Já tentei ser jogador de futebol, físico nuclear, cientista da computação e famoso. Terminei formado em publicidade e escrevendo em um blog sobre a minha vida. Isso, meus amigos, é o que eu chamo de sucesso.

Universidade para todos, mas nem tanto…

Só que ao contrário

Nesse momento estou muito feliz por ter concluído o ensino médio em 2004 e já estar formado também na faculdade. Não é uma felicidade do tipo “estou realizado”, mas algo mais “ainda bem que eu não tenho que enfrentar esse inferno que está se tornando entrar em uma faculdade pública”.

O governo brasileiro iniciou um processo de “democratização do acesso ao ensino superior” no final de 2004. Bem no ano em que eu estava me formando no colégio. Naquela época, o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio ainda era apenas uma prova de avaliação do seu aprendizado ao longo do ensino médio. Ao contrário do que o nome sugere inicialmente, esse “exame” continha questões totalmente objetivas, raciocínio lógico e conhecimentos gerais em sua grande maioria. Ou seja, não era separado por questões de português, matemática, geografia, história, química, física e biologia, tal qual uma prova tradicional de vestibular.

Para se ter ideia, algumas das questões da minha prova do ENEM eram “qual é o mosquito transmissor da Dengue” e “o quadro Retirantes, de Cândido Portinari se refere a qual período histórico brasileiro”? Sim, era chupetinha. Tirei 92 na prova objetiva e 98 na redação. Porém, essas notas ainda não valiam nada.

Em 2005 o Governo anunciou o Programa Universidade para Todos, ou ProUni. A partir desse momento o ENEM passou a ter uma função. Era através da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio que os alunos de escolas públicas teriam a oportunidade de entrar em faculdades particulares com bolsas integrais ou parciais de estudo.

Esse foi o primeiro passo na “democratização do ensino superior”. Como eu tinha estudado a vida toda em escola pública e tirado uma nota sensacional no ENEM e, ainda por cima, não ser de classe “alta”, consegui uma bolsa parcial pelo ProUni. Mesmo já tendo passado no vestibular da faculdade em questão. Ótimo!

A partir daí, o exame foi totalmente reformulado. Tornou-se mais difícil, já que agora era uma porta de entrada para as faculdades privadas. Foi uma boa iniciativa do Governo. Ainda não estavam pipocando faculdades particulares a todo o momento, então, ajudava a galera a cursar boas instituições que já eram bem reconhecidas no mercado.

Pessoas que não teriam condições de pagar uma PUC, por exemplo, agora tinham a chance de ganhar meia-bolsa ou bolsa integral. Digamos que é mais “tranquilo” pagar R$ 350 em um curso do que os tradicionais R$ 700,00 (na época). Ter um curso superior ainda não era algo tão normal em 2004/2005. Poucas pessoas tinham e geralmente pertenciam às classes sociais mais altas.

Graças a esse projeto, Lula praticamente garantiu a sua reeleição.

Em 2009, o Governo dá mais um passo nesse audacioso projeto e o ENEM passa a valer também como porta de entrada para as universidades Federais através do SiSU (Sistema de Seleção Unificada). É nesse momento que as coisas começam a ficar um pouco mais complicadas.

A prova que antes era tranquila se tornou uma maratona com 180 questões de todas as matérias divididas em dois dias intensos de prova. Os cursinhos que antes eram “pré-vestibulares”, agora são Pré-ENEM. O que, na minha opinião, desvirtuou bastante a função de um exame que avalia o ensino médio. Quem antes estudava para passar em uma boa faculdade, agora estuda para tirar uma boa nota no ENEM.

Se o aluno já tinha uma carga absurda sobre as costas com a preocupação de passar de ano, agora era ainda maior com o tão temido exame.

Estuda, negada…

Some a isso outras questões que foram levantadas como as controversas cotas para negros e índios nas faculdades federais. Não vou me alongar nesse assunto e muito menos discorrer sobre ser contra ou a favor dessas cotas. O ponto não é esse.

Enfim, chegamos em 2012 e o ponto principal desse meu texto.

Nesse processo todo de democratização do ensino superior, o Governo acabou favorecendo demais algumas situações e prejudicando bastante gente.

