Diversão em Belo Horizonte

Escrito por Arquivo

Uma das grandes vantagens de trabalhar na Savassi é estar no meio de um grande experimento social envolvendo a juventude belo-horizontina.

Quem freqüenta essa “área nobre” da capital mineira sabe o que quero dizer, principalmente ali na região da Getúlio Vargas, Cristovão Colombo e Tomé de Souza.

Temos uma completa visão de como é ser adolescente em Belo Horizonte hoje em dia. E isso me entristece.

Sentado tranquilamente ao lado de Fernando Sabino, podemos observar a seguinte cena nas noites de sexta/sábado/domingo na Savassi:

A molecada em pé em frente a um bar sem tomar cerveja ou qualquer outra bebida e conversando assuntos provavelmente relacionados ao show do Cine ou a última banda sensação do Matriz (insira aqui Rezet, Dilúvio, Jokempo, Vertente, Nihil, Ad-Rock ou qualquer outra dessas que tocam todo domingo por lá).

Ah sim, alguns deles provavelmente esperando o pai ou a mãe buscá-los de carro, pois, você sabe, voltar pra casa de ônibus é muito perigoso e a Savassi, provavelmente, é o lugar mais “fodástico” em que já estiveram.

Isso me lembrou da época em que eu ia pra Savassi com o pessoal do bairro. Eu tinha, tipo, uns 14 anos. Era uma aventura pegar o 62 às 4 horas da manhã e descer na Cristiano Machado completamente deserta e andar mais uns 25 minutos até em casa.

Não que a minha época tenha sido melhor (o que provavelmente foi, pois ao invés de Cine ou Restart, costumávamos nos vestir como os caras dos Ramones ou, sei lá, mais simples, como um skatista. Um visual sem muitas cores), mas atualmente esse pessoal não anda tendo lá muita opção de se divertir. Toda sexta são as mesmas pessoas nos mesmos lugares conversando sobre os mesmos assuntos. É como se Malhação fizesse parte do mundo real, só que sem personagens novos a cada temporada.

Sério mesmo que a sexta-feira se resume a ficar parado em frente uma rede de fast-food com algum aprendiz de guitarrista tocando violão e errando 9 a cada 10 acordes? Pior ainda: sério que toda essa “curtição” tem que ser documentada para o Orkut?

Foi-se o tempo em que ficar parado em frente ao McDonald’s era sinônimo de diversão. Bom, prefiro ficar parado lá dentro, de preferência com um Big Tasty numa mão, uma Coca 500 ml na outra e uma Big Fritas no meio. Pelo menos a comida é mais saudável do que o papo dessa turminha.