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Qual é a posição correta do papel higiênico?

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Preciso falar sobre um assunto muito delicado e importante no atual cenário mundial. Qual é a posição correta do papel higiênico? Com a ponta caindo por cima ou vindo por baixo?

Passo pelo menos 15 minutos (às vezes mais, às vezes menos) do meu dia realizando o nobre ato de completar o ciclo digestório. Quando nessa situação, gosto de me sentir confortável e saber tudo está em seu devido lugar.

Quanto mais confortável e mais familiarizado com ambiente, melhor o meu intestino funciona. Logo, posso dizer que a minha saúde depende da posição exata e correta do papel higiênico.

O papel higiênico não é como o durex. Quando se trata dessa famigerada fita adesiva, já travei épicas batalhas e enfrentei labirintos assustadores em busca da ponta perdida. Mas o trabalho de localizá-la fica muito mais fácil quando sabemos que a ponta está no sentido “cascata”.

Voltando ao papel higiênico, dificilmente estaremos correndo o risco de perder a ponta. Mas é extremamente importante sabermos onde ela se encontra. Além disso, o manuseio fica muito mais fácil e podemos fazer o corte no lugar certo. E vale lembrar que o corte correto do papel higiênico é essencial para uma boa limpeza.

Como você já deve ter percebido, sou uma pessoa sensata que defende que o papel higiênico deve estar sempre posicionado da seguinte forma:

papel higiênico

esteticamente perfeito

Fico incomodado quando faço uma imersão nesse momento tão íntimo e me deparo com o papel higiênico posicionado da forma incorreta. É uma sensação tão frustrante quanto um coito interrompido.

Imagino que algumas pessoas sentem-se mais confortáveis com a ponta saindo por baixo, escondida e dificultando o destaque do papel. Mas o que seria da vida sem as adversidades, não é mesmo? Há quem prefira enfrentar desafios constantemente.

Eu, pelo contrário, gosto de tranquilidade quando estou no reino mágico do banheiro.

Sei que essa é uma discussão tão fundamental quanto a famosa “bolacha x biscoito” e trago o debato à luz sabendo que corro o risco de acender o pavio de uma banana dinamite, mas assumo a responsabilidade.

Afinal, existem os defensores da forma errada (ponta do papel higiênico saindo por baixo e quem diz bolacha) e existem aqueles que defendem a forma correta e os bons costumes, como a ponta do papel saindo por cima e o termo biscoito.

O que importa, no final das contas, é você ser feliz e sentir-se confortável na hora do cocozinho.

Se você é daqueles que prefere o papel higiênico de folha simples… aí, meu amigo, temos um problema. Mas discutiremos em uma outra oportunidade.

Agora preciso me limpar.

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Quero deixar de ser gordo e ficar igual ao Chris Pratt

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Não dá pra ser gordo e se vestir bem. Recentemente passei pela tortura que é tentar comprar uma roupa que me vista razoavelmente bem estando acima do peso. Eu precisava de uma calça jeans e uma camisa social para uma ocasião mais formal e não existe nada mais chato no mundo que procurar roupas nessa situação.

Eu era gordo. Ai fiquei magro e agora estou gordo novamente. Poderia ser um ator de Hollywood se preparando para um papel dramático, mas é apenas a minha péssima genética que transforma um hambúrguer em dois quilos de tecido adiposo sem o menor esforço.

Eu sou um cara orgulhoso. Sei que estou gordo mas não admito isso internamente. Sendo assim, eu me recuso a apelar para lojas de roupas com tamanhos especiais. Na minha cabeça, ao fazer isso estou aceitando a condição deque sou gordo e não tem volta. Não vou me resignar assim tão fácil.

