Eu quero ser o Mário D’Alcântara quando crescer!

Escrito por Arquivo

Olha a fera aí!

Olha a fera aí!

Provavelmente esse texto não quer dizer nada para a grande maioria das pessoas que chega até o Blog. Ele diz respeito mais a quem, assim como eu, faz parte do mundinho mágico da publicidade.

Portanto, fique a vontade para continuar a leitura ou então leia aqui 21 coisas sobre sexo que eu aprendi no PornoTube.

Uma coisa é fato nesse universo da publicidade: As mudanças são constantes e o que eu aprendi nos primeiros períodos, hoje, já está ultrapassado.

Alguns publicitários (creio eu, com mais tempo de profissão), mais ligados àquela publicidade tradicional, de várzea, não aceitam uma grande mudança que ocorreu nos últimos anos: a Internet entrou com tudo pela porta da frente e não vai aceitar ser expulsa da festa.

É difícil entender essa tal de mídia social. Essa parada estranha que a sua filha passa o dia todo acessando. Como é que se chama mesmo? Orkuts. EmiésseÊni. Tuíter. É tanta coisa nova, que o bom e velho papel couché tem ficado de lado.

Especificamente em Minas Gerais, o tradicionalismo ainda impera em algumas grandes agências de publicidade. Internet, mídias digitais e alternativas são praticamente as últimas opções durante um planejamento de comunicação. O lado bom disso tudo é que aquelas que já descobriram o poder desse novo meio já estão aproveitando cada segundo dessa nova onda e deixando seu nome cada vez mais em evidência.

Lá em cima eu disse sobre esses publicitários mais velhos que não sacam nada da internet, certo? Então. Como em toda regra há uma exceção, aqui a exceção tem nome: Mário D’Alcântara.

Mário D’Alcântara seria só mais um senhor de idade fofinho e engraçado se não fosse por um fato simples: Ele é publicitário há quase tanto tempo quanto meu pai é gente.

Quando ele começou na profissão eu nem sequer fazia parte do órgão reprodutor do meu pai.

Teoricamente, ele seria de um pensamento mais clássico. Estilo aquele pessoal que eu tanto adoro ver em Mad Men.

Mário D’Alcântara não tem nada a ver com aquele pessoal chatinho da publicidade. Ele é, com o perdão da palavra, simplesmente um dos caras mais foda e geniais que já vi em toda a minha vida.

Com os seus 66 anos de idade, ele tem uma visão da publicidade, do presente e do futuro, que muita gente que eu conheço e faz parte dessa área sequer consegue imaginar que exista.

Posso dizer sem medo algum que você entra em uma palestra dele de um jeito e sai completamente diferente.

Infelizmente, hoje foi a primeira vez que tive a oportunidade de escutar o que esse “velho” tem a dizer. E nas circunstâncias mais adversas possíveis. O tema da palestra era algo “blah blah blah Direito e Comunicação” e Mário foi convidado a falar sobre Ética na Publicidade.

Vale citar que ele é Diretor Executivo do Sinapro-MG. Ou seja, ali a palestra não era sobre Publicidade, Futuro da Publicidade ou Como ser um Bom Publicitário. Era pura e simplesmente o Diretor Executivo do Sinapro-MG falando sobre ética na Publicidade.

Seria apenas mais uma palestra se fosse com outro sujeito. Com o Mário (tomo a liberdade de tratá-lo assim) a coisa não ficou na mesmice.

As duas primeiras palestras trataram sobre Propaganda Enganosa e Defesa do Consumidor e Propriedade Intelectual. Ambas ministradas por Advogados. Advogados falando para publicitários.

A advogada que ministrou a primeira palestra deve ter falado alguma abobrinha durante o seu blah blah, pois quando o “velho” subiu no palanque, ele deu início a uma das palestras mais épicas que já vi na minha vida.

O que era pra ser um tratado sobre ética e propaganda se tornou uma lição de vida. A típica história de filme onde o “velho” mostra tudo aquilo que o mocinho inconseqüente e rebelde precisa ver para se tornar alguém.

Ele conseguiu com a ajuda de uma boa dose de sarcasmo e ironia desconstruir completamente as duas palestras anteriores. Tudo o que foi dito antes dele não é nada além de uma nuvem de “Blah Blah Blah” na minha cabeça.

A cada comentário mais ácido, desconstruindo a palestra sobre Publicidade Enganosa, era uma gargalhada daquele bando de aspirantes a publicitários. Muitos ali apenas riam da piada. Mas bem no fundo, não era uma piada. Ou era. Mas, particularmente, cada palavra dele soou como “esse mundinho aí ó, de faculdade, teoria e blah blah blah, tá mudando. A real agora é essa ó”.

E com poucos dados mostrou para uma platéia completamente imersa em suas palavras que sim: A internet não é mais o futuro e sim o presente da publicidade.

Eu gostaria do fundo do meu coração que a platéia da palestra fosse diferente. Ao invés de formandos em publicidade, poderia estar lotada de diretores de criação, planejadores, redatores, diretores de arte, mídias e atendimentos que tem a cabeça lá no início dos anos 80. É mais fácil ouvir um “idoso” de 66 anos de idade, mas com espírito de adolescente, do que ouvir os próprios “adolescentes” que estão entrando no mercado agora.

Eu quero ser o Mário D’Alcântara quando crescer.

Se quer saber um pouco mais sobre o que esse cara foda tem a dizer, acompanhe a sua coluna todas as sextas, no Jornal Hoje em Dia.