Em algum momento dos anos 90…
Não lembro muito bem quando a vi pela primeira vez. Provavelmente deveria ter os meus 10 ou 11 anos de idade. Estava acostumado com outro tipo de interação menino x menina que consistia basicamente em pedir a borracha emprestada durante as aulas.
Já tinha ouvido falar dessa garota que todos os meus amigos um pouco mais velhos (alguns até da minha idade) comentavam. Garota nada. Já era uma mulher, e pelas histórias que me contavam uma das mais experientes. Mas sempre fui muito tímido com garotas. Não poderia ser diferente com ela. Até que um dia finalmente tive o prazer de conhecê-la.
Era madrugada de sábado. Uma das poucas em que eu, no auge da minha pré-adolescência repleta de hiperatividade, estava acordado. Na televisão nada de interessante. Na época não tinha TV a cabo, portanto as minhas opções eram limitadas. Entre um clique do controle remoto e outro, me deparo com aquela mulher. Morena, cabelos curtos e olhos claros como o oceano. Ainda que estivesse vestida, bastou apenas um nome para saber que finalmente tinha sido apresentado à Emmanuelle.
Como um bom cavalheiro (desde cedo, como podem ver), me acomodei confortavelmente na cama, diminuí o volume da televisão até quase um sussurro e deixei que ela me conduzisse rumo à uma jornada inesquecível pelo mundo. A partir daquele dia, todos os meus sábados passaram a ser dedicados apenas à Emmanuelle.
Até então, meus amores platônicos sempre foram as mocinhas (Angélica, Duda Little). Um amor casto. Quase como aqueles namorinhos de escola onde o máximo de contato que tínhamos era tocando as mãos. Mas Emmanuelle estava me apresentando um novo nível de amor platônico. Um nível onde o número de roupas era menor e o máximo de contato era comigo mesmo, mas deixa essa parte pra lá.
Foram incontáveis sábados. A cada dia, era apresentado a um novo país ou região, tendo presenciado até mesmo o que gosto de chamar de sexo intergaláctico. Confesso que no começo achei tudo muito apressado. Era novo e ainda não compreendia a beleza de duas garotas se beijando e se esfregando. Mas foi fácil entender porque gostavam tanto daquilo.
E assim foi por quase 5 ou 6 anos. Dedicando todas as minhas madrugadas de sábado a prestigiar a maior professora de educação sexual de todos os tempos.
Eventualmente, deixei de lado o sexo solitário televisivo e passei a me relacionar com garotas do mundo real. Mas sempre dizem que determinados amores nunca serão esquecidos. E isso é uma verdade.
Hoje, quase 20 anos depois, tive a triste notícia de que nossa eterna Emmanuelle falecera. É com tristeza e aperto no coração que me despeço daquela que me proporcionou inúmeros momentos de felicidade, intimidade, descobertas sobre a vida e, acima de tudo, cumplicidade.
Obrigado por tudo, Sylvia Kristel. Ou, como todos nós a conhecemos, Emmanuelle.
P.S.: Em homenagem, declaro luto oficial de 3 dias no meu computador. Ou seja, sem qualquer outra pornografia.
1 Responses to " O meu adeus à Emmanuelle "