Por já ter sido gordo anteriormente, eu sei que camisas são muito mais fáceis de se encontrar em tamanhos maiores. Já as calças…

Parece que as lojas de departamento no Brasil tem vergonha de vender roupas para gordos. Para começar, nenhum tamanho acima de 48 fica em destaque nas lojas. Não sei se alguém explicou para esse pessoal que a população brasileira está ficando mais gorda, porque o tamanho padrão dessas lojas é 42. QUARENTA E DOIS. Parece a resposta para o sentido da vida, do universo e tudo o mais, mas é apenas uma noção errada de que todo mundo é magro.

As calças para gordos ficam literalmente escondidas nos fundos da loja ou em corredores obscuros, afastados e escondidos. Para encontrar essas calças, é preciso passar por vielas perigosas e alguns becos minúsculos.

No fundo, bem no fundo da loja, no lugar onde os dinossauros vão pra morrer, a gente encontra uma calça tamanho 48. Com sorte, uma 50 pra ficar larga e durar mais uns 10 quilos.

Para um cara gordo como eu, comprar roupa não se baseia em encontrar algo que eu goste e fique bem em mim. Se baseia em torcer para encontrar uma roupa que caiba no meu corpo.

Você não compra o que quer. Você compra o que te serve e agradece por isso.

Depois de procurar por uns 15 minutos, acabei encontrando uma calça que me serviu e não ficou parecendo aqueles modelos dos anos 2000.

calça para rappers

Eu não quero me parecer com alguém dos anos 2000

Além de jogar a minha autoestima lá embaixo (e sendo gordo eu tenho um limite para o quanto consigo me abaixar), essa situação acabou me deixando em estado de alerta. Ou eu tomava um jeito na minha vida ou estaria caminhando a passos largos para desenvolver algum problema grave de saúde.

Dei essa volta toda, explicando o contexto da situação apenas para revelar o meu tradicional projeto de emagrecimento para 2016.

Resolvi esperar a virada do ano, que é quando o meu cérebro consegue se prender a alguma promessa ou objetivo traçado e resolvi iniciar o projeto que chamei carinhosamente de Fat2Pratt.

A ideia é basicamente fazer igual o Chris Pratt: deixar de ser um gordinho engraçado e simpático e me tornar um cara forte, definido, engraçado e simpático.

fotos do chris pratt

Chris Pratt semi nu passando na sua tela

Comecei cortando todas as porcarias que eu estava acostumado ingerir todos os dias: refrigerantes, salgados, sanduiches e doces. Em 2013 eu fiz exatamente a mesma coisa e tive um resultado muito rápido e agora espero conseguir novamente.

O segundo passo foi iniciar a prática de exercícios físicos regulares. Eu já jogo futebol toda terça feira e agora me matriculei numa academia e pretendo malhar de segunda a sexta (eventualmente em algum sábado).

O próximo passo é consultar uma nutricionista e fazer uma dieta correta, já que no momento estou apenas cortando alimentos citados acima e comendo menos.

Como todo projeto fitness, criei um instagram pra registrar a evolução. Você pode seguir aqui: @fat2pratt. Na verdade ainda estou um pouco tímido pra começar a postar, mas a primeira foto sai em breve. To tentando pensar em alguma frase de efeito e uma foto impactante.

Tentarei fazer um registro do progresso dessa empreitada aqui no blog também, mas sem apelar pra essa coisa chata que a maioria da turma fitness faz de se achar incrível e que é possível viver de água e salada o dia todo. Não vou dar nenhuma dica, porque não sou apto pra isso. Se fosse, seria magro. E professor de educação física, mas sou apenas um gordo tentando comprar uma roupa bonita pra caprichar no rolê com a namoradinha fashionista.

Se quiser me acompanhar, fica o convite.

VEM MONSTRO! PODE VIR, MONSTRO!

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O dia em que me tornei um Belieber

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É preciso admitir: fui contaminado pela Bieber Fiever. Me tornei um belieber.

Logo eu, que falava tão mal de Justin Bieber há alguns anos. Que me considerava o diferentão, o vanguardista, o apreciador de Caetano Veloso e Chico Buarque. O escolhido da qual falava a profecia.

