Em carta aberta, He-Man mostra indignação com a internet

Escrito por Arquivo

Em carta aberta publicada no portal eterniaemdia.com, o jovem príncipe Adam mostra indignação com a internet e a grande questão sobre a sua sexualidade.

#chatiado

“Quando estava saindo da cerimônia de entrega do prêmio Melhor Cabelo de Etérnia, há duas semanas no grande Castelo de Grayskull, fui abordado por um rapaz meio abobalhado. Ele disse que me amava, que admirava a forma como eu me vestia e lançava tendências, chegou a me dar um beijo no rosto e pediu uma entrevista para seu quadro de piadas em um site de humor na internet.

Mesmo estando com o Pacato à minha espera, achei que seria rude sair andando e negar a entrevista, que de alguma forma poderia ajudar o cara. Sei lá, sou da época da gentileza, do muito obrigado e do por favor, acredito no ser humano e ainda sou ícone fashion de Etérnia, ou seja, o cara mais legal do pedaço.

Ele me perguntou uma ou duas bobagens, e eu respondi, quando, de repente, apareceu o Esqueleto com a mão melecada de gel e seu repertório de péssimas piadas, passou na minha cabeça e ficou olhando para a câmera rindo. Foi tão surreal que no começo eu não acreditei, depois fui percebendo que estava fazendo parte de um programa de TV, desses que sacaneiam as pessoas. E nem ao menos era apresentado pelo Ashton Kutcher.

Na hora eu pensei, como qualquer homem que sofre uma agressão, em sacar a minha Espada Mágica, gritar Eu Tenho a Força e enfiar a porrada no garoto, mas imediatamente entendi que era isso mesmo que ele queria, e me bateu uma profunda tristeza com a condição humana, e tudo o que consegui foi suspirar algo tipo ‘meu cabelo, meu cabelo’ (ficou um horror, ficou um horror), virar as costas e subir no Pacato. Mesmo assim fui perseguido por eles. Não satisfeito, o rapaz se agarrou no rabo de Pacato, eu tentei empurrá-lo, ele colocou uma a perna, uma coisa extremamente bem torneada, depilada e muito macia, digo, violenta mesmo. Tive vontade de dizer: “cara, cê tá louco, me respeita, sou o príncipe de Etérnia e tenho o cabelo mais legal do pedaço”. Mas fiquei quieto, tipo ser trollado na internet, em que reagir é pior.

Pacato foi embora. No caminho, eu pensava no fundo do poço em que chegamos. Meu Deus, será que alguém realmente acha que jogar meleca nos outros é engraçado? Qual será o próximo passo? Tacar sêmen nas pessoas? Atingir os incautos com seus paus para o deleite sorridente do telespectador?

Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos, pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores que faz, por exemplo, com que uma emissora de TV passe o dia INTEIRO mostrando imagens das minhas lições de moral como se isso fosse a coisa mais engraçada do mundo. Estamos nos bestializando, nos idiotizando. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice. Amigos, a mediocridade é amiga da Bárbara, manicure da Feiticeira, e a coisa tá feia.

Digo isso com a consciência de quem nunca jogou o jogo bobo da webcelebridade. Não sou webcelebridade de nada, sou príncipe e protetor do reino de Etérnia (além de ícone fashion). Entendo que apareço (ou aparecia, não sei como anda a programação matinal da Globo) na TV das pessoas e gosto quando alguém vem dizer que curte meu cabelo,  minhas roupas, meus músculos bem definidos, assim como deve gostar o Mentor quando ouve um elogio (e faço questão de elogiar o formato fálico de seu capacete). Gosto de ser reconhecido pelo que faço, mas não suporto falta de educação e de senso estético. O preço da fama? Já engoli coisas piores.

No dia seguinte, o rapaz do programa mandou e-mail para o escritório que me agencia (o mesmo do Felipe Neto) se desculpando por, segundo suas palavras, a “cagada” que havia feito. Isso naturalmente não o impediu de colocar a cagada em seu blog. Afinal de contas, vai dar mais audiência. E contra audiência não há argumentos. Será”?