro-bloggers, não tem ninguém perseguindo quem Twitta sobre uma marca sendo pago para isso. Existe quem é contra e quem é a favor, quem concorda e quem não concorda. Ninguém é obrigado a aceitar a sua idéia, da mesma forma como você não é obrigado a aceitar a de ninguém. Mas existe o bom senso que leva ao consenso.
Também não existe uma comunidade organizada de invejosos. Mas parece que convencer as pessoas disso é difícil. A inveja é um sentimento que engrandece o objeto invejado. Afinal, qual a melhor forma de se sentir superior a uma pessoa do que afirmar que ela tem inveja de você? Isso parece papo de pastor de igreja presbiteriana.
Foi dada a largada ao Twitter Pago.
O assunto do momento é o contrato publicitário entre Marcelo Tas e a Telefônica para twittar sobre a marca 20 vezes ao mês. Não vou dizer que fiquei surpreso. Afinal, eu praticamente dei o caminho das pedras nesse post. Rá.
Vendo alguns comentários no twitter e algumas pessoas deixando de seguir o Marcelo Tas, pensei com os meus botões e cheguei a uma conclusão (pessoal) que me deixou um pouco assustado: trabalhar com publicidade para a web está cada vez mais difícil.
Aliás, trabalhar com publicidade está cada vez mais difícil. O público está mais ativo, principalmente em um meio como a Internet onde não podemos contar com a passividade da audiência. Se não gosta da propaganda, do post pago ou do Twitt pago, é fácil. Sai da página e pronto.
Esse é o poder das mídias sociais. Apesar da sua colaboratividade, a interação das pessoas depende muito do interesse em comum. Ser impactado por uma mensagem indesejada gera repercussão e movimentos que podem ser contra ou a favor de campanhas nessas mídias.
Eu não sou um dos maiores defensores do publieditorial. Acredito em formas mais interativas e dinâmicas de se fazer publicidade em blogs, mas não deixo de ler um blog por ele fazer esse tipo de publicidade. Pelo contrário, salto a parte do anúncio e continuo a leitura. Mas se a primeira página possuir só anúncios fica difícil.
Digo o mesmo em relação a essa forma de publicidade que está surgindo no Twitter. Você não precisa deixar de seguir uma pessoa só pelo fato dela estar anunciando um produto. Exceto em casos onde o usuário twitta apenas sobre um produto. O que são 20 mensagens por mês sobre determinado produto pra um cara que está sempre falando algo relevante?
Isso serve como um aviso para os publicitários. Devemos ficar mais espertos e criativos. Foi-se a época que o público era bobo e engolia tudo que a gente produzia. Com um canal abrangente como a internet e a urgência das mídias sociais, as possibilidades são infinitas e se o conteúdo não agrada, ele não vai hesitar em clicar no X e fechar a página. Ainda pra completar essa mistura, o consumidor agora tem voz e a possibilidade de propagá-la com uma rapidez tremenda.
Outro ponto em relação a esse assunto que se faz necessário citar é: o Tas vai falar de uma marca que é visivelmente massacrada pelos seus usuários no Twitter e em blogs. Não tenho conhecimento de causa, pois a empresa anunciante não oferece serviços em Minas Gerais, mas clique aqui e entenda o porquê desse comentário.
A Telefônica é vista como uma das piores prestadoras de serviços em São Paulo. Logo, é normal que as pessoas que seguem o Marcelo Tas e tem uma experiência com essa empresa, vão achar uma verdadeira falta de noção falar bem da marca, mesmo que seja um novo serviço.
Resta-me apenas observar o desenrolar dessa história e me preparar para no futuro ver um case de sucesso ou de um fracasso homérico de publicidade no Twitter. De qualquer forma, é um primeiro passo para a exploração da ferramenta como veículo publicitário.