Confesso que era o típico babaquinha que se achava muito superior por não gostar de Justin Bieber. Achava “infantil” toda essa coisa de belieber. Um bando de adolescente sem noção de música. Bom mesmo era rock e apenas rock.

Mas ai veio a idade e o Spotify.

A idade foi responsável por me fazer perceber o quanto esse pensamento era idiota e o Spotify se encarregou de expandir o meu gosto e conhecimento musical. Hoje em dia posso dizer que escuto qualquer coisa sem o menor preconceito.

Certo dia, ao abrir o Spotify para iniciar os trabalhos, me deparei com o single What Do You Mean? na seção “Novidades da Semana”. Resolvi dar uma chance para o Justin Bieber e o resultado não poderia ser mais positivo: em 5 minutos eu já estava cantarolando a música enquanto trabalhava.

Como um soco bem encaixado no queixo, o novo disco de Justin Bieber fez muita gente rever os conceitos e preconceitos musicais dos últimos anos.

O tempo passa, envelhecemos e esquecemos que os “ídolos teens” e o público deles também crescem. Temos essa noção meio distorcida de que o tempo passou só pra gente. E quando nos deparamos com um disco como esse, somos obrigados a aceitar que cantores e bandas que tínhamos birrinhas há alguns anos podem fazer um trabalho excelente.

É um consenso geral que esse disco novo do Justin Bieber é bom. Todas as pessoas do meu círculo de amizades que há alguns anos jamais escutariam um disco dele, estão elogiando e comentando sobre como foram surpreendidos.

Não sei de quem é o mérito. Se é do próprio Bieber como compositor e artista ou se dos produtores que conseguiram dar uma identidade para o disco, que se assemelha bastante com os trabalhos recentes do Justin Timberlake (que também foi bastante subestimado ao sair do N’Sync).

Dá o play ai pra curtir.

É claro que isso não aconteceria se as músicas não fossem realmente boas. Tem muito artista que não acompanha o crescimento do público e continua fazendo o mesmo tipo de música de alguns anos atrás, tornando-se cada vez mais irrelevantes até que caem no limbo do esquecimento.

2015 foi um ano de surpresas musicais para os artistas que eram conhecidos apenas pelo público adolescente.

Taylor Swift foi a cantora mais relevante do ano. Todo mundo tirou uma casquinha do sucesso estrondoso do álbum 1989. Foram inúmeras as parcerias com gente do calibre de Mick Jagger e Madonna, além de ser o disco mais vendido do ano.

Na segunda metade do ano veio Justin Bieber, que finalmente deixou as polêmicas de lado e apareceu com um bom disco pop.

Espero que algumas bandas que eu ainda adoro sigam o mesmo caminho e evoluam seus trabalhos. Eu quero é isso mesmo: quebrar a cara achando que algo ruim não pode melhorar.

I WANT TO BELIEBE!

Por favor, me provem que eu estava errado lá em 2010!

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Uma jornada esperada

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Não quero soar pretensioso iniciando um projeto do tipo “365 dias” de alguma coisa. Até porque 2016 será um ano bissexto, então teremos 366 dias. Sei que tenho tantas outras coisas para cumprir no próximo ano que fica difícil selecionar uma para fazer todos os dias. Acho que viver já será um ótimo desafio diário.

Mas estou me propondo a meta de escrever pelo menos 1.000 palavras por dia em meus projetos de escrita.

As mil palavras podem ser do mesmo livro ou do mesmo post. Ou podem ser divididas entre dois posts de 500 palavras. A soma dos valores não altera o produto, segundo aquela teoria matemática, né?

O fato é que eu pretendo fazer de 2016 o ano em que finalmente transformarei algo que era apenas um sonho em um objetivo. E pretendo cumpri-lo.

Quem me acompanha sabe que ao longo do ano passado investi bastante em retomar a escrita. Comprei livros sobre o assunto, fiz oficinas, cursos e voltei a escrever. Como todo músculo que fica parado por muito tempo, ainda preciso encontrar o meu ritmo ideal. As engrenagens do cérebro ainda funcionam, só precisam de um pouco de óleo pra rodarem lisas e sem travar.