Hoje em dia você tem:

– Cotas para pessoas de baixa renda (e essas cotas são divididas de acordo com a renda familiar, tendo várias categorias)
– Cotas para estudantes do ensino público
– Cotas para negros
– Cotas para índios
– Bolsas de estudo em faculdades privadas para pessoas de baixa renda

Pode me chamar de elitista ou de preconceituoso, que é o que mais acontece quando se toca nesse assunto, mas os jovens que são de classe média e estudaram a vida toda em escolas particulares, muitas vezes com pais se sacrificando pra pagar a mensalidade, acabaram ficando prejudicados.

Você estuda o ano todo e se prepara para o ENEM. Apesar dos estudos, não é todo mundo que faz uma prova brilhante. Não é todo mundo que tem um QI acima da média e, muitas vezes, só estudar não conta.

Você tira uma nota que não é suficiente para te fazer entrar direto no curso e na faculdade que você escolheu. Isso porque o número de vagas para pessoas na sua “condição” diminuiu drasticamente.

Em um curso com 50 vagas, faça as suas contas tirando aquelas destinadas para as cotas de negros, índios, estudantes de baixa renda e estudantes de escola pública. Sim, esse resultado é o número de vagas que você terá que disputar com as outras milhares de pessoas na mesma situação que você, em um país onde a classe média é a maior representante.

Mas você desanima totalmente, pois em alguns dias ainda terá a abertura do SiSU. Infelizmente, com todas as vagas anteriormente preenchidas, as notas de corte para os cursos sobem consideravelmente. Se a nota para passar em medicina já era normalmente alta, no SiSU ela estará ainda mais alta.

Nesse momento você esquece as faculdades públicas e tem que se voltar para as particulares. Porém, lá em cima eu falei que o ProUni oferece bolsas parciais e integrais para alunos que estudaram o ensino médio em escolas públicas e possuem renda familiar mais baixa. Ou seja, você que é um aluno de escola particular e de classe média mais uma vez não pode ser beneficiado por nenhum dos programas do Governo. Nesse caso, as suas duas alternativas são: estudar mais um ano da sua vida pra passar em uma federal ou cursar uma particular que custa bem caro.

O Governo ainda é bonzinho e te dá mais uma opção: o FIES – Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior. Na verdade, o FIES já é bem antigo, da época do regime militar (Crédito Educativo). Só foi reformulado e ganhou um novo nome.

Como o próprio nome diz, é um financiamento que pode ser total ou parcialmente utilizado na sua graduação. Você faz a sua faculdade, se forma e 1 ano e meio depois começa a pagar o financiamento que é dividido de forma análoga à duração do seu curso (se cursou 4 anos, tem 4 anos para pagar) com uma taxa de juros de 6.5% ao ano.

Ou seja, se você é de classe média, estudou o ano todo e não conseguiu passar em uma federal, não se encaixa nas exigências para conseguir o ProUni, não é negro e nem índio, a única ajuda que o Governo te dá para cursar uma faculdade é um financiamento que ao final terá um valor total maior do que aquele do seu curso. Muito justo.

No meu ponto de vista, não é bem a ideia de “Educação para Todos” que tanto se prega por aí.

Infelizmente, em um país como o nosso onde existe muita desigualdade social, as iniciativas para tentar diminuir e ajudar os menos favorecidos acabam ajudando demais e em algum momento vão passar a desfavorecer completamente aqueles que tem alguma condição.

Hoje em dia, se você está se formando no colégio, eu só posso dar um conselho: estude, mas estude muito e como se não houvesse amanhã caso você queira entrar em uma boa faculdade, seja ela pública ou privada.

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Sobre ménage e amigos

Não é muito ético

No primeiro post de 2013 quero tratar sobre um assunto sério: amizade. Para ser mais específico, vamos falar sobre amizade durante um ménage ou o famoso sexo a três.

Não quero ser taxado de machista, mas não curto a ideia de realizar essa “deliciosa” fantasia com uma garota e outro cara. Não que eu seja contra. Se de repente tem uma garota dando sopa e manda um “Rafa, eu quero dar pra você e praquele cara agora”, eu não hesitaria um segundo sequer em tirar a minha roupa. Não estou tão exigente assim a ponto de dispensar uma foda.

Mas se você tem um compromisso com a moça e quer realizar um ménage, sou a favor de ser com outra garota e explanarei o meu ponto de vista nas linhas abaixo.

