Sou um cara educado. Fato. Sou do tipo que vai no rodízio e agradece a todos os garçons que fatiam aqueles belos pedaços de picanha, maminha, cupim, alcatra e coraçãozinho no meu prato. Teoricamente, é a função deles. Estão sendo pagos pra isso e a nossa relação se resumiria somente no fato deles abastecerem o meu prato com churrasco. Mas vou além, eu agradeço.
Outra grande característica da minha educação é sempre cumprimentar os vizinhos mais velhos do bairro. Os mais novos não faço muita questão, mas sempre dou um Oi para os demais. Nunca havia tido problemas, até ontem.
Chegando do trabalho cansado e com fome, abri o portão normalmente enquanto uma senhora caminhava em minha direção com o seu cachorrinho. A poucos metros, a pessoa abaixa e coloca a coleira no cão. Olhei para a cena e de relance vi que era a mãe do meu vizinho.
Educadamente, mandei um “Eiii ‘dos Anjo’!” com um largo sorriso no rosto.
Os segundos que se passaram foram os mais lentos da minha vida. Bem devagar, a suposta mãe do meu amigo se levantou e me encarou. Obviamente, não era a “Dos Anjo”. Era uma garota random qualquer que me olhou assustada pensando “que maluco” e depois olhou para trás, achando que eu estava cumprimentando uma pessoa atrás dela.
Quando percebi que estava pagando um mico enorme, rapidamente o meu cérebro deu o seu jeito e, como estava com os fones de ouvido do celular, puxei o controlador de volume e fingi que estava falando com alguém.
– Eiii Dos Anjo!
Menina olha com cara de bunda.
– Já to chegando em casa já, poxa. Minha mãe? Tá bem! Liga pra ela depois…
Glória!
Esses poucos segundos da mais pura interpretação Sheakspiriana me valeriam um Oscar, com certeza.
Saí andando como quem não quer nada. Mantendo a pose de sempre, característica da minha pessoa. Só mais um dia comum.
RÁ!
Muito bom!
🙂
haha, tá valendo!
(P.S.: po, essa caixa de comentários força o texto a ficar em maiúsculas, rapaz? haha que estranho fica)
Falso. ¬¬”
=P