Já fiquei tempo demais apenas imaginando como seria a vida de escritor. Acho que agora é o momento de deixar a imaginação de lado e passar a vivê-la. Escrever sempre foi um dos meus maiores prazeres, além de ler e comer, obviamente. Comi demais e fiquei gordo, então agora pretendo escrever mais e ler ainda mais. Talvez a lógica da gordura funcione com essas duas coisas.

Fiz o compromisso de publicar pelo menos 3 textos aqui no blog e no meu perfil no Medium (serão textos diferentes, mas com grandes chances de publicar o mesmo nas duas plataformas). Não importa o tamanho ou o assunto. Quero apenas publicar algo dentro dessas condições.

Que esse primeiro dia de 2016 seja o primeiro passo para essa realização. Já começo com esse post (e serei bem sincero ao dizer que ele foi escrito ainda em 2015) rumo aos três semanais. Se terei muitos leitores, não importa. Se terei muitos comentários? Também não importa. Esse é um desafio muito mais pessoal. Quero provar a mim mesmo que sou capaz de cumprir esse objetivo e terminar projetos que estavam parados há tanto tempo.

Se você também planejou algo para esse ano, desejo de coração que tenha força para alcançar os resultados esperados. O meu é de escrever. O seu pode ser qualquer outra coisa. O importante é se colocar a prova e se esforçar ao máximo para cumprir os objetivos planeados. E não se preocupe com a frustração. Todo mundo passa por isso, mas como diz Rocky Balboa: o que importa é quantas vezes conseguimos nos levantar.

Estou aqui me levantando e partindo para a briga. Uma briga contra a preguiça e o cansaço. Uma briga contra a inércia e o desejo de não fazer absolutamente nada. Eu sei que apanharei por alguns rounds, mas espero que no final da luta o meu braço seja levantado.

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Meu 2015 foi um ano bom

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Eu adoraria fazer uma retrospectiva envolvente e cheia de reviravoltas sobre o meu 2015. Mas foi um ano tão normal, sem nenhuma grande decepção ou nenhuma novidade espetacular, que resolvi simplesmente citar aqui os principais pontos.

Em primeiro lugar, engordei todos os quilos que havia perdido durante o meu Projeto Balboa. Acho que foi a pior coisa que me aconteceu em 2015. Como não passei no concurso da PM em 2013, acabei relaxando durante 2014 e 2015. A vida é curta e não vou ficar me privando para sempre dos prazeres de uma boa gastronomia.

Você pode pensar que a minha vida é bem fútil por me preocupar por ter engordado, mas como eu disse acima: não aconteceu nada de excepcional esse ano.

Esse ano também voltei a jogar futebol. Provavelmente o ponto alto das minhas atividades físicas em 2015.

No meu relacionamento, as coisas se mantiveram da mesma forma. Meu namoro é ótimo e fizemos de tudo para que ele continuasse assim durante o ano. Como toda relação, algumas brigas e discussões são necessárias para que possamos saber que há de errado e ajustar para que não se desgaste. Gosto de pensar que não é preciso melhorar algo que já te faz bem, apenas manter o bom funcionamento.

Vi muitos relacionamentos de amigos chegando ao fim. Vi amigos entrando em uma bad terrível por causa disso, mas sempre tentei estar ao lado deles dando apoio e falando que, afinal, esse não é o fim do mundo.

No campo das amizades, algumas ficaram mais fortes. Outras se afastaram. Mas o saldo ainda é positivo.

Da mesma forma com a minha família. Foi uma no bem tranquilo para meus familiares.

Na questão profissional, posso dizer que tive alguns desafios e consegui superá-los. Gosto do meu trabalho. Tenho autonomia para propor ideias e colocá-las em prática desde que sejam viáveis e estou sempre aprendendo algo novo relacionado à minha área de atuação.