Em primeiro lugar, acredito que homens são mais possessivos. Pelo menos eu sou. Então, não acharia nada legal praticar sexo com a minha namorada e um terceiro membro (risos) masculino à sua escolha (ou dela). De uma maneira bizarra e levemente preconceituosa, me sentiria traído. Ou pelo menos muito preocupado pensando que o cara está proporcionando mais prazer a ela do que eu. Sem contar que eu ficaria tentado a comparar quem tem o maior membro (mesmo com 100% de certeza que o meu está pelo menos uns 5 ou 6cm acima da média brasileira).

Sendo assim, o caminho mais lógico seria escolher um amigo para participar. Aí entra toda aquela questão ética sobre confiança. Responda-me com sinceridade: você tem algum amigo que chamaria para transar com você e a sua namorada? Eu tenho ótimos e melhores amigos, mas não sei se consigo pensar em algum para realizar tal ato. Já vi grandes amizades se desfazendo por muito menos, e como diria um dos principais mandamentos do The Bro Code: “bros before hoes”.

Mas voltamos à questão do possível ménage com uma garota aleatória, você e seu amigo. Vamos supor que seja aquele amigo de muitos anos. De infância. Com certeza vocês passaram por muitas aventuras, por momentos alegres e tristes. Deram apoio um ao outro. Enfim, construíram uma história de amizade que só se fortaleceu nos últimos 20 anos.

Eis que vocês estão em um quarto de motel qualquer com uma garota linda e safada. Enquanto você está por baixo e o amigo pratica o famoso doggy style, rola aquele momento extremamente constrangedor: um piru encosta no outro acidentalmente.

Não é nem esteticamente bonito

Eu, particularmente, interromperia o ato na hora e entraria em uma espécie de estado catatônico.

Todos os 20 anos de amizade serão colocados de lado porque ficará um clima ruim. Ver um amigo pelado é algo relativamente normal (e não venha dizer que é papo de gay, porque qualquer pessoa que cursou o ensino médio, faculdade ou já praticou algum esporte coletivo tipo futebol já presenciou amigos sem roupa no vestiário), mas a partir do momento em que seus membros sexuais se encontram, todo um novo panorama se forma.

Eu não veria meu amigo com os mesmos olhos. Eu ficaria constrangido perto dele. Cara, nossos pênis se encontraram. Tal qual duas pederneiras, seus pênis entraram em atrito por um breve momento e isso não é legal. Em nenhuma ocasião isso pode ser legal. Eu teria que fazer psicanálise para me tratar se houvesse atrito entre o meu pênis e o pênis do meu melhor amigo.

É o tipo de situação que derruba o argumento da tatuagem do Macarrão, amigo do Bruno: “a amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir” :cry:. Amigo, experimente encostar os seus respectivos penises durante um ménage e veja se mantem essa tattoo.

Não sei vocês, mas ainda não estou preparado para ter esse contato imediato de 4º grau com um pênis que não seja o meu.

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Adeus 2012. Seja bem vindo 2013!

O mundo não acabou em 2012, mas a julgar pelos comentários que vi na reta final de dezembro, esse não foi o melhor ano na vida de muitas pessoas. E vou me incluir nessa. Não foi fácil.

No último dia de 2012, a gente para pra pensar no ano que passou (e como foi rápido) e percebe que apesar de todas as coisas ruins, as pequenas coisas boas sempre irão se sobrepor. E melhor ainda é poder contar com os amigos ao lado sempre que algo parece não dar certo.

Mas o que importa é que em 2012 eu fortaleci ainda mais os laços com os meus amigos e família. Afinal, nos piores momentos são eles quem vão te dar uma palavra amiga, um abraço, um conselho, um puxão de orelha ou simplesmente escutar os seus lamentos e choros.

Em 2012 conheci muita gente legal, que espero levar comigo e fortalecer a amizade ainda mais em 2013. Pessoas do trabalho, da rua de trás, do Twitter e também aquelas que foram atropeladas na minha frente, mas só esse ano que fomos realmente desenvolver uma “amizade”.

Dentre essas novas amizades, vale destacar a santíssima trindade composta por Marcos Oliver, Latino e Felipe Dylon. Amigos “de longa data” que interagiram comigo nas redes sociais, proporcionando um dos melhores momentos da minha vida.

Também voltei a ter mais contato com aqueles amigos que por um motivo ou outro, você se afasta sem perceber, mas que não se esquece um minuto sequer.

Infelizmente deixei de ter contato com outras pessoas, mas espero que essas também tenham um bom 2013. Não é legal desejar o mal pra ninguém, já que normalmente isso só atrai o mesmo pra você.

