Rafael e micaretas são duas coisas que não combinam. Vocês já devem estar cansados de rir da minha cara sabendo que me dei mal nas duas únicas tentativas (aqui e aqui) as quais me submeti para curtir essa manifestação cultural e popular.
A mais famosa delas, claro, é o Axé Brasil.
No ano passado, você deve se lembrar, tive meu celular roubado. Com malditos 5 minutos na pista desse evento, fui vítima desse mundo cruel. Mas não me abalei e aqui estou, 1 ano depois, escrevendo mais um post sobre esse evento tão adorado.
Dessa vez não fui convidado para nenhum camarote (mas estou aberto à propostas) nem vendi um vídeo-game para comprar ingressos. Estou pura e simplesmente gastando o meu precioso tempo para elaborar e divulgar algumas dicas de sobrevivência para o Axé Brasil 2012. Afinal, você estará em meio a uma selva de pessoas com segundas, terceiras e quartas intenções com tudo o que diz respeito a você (sexualmente e materialmente).
Essas dicas visam manter a integridade física de você e dos seus pertences. Portanto, anote-as bem e boa sorte!
1 – Roupas e conforto
Em um evento como uma micareta, não dá pra fugir muito no quesito roupas e conforto. Para começar você usa um abadá. O uniforme universal dos babacas. Na teoria, deveria ser usado apenas uma vez, no dia do evento, mas o ser humano adotou o “ingresso” como um adereço do dia a dia. Não os culpo.
No caso de homens, o abadá serve mesmo somente para entrar no evento, já que após a revista da Polícia, aqueles que são dotados de um corpo sarado removem imediatamente a blusa, utilizando-a como luva de boxe ou, em alguns casos, como suporte para a degustação olfativa de loló. Tem aqueles também que usam a blusa normalmente, o que foi o meu caso.
Bermudas e calça jeans completam o traje. Tênis à sua escolha.
Para as mulheres, o abadá serve basicamente como uma forma de exibir os seus atributos físicos em meio à enorme demanda masculina. Geralmente as garotas adotam cortes extravagantes no adereço, criando decotes, capuzes, transformando-os em camisa e em alguns casos, tops.
As mais recatadas preferem calças jeans, enquanto aquelas que desejam sair de lá com um possível relacionamento, adotam os shorts (com um tamanho semelhante ao de um cinto). É raro, mas em alguns casos vemos até garotas de saia. Mas, o ônus dessa peça de roupa é a facilidade de acesso ao parque de diversões, o que pode ser bem desagradável no meio da multidão.
No calçado, o recomendado também é tênis. Mas, caso esteja adotando o estilo piriguete, sandálias “gladiador” complementam o visual.
Esse ítem do guia pode parecer dicas de moda, mas vale lembrar que você estará em um ambiente com, pelo menos, outras 40 mil pessoas. Não é dica de moda dizer o que você deve usar para não voltar para casa com o pé esmagado e duas unhas encravadas.
2 – Alimentação
Qualquer evento voltado para multidão, seja o Axé Brasil ou um Lollapalooza da vida, tem como uma de suas principais funções explorar ao máximo a falta de opções alimentícias. Ou seja, normalmente você come um salgado pagando no máximo R$ 3,00. Nesses eventos, qualquer alimento que seja não sairá por menos de R$ 15,00. A não ser que você esteja em um camarote open food.
Portanto, abuse dos sanduiches de pernil na entrada do evento, dos espetinhos de porco, boi, coraçãozinho e linguiça, dos pasteis fritos e dos pacotes de Salpete. Serão as suas opções mais baratas de alimentação em um raio de (não sei quanto mede o Mega Space).
3 – Hidratação
O que eu disse sobre a comida, vale também para as bebidas. O nome hidratação não significa somente água ou Gatorade, mas até para as bebidas alcoolicas. Se bem que pra essas ainda sempre tem a alternativa de levar uma daquelas mochilas “camelbak”, mas não sei se ainda é permitida a entrada.