Tive convites para trabalhar em outros locais que ofereceriam uma remuneração melhor, mas estou numa fase da vida em que gosto de ter flexibilidade e autonomia para levar minhas ideias adiante. Outra questão que gosto de avaliar em uma oportunidade de emprego são os benefícios que a acompanham.

No meu atual emprego, além dos benefícios tradicionais, ainda tenho direito a estacionamento coberto (o que me permite tirar um cochilo diário após o almoço), o dress code não é rígido (só não posso vir de chinelo), tenho refeições gratuitas na empresa e o relacionamento com a equipe é ótimo.

A grande novidade de 2015 é que finalmente resolvi fazer uma pós-graduação. Depois de sete anos de formado, senti a necessidade de colocar um título a mais no meu currículo. Estou buscando mais o título que a parte técnica, que já vejo todos os dias no trabalho. O curso termina no final de 2016.

“Apesar da crise”, 2015 foi um ano de estabilidade na minha vida. Não faltou dinheiro, não criei novas dívidas assustadoras e consegui terminar a maioria dos meses com um orçamento suficiente para me divertir sem me preocupar com o cartão ser recusado, ao contrário do país.

Imagino que isso é ser adulto. A tal da maturidade. Um daqueles raros momentos em que tudo está tão bom que você pode relaxar e apenas aproveitar a viagem.

Acho que 2016 será um ano para colocar algumas pendências em dia.

Pretendo voltar a produzir meus textos com muito mais frequência. Inclusive, no momento, estou conseguindo escrever 1.000 palavras por dia em um projeto de livro.

São as pequenas coisas assim que me fazem perceber que 2015 foi um ano bom, ao contrário do que muita gente tem falado na internet.

Espero que 2016 não me surpreenda negativamente. Quero apenas melhorar o que pode ser melhorado e manter o que já está ótimo.

Se o seu ano não foi bom, vou torcer para que o próximo seja de superação e grandes novidades.

Nos vemos em 2016.

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A masmorra da preguiça

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Nos últimos meses tenho brigado constantemente com a preguiça e a inércia.

Enquanto elas desejam desesperadamente continuar a não fazer nada, uma boa parte da minha consciência deseja voltar a escrever diariamente, como fazia há alguns anos.

Não foram poucas as vezes em que me sentei em frente ao computador (como agora), abri o Word ou o Google Documents (como agora) e comecei a digitar um texto (como agora).

Já comecei de contos e livros a dissertações sobre a vida, o universo e tudo o mais. Tudo vai correndo bem (como agora) até que a preguiça chega arrombando a porta e me dando vários tapas na cara. Nesse momento, a inércia que embalava os meus momentos de não fazer absolutamente nada se aproveita da situação e assume os controles do meu cérebro.

Você já tentou lutar contra a preguiça? É uma batalha praticamente perdida. Você já começa a briga deitado, de preferência dormindo.

preguiça

me deixa preso aqui

Sinto que não sou mais tão forte a ponto de combatê-la de igual para igual. Estou ficando velho. Os músculos já não respondem aos estímulos com a mesma rapidez de antigamente.

Por sorte ainda exercito o cérebro com mais frequência do que os demais músculos e órgãos do meu corpo. Mas sinto que a minha criatividade e a minha disposição para escrever vão definhando pouco a pouco.

Estou tentando retomar o controle. Esse texto é um exemplo. Se fosse em um dos vários momentos de fraqueza, dificilmente teria chegado até aqui. Já teria parado de escrever há uns três ou quatro parágrafos acima.

Chegar ao final desse texto será uma vitória.

Voltar a escrever é como tentar abandonar o alcoolismo ou as drogas: um dia de cada vez. Nesse caso, uma letra de cada vez. Uma linha de cada vez. Um parágrafo de cada vez.

Quero muito voltar a escrever como antigamente, com frequência e criatividade. Se conseguir com frequência já ficarei feliz. A criatividade volta com tempo e prática.