Viajei, fiquei bêbado, chorei, ri pra cacete, fiquei triste, fiquei feliz, fiquei decepcionado, fiquei orgulhoso, fiquei com raiva e tudo passou, como sempre passa.

Acredito que todos esses sentimentos misturados, às vezes numa proporção diferente da que eu gostaria, ajudaram a ter ainda mais certeza sobre o meu caráter e o tipo de pessoa que sou/quero ser. E é sempre muito bom saber que você está no caminho certo, por mais que as circunstâncias de façam pensar em fazer o contrário.

Tive o prazer de finalmente tocar o maior e melhor instrumento já criado pelo ser humano: o Keytar (ou teclarra, como gosto de chamar) fazendo com que eu me sentisse um verdadeiro integrante do maior grupo brasileiro dos anos 80/90: Polegar.

Finalmente deixei de lado o sedentarismo e comecei a praticar uma atividade física (e que está me fazendo cogitar uma possível carreira no UFC em alguns anos. Fique ligado). Ou seja, pelo menos algumas das minhas “resoluções de ano novo” de 2012 foram adiante.

Mas o principal é que aprendi que você não deve ficar desanimado com um ano ruim até que ele realmente acabe. Você pode se surpreender nos últimos meses e descobrir que uma fase ruim é somente isso: uma fase ruim. As coisas sempre se ajeitam no final.

Um coração partido se cura (e acredite, tem pessoas que farão de tudo para que isso aconteça), uma decepção se torna apenas uma lembrança que vai sumindo aos poucos, uma derrota é algo que vai te servir de aprendizado para melhorar da próxima vez e perdoar é algo essencial, mesmo que não signifique esquecer o que passou.

É isso. Desejo a todos um ótimo 2013. Cheio de realizações e apenas sucesso. Se tiver algum fracasso, que sirva para incentivá-los e torná-los pessoas melhores. Espero ter todos vocês por perto nesse próximo ano.

Também prometo escrever muito mais por aqui. Mesmo que ninguém leia.

Quanto a resoluções para o ano que vem? Eu só tenho um objetivo e vou alcançá-lo.

Abraço a todos os envolvidos.

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Alfredinho

alfredinho

Ele era o motivo de chacota na escola. Gordinho e cheio de espinhas, Alfredinho passava os dias lendo quadrinhos, jogando RPG e discutindo qual era a melhor trilogia: Senhor dos Anéis ou Star Wars. Era o que se chamava de Nerd. No sentido mais puro da palavra. Durante a noite, nos chats, fóruns, twitters e MMORpg’s da vida, ele era Alundil, o Elfo.

Alfredinho sempre foi o motivo das piadas de Edinho, o popstar da galera. Forte, loiro e rico, Edinho era o centro das atenções. Os meninos o invejavam. As garotas o desejavam e ele sabia aproveitar essa fama. Beijos depois da aula e alguns amassos no muro da escola não eram raros. Mas ele não podia topar com o gordinho. Sempre com uma piadinha na ponta da língua. A mais clássica era levantar quando Alfredinho sentava. Aquele movimento de “ser jogado pra cima”. Quem nunca fez isso?

Mas o futuro tinha planos para os dois. Alfredinho, entre um festival de Cosplay e uma partida de D&D, estudava e lia bastante. Tinha um futuro promissor, como era de se esperar. Já Edinho, no tempo livre, ficava na internet buscando “mulheres com seios enormes” no Google e tentando ver suas amiguinhas peladas pela webcam.

Os anos foram passando e Alfredinho emagreceu. Sabe aquela fase em que os homens crescem de uma vez? Alfredinho cresceu e a gordura acumulada foi melhor distribuída. Não era o que podia se chamar de magro, mas também não era mais o gordinho nerd da turma. Bom, ele ainda era nerd, mas não tão gordinho assim.

E lá foi Alfredinho cursar a sua faculdade de Ciências da Computação enquanto Edinho passava em 100º lugar excedente no curso de Educação Física de uma tradicional faculdade particular.

Mais forte do que nunca, Edinho logo se tornou o centro das atenções na sua nova sala. Ele era bonito, tenho que confessar. Se fosse mulher, eu daria pra ele.

Alfredinho não chamava a atenção. Ninguém reparava nele. Em uma sala repleta de nerds, era difícil algum deles chamar a atenção.

