Estou próximo do aniversário de 10 anos de formatura do ensino médio. Pois é. Eu sou mais velho do que aparento ser fisicamente e mentalmente, já que tenho a pisque de um pré-adolescente. Isso me faz refletir sobre alguns ritos de passagem que somos submetidos durante a época de escola.
Existe um momento claro, marcado entre o final da oitava série e o início do primeiro ano (na minha época a contagem ainda era assim, mas parece que mudou, né?) em que deixamos de ser meras crianças que jogam futebol com latinha de refrigerante amassada a passamos a ser jovens entrando na adolescência e buscando algo mais do que apenas interações intra-classe com as garotas do colégio.
Como estamos nessa fase de transição, queremos sempre passar a impressão de que não somos mais aquelas crianças bobinhas do primário. O primeiro passo é adotar novos termos para velhos conhecidos:
O recreio deixa de ser recreio e passa a ser chamado de “intervalo”. Recreio é coisa de criança que precisa desses preciosos 20 minutos no meio do dia para brincar e se distrair durante as aulas.
A merenda passa a ser chamada apenas de “lanche”. Já que merenda lembra merendeira e como um bom pré-adolescente, você não usa mais essa maletinha com personagens da Turma da Mônica (que você adora) pra levar os lanchinhos do intervalo.
O recreio, digo, o intervalo, que antes era repleto de crianças correndo brincando de pega-pega ou jogando futebol de latinha dá lugar a pequenos e grandes grupos de pré-adolescentes que se juntam para conversar sobre bandas, artistas e revistas da moda. Em alguns casos (era o meu), uma turma se junta pra jogar RPG em algum canto obscuro do colégio, longe da vista dos curiosos e dos ignorantes sobre o assunto.
E nesses grupinhos, o pega-pega de brincadeira dá lugar ao “pegar” de verdade. Se você corre no intervalo, você passa a ter menos chances de conquistar as garotas que nesse momento deixam de usar roupas largas e passam a desfilar com calças mais coladas e blusas mais apertadas, destacando os atributos que conquistaram nos últimos meses.
Muitos pré-adolescentes perdem o “B.V” nessa fase da vida. Alguns demoram um pouco mais.
A aula de Educação Física deixa de lado os jogos de queimada e atividades mais bobinhas e passa a ser apenas futebol, handebol, vôlei e basquete. Qualquer outra atividade além dessas é coisa de criança e não vale a pena ser feita.
E assim você vai crescendo. Deixando de lado aquelas coisas que você contava os segundos para fazer e quando menos percebe, está dando adeus ao colégio e entrando na faculdade. Um mundo completamente diferente. Até que você se forma e percebe que se tornou um adulto e fica morrendo de saudade daquele tempo em que as preocupações se resumiam em estar com os amigos na hora do recreio e não ficar por fora de nenhum assunto.
Crescer é uma droga.
Quero voltar a jogar RPG na escola todo dia com meu grupo e não só a cada 2~3 semanas na casa de um dos amigos desse mesmo grupo. ): (quase 5 anos depois)
ah, pára. crescer foi a melhor coisa que já me aconteceu, hahahaha
E ainda digo mais, concordo plenamente com a parte do “crescer é uma droga”