É difícil abandonar alguns hábitos como ficar atoa na frente do computador assistindo porcarias. Meu cérebro se acostumou a agir passivamente apenas recebendo conteúdo. Ele perdeu o tesão em produzir algo fora do ambiente de trabalho.

Essa é outra questão que imagino influenciar bastante. Passo tanto tempo produzindo conteúdo para outras pessoas que simplesmente perdi a vontade de produzir para mim mesmo.

É o paradoxo de trabalhar com o que você gosta. Quando se torna obrigação, deixa de ser divertido. Há muito tempo não me divirto escrevendo e isso é algo inaceitável.

Mas não vou desistir. Consegui chegar até essa linha e segundo o contador do Word, já se vão 420 palavras. É um bom recomeço.

Aproveitei que a preguiça e inércia deram uma saída e escrevi esse texto rapidinho.

Mas vou me despedindo por aqui. Sinto que elas já estão voltando e não quero me encrencar.

É melhor não chamar a atenção. Assim elas não percebem o que estou fazendo. Melhor ser discreto. Um texto aqui e outro ali, despretensioso. Quando elas finalmente se derem conta, pretendo estar escrevendo todos os dias como nos velhos tempos.

Se você aceita um conselho, não seja como eu. Não se entregue. Exercite o cérebro todos os dias e não deixe que ele fique preso na masmorra da preguiça. Lá, ao contrário de outras prisões, é quentinho, aconchegante e te dá vontade de nunca mais sair. E esse é o problema.

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O nerdão do cinema

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Dia desses fui ao cinema (com a namoradinha) assistir “Um Senhor Estagiário”. O filme é bem divertido e emocionante, porém a minha experiência poderia ter sido muito melhor se eu não estivesse sentado à frente de um tipinho irritante de pessoa: “o nerdão que precisa mostrar que é nerdão do cinema”.

Pessoas que conversam durante o filme já são insuportáveis. Mas aqueles que sentem uma necessidade quase patológica de mostrar aos demais que conhece todos os atores, que já viu todos os trailers e que é um exímio conhecedor da franquia De Volta para o Futuro merecem um DeLorean que os leve de volta aos tempos da Inquisição Espanhola com direito a um passeio completo pelas salas de tortura.

O cara não calou a boca um minuto sequer durante o filme.

A tortura começou ainda nos comerciais. A rede de cinemas em questão fará uma maratona com todos os filmes da série De Volta Para o Futuro. Quando apareceu a primeira propaganda, o nosso personagem principal dessa história provavelmente teve uma ereção, dado o nível de empolgação.

ALÁ DE VOLTA PARA O FUTURO! OLHA O DOC! OLHA O MARTY! OLHA O EINSTEIN QUE BONITINHO!!!!!

Em seguida, o comercial fez um pequeno quiz com algumas perguntas relacionadas ao universo do filme. Como bom nerdão do cinema, o nosso amiguinho respondeu a todas as perguntas corretamente.

Até ai tudo bem. O problema é que ele respondia gritando, o que causou constrangimento até em sua própria namorada que dizia “fale baixo” ao que ele respondia: “AS PESSOAS PRECISAM CONHECER DE VOLTA PARA O FUTURO”.

Quem sou eu para saber o que as pessoas conhecem ou não, mas dada a faixa etária da sala de cinema, naquele momento, imagino que TODO mundo ali conhecia o filme.

Nesse momento, já um pouco incomodado, quase virei pra trás e derramei ~acidentalmente~ o meu copo de 1 litro de Coca Cola na cara do sujeito.

Continua a programação com um trailer do novo filme do Peter Pan.

Nesse momento o nosso nerdão do cinema mostrou que não é tão nerdão assim, já que disse pra todo mundo ouvir “O HUGH JACKMAN É O NOVO CAPITÃO GANCHO VIU GENTE. FICOU DEMAIS NÉ GENTE”?

Não, o Hugh Jackman não é o novo Capitão Gancho, seu otário. Ele é o Barba Negra e a história vai mostrar como o Ganho (Hook) se tornou o capitão. Nesse momento ele é só o cara que ajuda o Peter Pan.