Mas como é o costume das faculdades, era chegada a hora do trote. Edinho como era descolado e pra frente, foi poupado no seu trote. Só teve a cabeça raspada e o rosto pintado. Nesse dia, Edinho conheceu Silmara. Uma veterana gostosa da sua faculdade. Gostosa é pouco. Eu só não descrevo a Silmara nesse conto porque não pretendo ter uma ereção.

A química foi imediata. Ela já tinha a ficha completa de Edinho. Sabia que o pai era deputado e que ele morava em um dos mais tradicionais bairros da cidade. Ela não era interesseira, longe disso, mas queria um futuro garantido. Ali começou um romance que prometia. Vinte minutos depois Silmara já estava sem a calça de ginástica que deixava sua bunda ainda mais definida e Edinho sem a sua bermuda Adidas no vestiário da faculdade. Saíram de lá namorando. Apaixonados.

Já o nosso nerd favorito, Alfredinho, estava sendo exposto às mais tenebrosas formas de tortura que um calouro pode passar. Os alunos de Ciências da Computação eram o alvo preferido dos veteranos. Coitados, sempre eram humilhados das piores maneiras.

Durante o trote, um grupo de alunos arrastou o mais tímido dos calouros – Alfredinho – para um canto mais afastado e tiraram a roupa do pobre rapaz. Ele queria chorar, mas estava na faculdade. Aguentou bem. Não entendeu a cara de espanto dos outros alunos ao verem pelado. Era uma mistura de terror, admiração e curiosidade. Ficaram surpresos ao ver que Alfredinho tinha um enorme diferencial.

No meio desses alunos estava Pablo. Para vocês ele não é ninguém, mas para quem curte uma putaria virtual, ele era simplesmente o dono do maior portal de pornografia brasileiro. Uma mente brilhante. E dono de um negócios em franca expansão, afinal, os seus vídeos faziam sucesso e o número de assinaturas do site crescia assustadoramente. Edinho assinava. Se não me falha a memória, foi um dos primeiros a garantir o acesso ao vasto material de Pablo.

Pablo viu em Alfredinho uma mina de ouro. Iria aproveitar aquele nerd. Pensava em transformá-lo em um homem. O garoto tinha potencial.

– Ai, gordinho. Tu conhece o buraco69.net?
– Conheço sim. Disse Alfredinho acanhado.
– Prazer, Mr. Cock, administrador. Disse Pablo estendendo a mão. Tenho planos para você.

Pablo estava investindo pesado em vídeos amadores. Pagava uma mixaria para algumas garotas e as filmava fazendo sua mágica. Ele era um mago do cinema. Era o Hitchcock do cinema pornográfico amador brasileiro.

Às oito horas da manhã do dia combinado lá estava Alfredinho. Acanhado, mas estava lá. Pablo, ou Mr. Cock como gostava de ser chamado, chegara com a garota que filmaria a cena. Um mulherão.

Para Alfredinho, que de mulher pelada só tinha visto sua mãe e as garotas do buraco69.net, aquela era uma oportunidade de ouro. Ganhou uma grana para fazer algo que nunca havia feito até aquele dia.

Aquela mulher era sensacional. Ela comandou o show. Alfredinho não teve que fazer muito esforço. Apenas deixou o seu astro trabalhar. E ele trabalhou como nunca havia trabalhado antes. É aquele ditado, pra quem come ovo frito, comer caviar é sonho. Bom, pra quem só conhecia a própria mão, aquela garota era uma espécie de Sylvia Saint brasileira.

O nerd fez como o combinado. Mr. Cock gravou a cena e ao final, pagou a garota.

Vídeo editado e dois dias depois estava no ar.

Foi um sucesso. Nas primeiras horas mais de 500 downloads e 50 assinaturas novas por hora. Todo mundo queria prestigiar aquele fenômeno sexual. Alfredinho começava a ficar conhecido como o Messias do pornô. O Rocco brasileiro. O cara que substituiria Kid Bengala.

Edinho, por sua vez, chegou em casa e acessou o buraco69.net. Tinha acabado de chegar da casa de Silmara. Foi conhecer a família da namorada e saborear um delicioso strogonoff de frango que a sogrinha fez questão de cozinhar. Que garota! Não podia ter escolhido uma namorada melhor.

Logo de cara já viu o banner que ocupava metade da tela exibindo aquela cena sensacional. Foi logo baixando. Vinte e cinco minutos depois o download estava concluído. E lá vai Edinho dar o Play no seu MediaPlayer com as calças arriadas, o rolo de papel higiênico do lado e uma ereção instantânea.

