Imagino que nesses milhões de anos de existência do planeta Terra, nenhum ser vivo conseguiu ser tão temperamental quanto as impressoras. Nem em universos fantásticos como Senhor dos Anéis ou Harry Potter tem-se notícia de criaturas agindo da mesma forma.
É uma verdade universalmente aceita que as impressoras só funcionarão se estiverem com vontade. Não importa quantos tapas, empurrões ou demonstrações brutas de carinho você possa fazer. Se uma impressora não estiver afim de trabalhar, não há nada nesse mundo que a faça mudar de ideia.
Como se não bastasse todo esse temperamento imprevisível, as impressoras são sádicas. Quanto maior a urgência para imprimir alguma coisa, maiores as chances dela emperrar. Ou avisar que a tinta acabou mesmo não tendo sido usada há algumas semanas.
Imagino que nem os gatos sejam tão temperamentais quanto uma impressora. Eles podem não dar a mínima pra você até precisarem de comida ou se sentirem carentes. Mas não espere isso de uma impressora. Ela se alimenta da sua raiva, da sua necessidade de entregar um trabalho feito de última hora. E essa é a comida preferida delas.
É uma guerra de nervos cujo as batalhas você já perdeu antes mesmo de entrar em campo. E para zombar da sua cara de derrotado, elas vão ainda mais fundo e bradam seus gritos de vitória, uma mistura de engrenagens, motores, trilhos, placs, plocs e trocs que mostram de forma clara que ela está funcionando, só não está afim de trabalhar pra você.
Eu tento compreender as impressoras. Estou começando a me entender com a minha depois de 3 anos. Já entendi que ela não gosta de imprimir de primeira. É preciso acariciá-la. Apertar os seus botões com carinho uma, duas, três vezes. Desligar e ligar novamente. Colocar os papeis na medida certa: nem pouquinho nem muito. O suficiente para ela se sentir alimentada.
Aí sim. Depois de cumprir todo esse ritual eu posso enviar o que tiver de imprimir que ela vai cumprir a função pela qual foi comprada.
A nós, meros humanos, resta apenas sabermos que se algum dia as máquinas dominarem o mundo, tenha certeza de que não será a partir de um supercomputador. Será a partir de uma impressora, em algum lugar do mundo, que se cansou de imprimir e resolveu mudar de função.
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