Toma essa!
Mas nosso amigo nerdão do cinema estava inspirado. Provavelmente ingeriu altas doses de cafeína ou açúcar e seu metabolismo estava acelerado, já que no trailer de um filme brasileiro com 50 atores globais, ele fez questão de gritar o nome de cada um deles, como se ninguém ali soubesse quem era aquelas pessoas.

Nesse momento eu quase virei pra trás e perguntei se meu ingresso contemplava a “narração em tempo real do que estou vendo na tela”, mas como sou uma pessoa que prefere se preservar à chamar a atenção, continuei calado e apenas imaginando algumas formas de enfiar um par de meias em sua boca.

As luzes finalmente se apagaram. O filme estava começando e renovei as minhas esperanças de que essa pessoa ficaria calada.

Mais uma vez fui enganado pela expectativa que crio em cima do comportamento de outro ser humano.

Ele gritava o nome de cada ator que aparecia em cena:

OLHA O ROBERT DE NIRO, CARA!

ALÁ A ANNE HATHAWAY!

RENEE RUSSSSOOOOOO!

Cara, cala a boca pelo amor de deus!

Depois de um tempo ele reduziu o ritmo e ficou apenas nos comentários pontuais do filme, tentando “prever” o que aconteceria em seguida. Uma pena que ele não previu o quanto estava sendo inconveniente e atrapalhando a diversão alheia.

Por isso, amiguinhos, deixo aqui o meu conselho: calem a porra da boca quando estiverem no cinema. Ninguém tá pagando pra ouvir os seus comentários inúteis.

Um grande abraço a todos.

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Voltei a jogar futebol

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Depois de um longo e tenebroso inverno, onde minhas chuteiras descansavam penduradas e inconsoláveis no armário, voltei a jogar futebol.

Já havia algum tempo que cogitava retorno ao esporte bretão, mas precisava de um bom incentivo: amigos que estivessem jogando regularmente.

Vi que o pessoal da época de colégio se reunia todas as terças para uma pelada marota e descompromissada. Resolvi me convidar.

Sem a necessidade da tradicional peneira e confiantes no futebol que eu apresentava no auge do ensino médio, os amigos não hesitaram em me aceitar.

A minha aposentadoria dos gramados chegava ao fim.

O problema é que estou tão fora de forma quanto Ronaldo Fenômeno em seus primeiros jogos pelo Corinthians. No primeiro dia, inclusive, fiquei com medo de ser confundido com a protagonista desse esporte dado o meu formato esférico e as cores da minha chuteira.

Eu poderia ser facilmente confundido com a Jabulani.

Para a alegria e decepção dos amantes do bom futebol, retornei aos gramados. Alegria porque eu dou show. Decepção porque o show está comprometido enquanto estou fora de forma.

Retornei aos gramados sem uma boa pré-temporada. Não consegui correr por mais de 15 minutos no primeiro dia, mas ainda foi possível ver pequenos lampejos da minha genialidade com alguns dribles desconcertantes que logo em seguida foram consertados, já que eu não aguentava correr para completar a jogada.

Ciente de que o meu futuro em campo dependeria de conseguir sobreviver aos 90 minutos de jogo (são várias partidas de 7 minutos que mais parecem 2 horas devido à teoria da relatividade e por estar tão gordo a ponto de possuir um campo gravitacional próprio), acabei retornando para a minha posição de origem.

Pois é. Voltei a ser goleiro.

Foi uma escolha acertada, pois apesar de estar pesado, venho conseguindo recuperar aos poucos a minha elasticidade e as acrobacias que me tornaram uma lenda no bairro onde morei.

Tem sido uma boa experiência voltar a jogar futebol. É uma atividade necessária para que eu consiga retirar a minha carteirinha de membro oficial da ATBC – Associação Brasileira dos Tiozões do Churrasco.

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Romero Britto e as Chuteiras

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Voltei a jogar futebol.