O filme começou e de cara ele reconheceu Alfredinho. Mas que porra esse gordo nerd tá fazendo ai? Pensou.

Quando Alfredinho tirou a calça, Edinho tomou um susto. Não conseguia parar de olhar para aquela imagem. Algo na tela chamava a sua atenção. Olhou para sua cintura e para a tela. Para a cintura e para a tela novamente. O gordo nerd fora subestimado a sua vida toda. Edinho agradeceu por não ter comprado um monitor 3D.

De repente entra aquele mulherão em cena. A câmera pegava as suas pernas e ia subindo devagar. Estava apenas de biquini. Edinho pensou “pelo menos essa garota vai dar uma canseira no gordinho”.

Ela já chegou ajoelhando em frente a Alfredinho no vídeo. A câmera se movimentou, subiu pela suas costas e deu a volta, focalizando o seu rosto.

– Puta que o pariu!!! Gritou Edinho.

Na sua frente, na tela do monitor, Silmara estava iniciando o que seria considerado por todos os Nerds a maior foda de todos os tempos.

A essa altura surgiam milhares de janelas no MSN de Edinho e seus scraps aumentaram consideravelmente.

Pois é. Nunca subestime aquele gordinho da sua escola. Ele pode ter um talento bem maior que o seu.

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O tempo é cruel, mas a atendente do Detran é mais

Carteira de motorista ideal

2012 foi um ano de renovação. Pelo menos da minha carteira de motorista, já que o resto do ano não teve nada de diferente que eu possa afirmar “wow, como a minha vida mudou, se renovou e agora está perfeita como um comercial de margarina”. Não, não rolou.

Falando sobre carteira de motorista, rolou um fato deveras constrangedor na época de renovar a minha habilitação.

Tirei minha primeira habilitação em 2008. Não tem tanto tempo assim. Claro que de lá pra cá eu ganhei alguns quilos, os cabelos ficaram mais brancos e deixei de lado o cabelo estilo colírio. Além disso, cultivei uma barba de respeito. Mas qualquer pessoa ainda conseguiria me identificar na foto de quatro anos atrás.

Então estou lá na clínica do Detran pra fazer os exames de renovação. Cheguei em um horário bom. Não tinha fila nem nada. Era só apresentar os documentos, o comprovante de pagamento, entrar em uma sala e realizar o exame. Simples e sem burocracia, mas as coisas nunca são tão simples quando se trata de mim.

Quando entreguei a carteira de motorista para a moça do guichê, ela olhou repetidamente da carteira para o meu rosto. Pensou um pouco e por fim disse:

– Você tem uma foto 3×4 recente?
– Não. Não sabia que precisava tirar outra.
– Mas você era muito novo nessa foto. Uma criança.
– Ah, obrigado! Eu sei que to conservado. Mas ela só tem 4 anos. Serve, não?
Só tem 4 anos? Nossa, mas o tempo foi cruel demais com você de lá pra cá, hein?

É, amigo. Eu admiro muito a presença de espírito das pessoas que trabalham nos órgãos públicos brasileiros. Acredito que bom humor deve ser essencial quando você precisa lidar com pessoas que estão estressadas e odeiam toda a burocracia com as quais se veem envolvidas nesse tipo de situação. Confesso que fiquei sem palavras. De verdade.

– …
– Você pode tirar uma foto nova enquanto eu marco aqui o seu exame. Tem uma drogaria aqui pertinho que tira foto instantânea.
– …
– Posso te esperar depois do almoço?
– P-p-p-pode.

Raramente fico assim. Mas a moça foi tão ousada e tão espontânea que eu simplesmente não tinha nenhuma resposta pronta. Toda a minha sagacidade foi por água abaixo com esse comentário acerca da minha atual aparência.

Pois fique sabendo, dona mocinha do Detran, que até hoje tem gente que ainda acredita que eu tenho na faixa dos 21 anos. Acho que você estava apenas com inveja da minha aparência jovial e um leve toque de maturidade com os cabelos brancos.

De qualquer forma, fica aqui o registro do atrevimento dessa moça. Se eu me preocupasse com esse tipo de comentário, provavelmente faria um post muito mal criado em algum blog ou rede social para relatar o fato. Como estou bem comigo mesmo, deixarei isso pra lá.

Vocês podem conferir o quanto eu ainda estou lindo na foto abaixo:

Muito conservado

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