Bolas e Gatos em Belo Horizonte

Escrito por Arquivo

No último sábado presenciei um momento mágico (para o protagonista da cena). Algo que até então, nesses meus anos todos de sair a noite com a galera e dar voltas por Belo Horizonte, não havia sequer cogitado que poderia acontecer.

Após algumas horas de diversão com os amigos em um bar da Savassi e alguns momentos de descontração na Praça do Papa, decidimos que era hora de tomar o rumo de casa. Dá-lhe Afonso Pena. No caminho, os já tradicionais travestis que fazem a alegria dos “boyzinhos” que passam de carro e não perdem a oportunidade de ver um par de seios, mesmo que no meio das pernas exista um pacote especial, parte da magia desses grandes atores da noite belo-horizontina.

A bomba de gasolina já marcava a reserva e como estávamos um tanto quanto longe da casa dos amigos, era hora de abastecer o bólido e continuar no rumo de casa. O único posto que encontramos aberto, para quem mora em Belo Horizonte e freqüenta a região central, era aquele do cruzamento da Av. Afonso Pena com Av. Brasil. Como estávamos no sentido centro, teríamos que fazer um retorno.

Entrei na Timbiras para pegar a Brasil e, quando passávamos pela esquina da Timbiras com Paraíba, presenciamos a cena. No início não acreditamos. Poderia ser uma ilusão, fruto do cansaço dos nossos olhos. Passei devagar com o carro para confirmar. Era verdade.

Em frente a uma porta de bar fechada, no quarteirão sem saída da Rua Paraíba, um jovem e sagaz rapaz jazia sentado em um degrau e com uma garota sentada dois degraus abaixo realizando o que chamamos do bom e velho “bola gato”. Em um inglês britânico e impecável, boquete.

Passei devagar com o carro, entrei de propósito na rua sem saída só para, em seguida, passar mais uma vez pelo casal de pombinhos e paramos, por alguns breves minutos, para apreciar aquela demonstração pública de afeto da moça. O jovem, ostentando uma face sem a menor preocupação, apenas manteve a pose enquanto sua amada realizava todo o trabalho. A timidez não me permitiu realizar comentários, infelizmente.

Nessa noite tive uma breve visão da verdadeira face de Belo Horizonte. O que será que diria o Rorschach em uma situação dessas?

De qualquer forma, um grande abraço ao envolvido nessa história. Era visível o entusiasmo do sujeito. Terminou a noite em grande estilo.