Como estava parado há muito tempo, era necessário comprar uma chuteira. Um artista precisa das ferramentas certas aliadas ao seu talento para brindar o público com suas obras de arte.

Parti em busca daquela que seria a responsável por calçar os meus pés nesse retorno triunfal. Só que eu não estava preparado para o que viria a seguir.

Depois do fatídico 7×1 para a Alemanha, o brasileiro está decepcionado com o escrete canarinho. Nos falta aquela gana de vencer, disputar cada bola como se fosse o último lance. Nos falta aquele beque com cara de poucos amigos, muita força e pouca técnica. Também perdemos aquele volante cabeça de área, caneleiro, raçudo. Que não tem medo de dar um carrinho criminoso visando proteger o gol brasileiro.

Falta raça e sobra estilo e fanfarronice. E acredito que a grande responsável por essa derrocada em nosso futebol seja a fashionização dos materiais esportivos.

A chuteira, que deveria ser uma ferramenta de trabalho, hoje em dia é um acessório de moda. Temos douradas, amarelas, vermelho carmim, rosa choque, verde cintilante do fundo do mar, azul turquesa e infinitas combinações de cores.

Mosaico de cores

Mosaico de cores

A prateleira de chuteiras parecia um quadro do Romero Britto. Aliás, até arrisco a dizer que deve existir uma chuteira da Nike Special Edition Romero Britto.

No meu tempo a regra era clara: chuteira somente no estilo clássico: preta com um ou outro detalhe em branco. Havia a exceção com as chuteiras da Diadora, mas nessa época se resumiam a apenas duas cores: verde e roxa.

Com essa variação de chuteiras equivalente a variação de cores de esmaltes, as chuteiras pretas, verdadeiras raridades, acabaram tendo os seus preços elevados. Só me restava escolher uma dessas chuteiras saídas diretamente dos livros de colorir.

Acabei me rendendo e comprei uma chuteira com tons de rosa, mas não muito chamativa. Afinal, independente das cores, o artista precisava entrar em campo. Não seria a cor da chuteira que me impediria de dar alegria a esse povo tão sofrido, não é mesmo?

Meu instrumento de trabalho

Meu instrumento de trabalho

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Tiozão do churrasco

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Esse final de semana estava em um churrasco com amigos e tive aquela constatação – epifania, melhor dizendo – que cedo ou tarde chega pra todo mundo: me tornei o tiozão da turma.

Durante boa parte do dia as caixas de som nos presentearam com os Greatest Hits do atual imperador da música brasileira: Wesley Safadão. Entre 1% do amor que te dei e ser sem vergonha e ciumento mesmo, presenciei uma playlist repleta de singles dos famigerados sertanejo universitário, arrocha e funk ostentação.

Eu não conhecia nenhuma das músicas.

Sou um cara bem tranquilo em relação ao tipo de som de festas. Não faço nenhuma ressalva e se precisar e o ambiente estiver propício, posso até dançar com a turma. Mas não espere que eu procure por essas músicas quando estiver em casa. Isso não vai acontecer.

Algumas horas depois alguém segeriu buscar o violão do aniversariante.

Foi com aquela gostosa nostalgia que lembrei da minha época de jovem. Alguém sempre aparecia com um violão no meio da roda e começava os primeiros acordes de Pais e Filhos ou Come as you are.

Senti que pela primeira vez no dia eu reconheceria as músicas tocadas.

Comentei isso com os meus amigos que me olharam de forma muito estranha. Pais e filhos? Come as you are?

Alguns segundos depois, os primeiros acordes que surgiram até que não me eram estranhos. É uma música que tenho escutado bastante graças à namorada que é fã de sertanejo universitário (apesar de pagar de rockeira indie na internet): Suite 14.

Meus amigos apenas confirmaram a minha epifania: hoje as pessoas só escutam e conhecem sertanejo universitário. É a música do jovem sexualmente ativo e socialmente aceito.

Chateado com a constatação, peguei minhas agulhas e voltei para o ponto e cruz e minhas peças de crochê.

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