Uma dica valiosa: nunca aceite bebidas de estranhos. Já ouvi casos de pessoas que aceitaram um gole de vodka de desconhecidos e acordaram em uma banheira repleta de gelo. Não notaram nenhuma cicatriz nas laterais do corpo, mas quando tentaram defecar, sentiram uma dor indescritível e notaram a completa falta de controle sobre o esfíncter, que já não existia após 10 horas de diversão com uma quadrilha de traficantes senegaleses.
Há histórias também de quem tenha notado um gosto meio diferente nas cervejas oferecidas por estranhos. Gosto de rins e bexiga, se é que me entende.
Portanto, leve a sua água, a sua bebida e a sua própria urina. Se é pra beber, que seja a sua.
4 – Pertences
Essa é a parte mais delicada de uma micareta. Se for possível, leve apenas o seu ingresso e o documento de identidade. Nada mais. Se alguém te roubar, o maior prejuízo que você terá é simplesmente ir ao Instituto de Identificação mais próximo e pedir uma segunda via.
Caso você insista em levar celular, carteira com talão de cheques, cinco cartões de crédito diferentes, Vale-refeição, duas camisinhas e um calendário de São Jorge, o ideal é utilizar a estratégia do short com bolso por baixo da calça ou bermuda. Adotei essa estratégia uma vez quando era mais novo. Infelizmente, não me lembrei da mesma no ano passado e tive um Iphone roubado.
No Axé, você deve desconfiar de toda e qualquer pessoa que esteja ao seu redor. Não estou sendo preconceituoso, mas existem ladrões aos montes naquele ambiente. Por mais que a pessoa tenha cara de trabalhadora, não custa nada ela enfiar um dedo no seu bolso e te causar um enorme prejuízo e perda de tempo.
Em um universo perfeito, caras como eu saberiam desenvolver explosivos e rechearia a carcaça de um celular com C4. No ato do furto, ou quando me desse conta, apenas detonaria o artefato e sairia de lá com um sorriso no bolso e consciência mais limpa que chão de hospital.
5 – Da postura com mulheres
Não há muito que dizer nesse quesito. Não sou o melhor exemplo de como se portar para pegar mulher no Axé. Mas, pelo que pude observar nas edições anteriores, o comportamento padrão de caras que vão à essas micaretas é simplesmente puxar a garota pelo cabelo ou aplicar uma chave de braço, de forma que ela não possa se mover ou recusar um beijo.
Se você é do tipo que gosta de se apresentar, ter uma boa conversa, pegar telefones e curtir um cineminha, esqueça. Aquela selva não foi feita para você. Você será trucidado pelos trogloditas que frequentam aquele ambiente e se chegar muito educadinho na garota, provavelmente será chamado de Plínio, ou viadinho.
O mundo é cruel. O Axé Brasil é mais ainda.
6 – Durante uma briga
O que você mais vai ver no Axé Brasil, além de pessoas feias e bêbadas, são brigas. Elas começam inesperadamente e, mesmo que você nunca tenha discutido nem nas aulas de retórica, você é um inimigo em potencial dos que estão no meio da porradaria.
O mais indicado é simplesmente sair de perto quando a briga começar. O Axé Brasil tem uma aura toda especial que faz com que idiotas se juntem a outros idiotas e acreditem que essa é a melhor forma de lidar com problemas. Em um dia comum, o cara que se junta com 50 amigos para bater em outro sozinho, seria o primeiro a correr e chorar para a mamãe caso você trombasse com ele e olhasse feio. Mas, de galera, todo mundo é corajoso.
Portanto, não arrisque.
Espero que essas dicas ajudem a você, amigo leitor, a voltar são e salvo para a sua casa sem nenhum prejuízo financeiro ou físico. Já excedi a minha cota de frustração com esse evento e, acredito, que já me fodi o suficiente para mantê-los informados e prevenidos sobre o que encontrar nesse ambiente.
Um grande abraço!
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