Já tentei ser jogador de futebol, físico nuclear, cientista da computação e famoso. Terminei formado em publicidade e escrevendo em um blog sobre a minha vida. Isso, meus amigos, é o que eu chamo de sucesso.

Voltei a jogar futebol

Depois de um longo e tenebroso inverno, onde minhas chuteiras descansavam penduradas e inconsoláveis no armário, voltei a jogar futebol.

Já havia algum tempo que cogitava retorno ao esporte bretão, mas precisava de um bom incentivo: amigos que estivessem jogando regularmente.

Vi que o pessoal da época de colégio se reunia todas as terças para uma pelada marota e descompromissada. Resolvi me convidar.

Sem a necessidade da tradicional peneira e confiantes no futebol que eu apresentava no auge do ensino médio, os amigos não hesitaram em me aceitar.

A minha aposentadoria dos gramados chegava ao fim.

O problema é que estou tão fora de forma quanto Ronaldo Fenômeno em seus primeiros jogos pelo Corinthians. No primeiro dia, inclusive, fiquei com medo de ser confundido com a protagonista desse esporte dado o meu formato esférico e as cores da minha chuteira.

Eu poderia ser facilmente confundido com a Jabulani.

Para a alegria e decepção dos amantes do bom futebol, retornei aos gramados. Alegria porque eu dou show. Decepção porque o show está comprometido enquanto estou fora de forma.

Retornei aos gramados sem uma boa pré-temporada. Não consegui correr por mais de 15 minutos no primeiro dia, mas ainda foi possível ver pequenos lampejos da minha genialidade com alguns dribles desconcertantes que logo em seguida foram consertados, já que eu não aguentava correr para completar a jogada.

Ciente de que o meu futuro em campo dependeria de conseguir sobreviver aos 90 minutos de jogo (são várias partidas de 7 minutos que mais parecem 2 horas devido à teoria da relatividade e por estar tão gordo a ponto de possuir um campo gravitacional próprio), acabei retornando para a minha posição de origem.

Pois é. Voltei a ser goleiro.

Foi uma escolha acertada, pois apesar de estar pesado, venho conseguindo recuperar aos poucos a minha elasticidade e as acrobacias que me tornaram uma lenda no bairro onde morei.

Tem sido uma boa experiência voltar a jogar futebol. É uma atividade necessária para que eu consiga retirar a minha carteirinha de membro oficial da ATBC – Associação Brasileira dos Tiozões do Churrasco.

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Romero Britto e as Chuteiras

Voltei a jogar futebol.

Como estava parado há muito tempo, era necessário comprar uma chuteira. Um artista precisa das ferramentas certas aliadas ao seu talento para brindar o público com suas obras de arte.

Parti em busca daquela que seria a responsável por calçar os meus pés nesse retorno triunfal. Só que eu não estava preparado para o que viria a seguir.

Depois do fatídico 7×1 para a Alemanha, o brasileiro está decepcionado com o escrete canarinho. Nos falta aquela gana de vencer, disputar cada bola como se fosse o último lance. Nos falta aquele beque com cara de poucos amigos, muita força e pouca técnica. Também perdemos aquele volante cabeça de área, caneleiro, raçudo. Que não tem medo de dar um carrinho criminoso visando proteger o gol brasileiro.

Falta raça e sobra estilo e fanfarronice. E acredito que a grande responsável por essa derrocada em nosso futebol seja a fashionização dos materiais esportivos.

A chuteira, que deveria ser uma ferramenta de trabalho, hoje em dia é um acessório de moda. Temos douradas, amarelas, vermelho carmim, rosa choque, verde cintilante do fundo do mar, azul turquesa e infinitas combinações de cores.

Mosaico de cores

Mosaico de cores

A prateleira de chuteiras parecia um quadro do Romero Britto. Aliás, até arrisco a dizer que deve existir uma chuteira da Nike Special Edition Romero Britto.

No meu tempo a regra era clara: chuteira somente no estilo clássico: preta com um ou outro detalhe em branco. Havia a exceção com as chuteiras da Diadora, mas nessa época se resumiam a apenas duas cores: verde e roxa.

Com essa variação de chuteiras equivalente a variação de cores de esmaltes, as chuteiras pretas, verdadeiras raridades, acabaram tendo os seus preços elevados. Só me restava escolher uma dessas chuteiras saídas diretamente dos livros de colorir.

Acabei me rendendo e comprei uma chuteira com tons de rosa, mas não muito chamativa. Afinal, independente das cores, o artista precisava entrar em campo. Não seria a cor da chuteira que me impediria de dar alegria a esse povo tão sofrido, não é mesmo?

Meu instrumento de trabalho

Meu instrumento de trabalho

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Tiozão do churrasco

Esse final de semana estava em um churrasco com amigos e tive aquela constatação – epifania, melhor dizendo – que cedo ou tarde chega pra todo mundo: me tornei o tiozão da turma.

Durante boa parte do dia as caixas de som nos presentearam com os Greatest Hits do atual imperador da música brasileira: Wesley Safadão. Entre 1% do amor que te dei e ser sem vergonha e ciumento mesmo, presenciei uma playlist repleta de singles dos famigerados sertanejo universitário, arrocha e funk ostentação.

Eu não conhecia nenhuma das músicas.

