No longínquo ano de 2003 iniciei meu primeiro namorinho. Bom, pelo menos o primeiro pra valer, já que os de andar de mãozinha dada no primário não entram na minha conta. Mas esse não é o ponto.
A questão é que eu estava tão desacreditado no colégio, já que não pegava ninguém, que os meus amigos simplesmente duvidavam da veracidade do meu relacionamento.
Ao contrário do que se vê hoje em dia, não existiam redes sociais para você colocar “em um relacionamento sério com fulana”. Não existia o Instagram pra você postar fotos com a gata. Os celulares com câmera custavam quase o valor de um computador novo. Para piorar, era uma época em que as câmeras digitais estavam começando a ganhar força no Brasil, porém, os valores não eram nada acessíveis para um jovem garoto de 16 anos, desempregado e sem recursos próprios. E não estava nem perto do meu aniversário ou natal.
Ou seja: eu não tinha como “provar” para os meus amigos que eu estava namorando. Não que isso fosse uma obrigação, mas se você se acha um “troll” de internet, é porque não conheceu meus amigos de colégio: Cristiano, Rodrigo e Wallyson. Quando a trollagem era com outro, eu me incluía no grupo, mas nesse quesito “namorada”, eu era o mais trollado. Acho que até hoje sou, pelo visto.
Tornou-se uma tradição os caras entrarem na sala, me cumprimentar e simular um “oi, Bianca” (era o nome dela) e um beijinho em uma pessoa invisível. Meus amigos apelidaram minha namoradinha carinhosamente de “Gasparzinha”. Pois só eu conseguia enxergá-la.
Isso me deixou um tanto quanto irritado na época. Sem provas digitais para comprovar o meu recente relacionamento, me restava apenas aparecer em todas as fotos possíveis que a família dela tirava com uma câmera analógica qualquer.
O problema é que essas fotos nunca eram reveladas.
Isso me fez questionar se a minha namorada realmente existia. Passei a duvidar de mim mesmo. Quando nos encontrávamos, dava um jeito de passar perto dos meus amigos do prédio pra ver se eles a enxergavam também, até mesmo como uma questão de sanidade mental.
Tudo ficou um pouco mais tranquilo quando minha família a conheceu. Mas, é aquela coisa: quando um membro começa a ter problemas mentais, a família entra na onda para tentar ajudá-lo. Vai que os meus pais estavam entrando na minha fantasia só pra ver se eu superava aquilo?
Mas parece que ela realmente existiu. Dia desses procurei o nome dela no Facebook e descobri que já está noiva. E eu continuo aqui, escrevendo essas histórias no blog.
Não é de se espantar que as pessoas duvidem que eu tenha uma namorada.
houahoauoauohaohaohaohaohaohaohaohao, oooo saudades dessa época!
Até hoje essa Bianca é um mistério, um bom tema para o Globo Reporter! #FicaaDicaSérgioChapelin
E um detalhe muito importante que não foi citado no blog, o Rafa toda semana mostrava uma foto diferente da Bianca.
Ela já foi Loira, morena, preta, gorda, magra…