Voltando a esse humilde diário da minha vida pra contar a vocês que dia desses estava exorcizando meus demônios internos e jogando um 2048 maroto no banheiro da firma quando escuto uma voz sussurrando próxima ao meu ouvido:
– Rafael… Rafael… Você tá ai?
Logo que o meu primeiro pensamento foi: ou meu pênis ou meu ânus agora estão conversando comigo ou eu estou ficando louco.
Mas acabei falando “sim, estou aqui”, e para a minha surpresa era a senhorinha que cuida da limpeza lá do trampo. Eu, com as calças na altura dos tornozelos e sentado soberano no trono, obviamente fiquei em estado de completa catatonia, pois nunca nem imaginei ser interrompido nesse momento tão íntimo no ambiente de trabalho.
Uma coisa é você estar lá sentado e alguém tentar abrir a porta. Você toma um sustinho, corta instintivamente o rabo do saya-jin mas já é algo esperado quando se convive nesse ambiente com outras pessoas e apenas um banheiro. Mas chegar a esse nível de interação, quando a pessoa conversa com você é algo que eu realmente não estava esperando.
Gaguejando um pouco, tentei dar continuidade a conversa.
– Sim, estou aqui.
– Me passa essa toalhinha de mão que tá aí?
– Não dá pra esperar só um pouqinho não?
– Pode jogar aqui fora, não vou ficar em frente a porta.
Bom, era o mínimo que eu esperava, né? Não ter plateia pra ver essa situação constrangedora.
Como o pedido da moça parecia urgente, não me restou outra coisa se não jogar a toalha pra ela. E fiz isso com toda a rapidez que é peculiar de alguém que não quer ser visto nesse momento lindo de intimidade ser humano/privada.
Primeiro, me posicionei de forma a ficar completamente escondido atrás da porta quando a abrisse. Isso porque não estava muito afim de levantar a calça. Era melhor ficar escondido mesmo.
Em menos de 3 segundos eu abri a porta, joguei a toalha e fechei a porta.
Porém, da mesma forma que ser interrompido pelos pais durante o ato sexual, voltar ao árduo trabalho de reciclar os alimentos ingeridos no dia perde toda o sentido de sua existência. Só me restou deixar as coisas pela metade, me recompor e voltar para a sala.
Quase uma semana depois ainda rola um climão quando vejo a tia da limpeza.
Errado é vc por cagar no banheiro da empresa, todo mundo sabe que cagar é unicamente no banheiro de casa.
Qualquer coisa além disso denota mau-caratismo.