Sou um cara bem tranquilo em relação ao tipo de som de festas. Não faço nenhuma ressalva e se precisar e o ambiente estiver propício, posso até dançar com a turma. Mas não espere que eu procure por essas músicas quando estiver em casa. Isso não vai acontecer.

Algumas horas depois alguém segeriu buscar o violão do aniversariante.

Foi com aquela gostosa nostalgia que lembrei da minha época de jovem. Alguém sempre aparecia com um violão no meio da roda e começava os primeiros acordes de Pais e Filhos ou Come as you are.

Senti que pela primeira vez no dia eu reconheceria as músicas tocadas.

Comentei isso com os meus amigos que me olharam de forma muito estranha. Pais e filhos? Come as you are?

Alguns segundos depois, os primeiros acordes que surgiram até que não me eram estranhos. É uma música que tenho escutado bastante graças à namorada que é fã de sertanejo universitário (apesar de pagar de rockeira indie na internet): Suite 14.

Meus amigos apenas confirmaram a minha epifania: hoje as pessoas só escutam e conhecem sertanejo universitário. É a música do jovem sexualmente ativo e socialmente aceito.

Chateado com a constatação, peguei minhas agulhas e voltei para o ponto e cruz e minhas peças de crochê.

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Serginho Hondjakoff – um herói renasce das cinzas (ou flocos de neve) do ostracismo

Não é segredo nenhum a minha admiração pelo Serginho Hondjakoff. Já falei sobre ele em duas oportunidades recentes que você pode conferir em:

Paulistinha – a nova aposta de Serginho Hondjakoff

Frogman (ou a inesperada virtude do Sapinhow)

Agora volto a falar do nosso eterno Arthur Malta para anunciar uma grande novidade: A Trident resolveu apostar em nosso inusitado herói como garoto propaganda da sua nova campanha de divulgação do Trident Fresh.

Se tem duas coisas que combinam perfeitamente são geladeira e Serginho Hondjakoff. Aproveitando essa deixa e a inestimável capacidade de Serginho em fazer humor auto-depreciativo, a marca de gomas de mascar resolveu apostar alto e transformou nosso querido sapinho no arauto que anuncia a chegada do inverno.

Afinal, ninguém melhor que o nosso Jon Snow brasileiro que sabe bem como é viver no eterno inverno do ostracismo para anunciar a chegada da estação mais fria do ano.

Confira comigo:

O vídeo tem tudo aquilo o que esperamos de uma obra que envolva o Serginho:

  • Caretas
  • Referências e piadas internas (o Ogro Móvel, o Sapinho, Globo – só faltou o dildo rosa)
  • O sotaque inconfundível do verdadeiro carioca da gema
  • Movimentos corporais que mais se parecem com convulsões
  • Serginho rodeado de belas mulheres
Sdds Ogro Movel

Sdds Ogro Movel

Fica aqui o meu agradecimento e parabéns a Trident Brasil por ter resgatado nosso herói nesse momento de necessidade e dado a oportunidade de brilhar novamente. A geladeira da tv brasileira pode ser um lugar frio, mas contamos com Serginho Hondjakoff para aquecer nossos corações nesse inverno.

P.S.: não ganhei nenhum centavo por esse post. Apenas a satisfação de ver um ídolo voltando a trabalhar com o que gosta.

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Você se lembra como era a vida sem internet?

Estou escrevendo esse post única e exclusivamente porque a internet caiu. Como você deve ter imaginado, nesse momento, estou com uma tela do WORD aberta em minha frente enquanto digito essas palavras.

O que me leva a crer que um computar sem internet hoje em dia pode ser considerado basicamente uma enorme calculadora ou uma máquina de escrever. No caso, uma máquina de escrever que possivelmente roda um ou outro jogo que não precisa estar conectado o tempo todo. Bem melhor que a atual moda hipster.

Sim, os hipsters resgataram as máquinas de escrever.
Sim, alguns jogos agora exigem que você esteja conectado pra jogar. Mesmo no single player.

Estranho pensar no quanto estamos presos e dependentes da internet para fazer coisas simples como interagir com outros seres humanos.

Acostumamos-nos a manter as relações sociais baseadas em curtidas, compartilhamentos e conversas por chats (seja no Messenger ou no Whatsapp). Nem usamos mais o telefone com tanta freqüência (que não seja para checar o Messenger ou o Whatsapp).

Estou escrevendo esse post enquanto poderia estar acessando a internet através do meu celular (o 3G continua firme e forte). E posso me considerar um vencedor por isso, já que se pararmos pra pensar, a ~grande rede mundial de computadores~ está tão presente em nossas vidas que até quando estamos sem internet em casa, ela ainda continua ativa em nossos celulares (ou smartphones se quiser ser um pouco mais pedante).

Nem me lembro mais como era a vida sem internet. Tenho vagas recordações que eu fazia coisas como jogar futebol, andar de skate ou descer para ficar sentado na escadinha do condomínio conversando com os amigos enquanto um deles tocava violão.

Hoje em dia não sei se as pessoas ainda fazem esse tipo de coisa. Eu não faço. Pra falar a verdade, não sei o nome dos meus vizinhos do prédio onde moro atualmente. E eles também não fazem questão de saber o meu.

Bons tempos quando eu tinha uma vida agitada fora da internet.

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