Seria pretensioso da minha parte querer escrever tão bem quanto Verissimo (o Luis, nesse caso). Soube disso logo nos meus primeiros textos.
Imagino que não tenha o mesmo olhar observador daquele senhor. Alguma situação trivial acontecendo ao meu lado sem que eu perceba tornaria-se mais uma crônica deliciosa em suas mãos. Não tão deliciosa quanto a Silvinha, mulher do Siqueira, mas ainda assim arrancaria suspiros de quem passasse os olhos.
Não saberia dizer se a minha introdução a Verissimo foi tardia. Ele tirou a minha virgindade em 2003, no alto dos meus 16 anos, em cima de uma certa Mesa Voadora. Vê se pode? Um senhorzinho daqueles chegar mudando tudo o que eu pensava a respeito de “literatura”?
Era difícil acreditar que havia livros “legais” (que não fossem Harry Potter ou Senhor dos Anéis ou qualquer um da coleção Vaga-lume) nas prateleiras da minha antiga escola.
Machado de Assis tem lá os seus méritos e deve ser muito gostoso de ler se você não é obrigado. Tem quem goste, inclusive.
Aí veio esse senhor meio cheinho, com um bonequinho engraçado na capa do livro e me levou para um tipo de leitura completamente diferente. De crônicas engraçadas, do dia a dia, de situações que eu poderia me colocar no lugar e com uma forma tão leve de escrita que o livro não durou 2 dias na cabeceira da minha cama.
Foi realmente uma pena ter que devolver e não encontrar outras obras do Luis (se me permite a intimidade) nos becos daquela biblioteca. Graças a Deus existia a internet e consegui ler outras crônicas. E a cada novo texto aumentava a minha vontade de trabalhar com algo relacionado à escrita.
Mas não poderia ser jornalismo e nem letras. Não me daria bem em nenhum dos dois. Achava jornalismo muito sério e não queria ser professor (que me desculpem os formados em Letras, mas na minha cabeça da época, essa era a única função que a área permitia).
E durante uma dessas feiras de profissão nas escolas descobri que havia essa tal de “Publicidade e Propaganda”, em que você poderia escrever e ser engraçadinho e, ainda por cima ganhar dinheiro pra isso (a parte de ganhar dinheiro não é bem uma verdade, mas dá pra pagar as contas).
Foi por causa de Verissimo que tomei gosto primeiro pela leitura e depois pela escrita. Foi por causa de Verissimo que resolvi escrever os meus primeiros textos, tendo a pachorra de acreditar que um dia chegaria próximo daquele estilo gostoso e descontraído.
É por causa de Verissimo que escrevo esse texto específico, já que ontem comecei a ler Diálogos Impossíveis, e com o perdão do trocadilho, é impossível não querer escrever depois de devorar qualquer coisa imaginada por esse senhor.
Sei que nunca vou chegar perto de escrever tão bem e que ele jamais irá ler esse texto, mas de qualquer forma…
Obrigado por tudo, Luis Fernando Verissimo!