A publicidade em blogs como a conhecemos está falida. Não foi nenhum guru quem disse isso, é apenas uma percepção pessoal, íntima e sem o menor compromisso com a realidade vivenciada por você.
Veja bem, a maioria das agências trata os blogueiros como um verdadeiro rebanho, dão carinho, levam pra passear, dão Pedigree sabor eventos, jogam a bolinha bem longe para irem buscar, mas na hora de dormir, deixam os pobres coitados do lado de fora. Quantas ações iguais você presenciou nos últimos 24 meses?
Apesar de uma receita de sucesso, os blogs são mais do que isso. São bem mais do que cachorrinhos. Acredito em um uso mais consciente da opinião do blogueiro. Os blogs acabam sendo tratados como veículos normais da mídia tradicional.
Em uma época onde tanto se fala sobre nicho, pegar, digamos, “os maiores blogueiros” é o mesmo que pagar por um VT de 30s no intervalo da novela das oito e tratar o público de cada um desses blogs como uma coisa só. Afinal, estão sendo todos tratados como uma massa e não como indivíduos, que é, na verdade, o segredo da comunicação na Internet. Construção de relacionamentos.
Uma ação dessas não é ruim. Pelo contrário, ta na cara que dá resultados, mas vai contra tudo aquilo que se prega na publicidade digital. A interação entre marca e cliente, a via de mão dupla. Quando se oferece um benefício, a isenção, tão defendida por nós blogueiros, vai embora.
Pode ser meio utópico acreditar em um modelo diferente desses, pois estamos acostumados a nos atrelar ao que já é conhecido e aprovado pelos “gurus do social media”, mas não custa pensar em novas formas de divulgação.
Saca aquele pessoal que fala “não dá mais resultado veicular uma página dupla na Veja ou anunciar no intervalo do Jornal Nacional”? Então, uma parte desse pessoal é a mesma que está anunciando nos grandes players da blogosfera e agindo igual aos publicitários dos anos 80/90. Nem parece social media mais.
O que é uma pena.
Há quem discorde. Com todo direito, mas quando você trabalha do outro lado da linha, você percebe que dá pra inovar, buscar novas formas. O problema é mostrar a quem já está acostumado a receber papinha na boca que as coisas podem ser diferentes.
Estamos tentando mudar isso. Se tudo der certo, vamos conseguir. Ou então eu é que sou mal comido mesmo.
Realmente as agências de publicidade e anunciantes, por terem que se adaptar muito rápido às mudanças trazidas pelos novos canais de comunicação, muitas vezes tentaram adaptar os modelos tradicionais de compra e venda de mídia a um tipo de negocio que ainda não havia um modelo estabelecido.
Porém, alguns blogueiros não foram contra esse modelo antigo de negócio e, mesmo criticando, apoiam isso. Muitos se adaptaram e ganharam (ganham) muito dinheiro. Muitos se auto-proclamam “celebridades” e começam a cobrar preços estratosféricos pra realizar uma ação e ainda exigir benefícios sem ao menos saber o exato alcance e potencial do seu próprio blog (que sejam 1.000 leitores, mas desde que sejam engajados no assunto, é mais importante).
Se a agência de publicidade não concorda com as exigências, perde um nicho importante pro cliente; se concorda está dando a alguns blogueiro um poder de barganha de mídia tradicional…
Ambos os lados caminharam para que esse modelo tradicional fosse implementado, e mudá-lo tem sido difícil.
Também não concordo como algumas agências tratam a blogosfera (“veículo de manipulação da massa”), mas penso acho que os próprios blogs ajudaram a montar essa situação, e agora pra tentar sair disso é mais complicado, pois o anunciante, que paga a conta de ambos no final do dia, quer ver números e resultados reais em vendas e crescimento da lembrança da sua marca na blogosfera.
É o famoso “tradicionalismo”. Acostumadas a um modelo de sucesso, as agências não se preocupam em mostrar para os clientes os benefícios de uma ação que atinga um público específico e engajado, ainda que menor, ao invés de uma grande massa que não vai repassar a mensagem.
Um dia ainda mudaremos essa visão!
Acho que esse modelo se mantém pela ignorância. São raras as empresas que enxergam a existência dos blogs como mídia (de nicho ou de massa). Daí as agências agirem como agem. Apresentam números para os clientes como forma de justificar a ação “x” que atingirá “10x” de pessoas. Dane-se se esses “10x” sequer olharão para a tal ação.
Para esse pessoal entender que um blog com 2000 leitores diários pode ser melhor do que um com 200.000 (por atuar no nicho exato a que se destina o produto) é pedir demais para a grande maioria.
Fala Thalles. Excelente comentário cara. Sem sombra de dúvida.
Meu TCC foi sobre publicidade em blogs. Na época (final de 2008), eu via o caminho do nicho como melhor modelo, mas parece que me enganei e, da mesma forma como vemos na mídia convencional, as agências estão tratando blogs como qualquer outro veículo, optando por aqueles que tem maior número de acessos ao invés daqueles que falam diretamente com o público alvo de um produto ou serviço.
Quanto a forma de grana entrando na blogosfera, acredito que, infelizmente, o caminho é mesmo a publicidade. Ainda não vejo outra forma de gerar receita se não através de anúncios ou “patrocínios”.
Espero que essa discussão volte a tona e proporcione uma nova visão para as agências e blogueiros acostumados a essa “receita do sucesso”.
Opa, que boa coincidência. Esse fim de semana rolou uma conferência livre pelo Fórum Nacional de Comunicação cá em Vitória (ES) e um dos focos de debate foi esse. Um ponto que levanto e que, possivelmente, serei considerado louco ou utópico por isso: precisa ser necessariamente pela publicidade que a riqueza será distribuida na rede? Veja que não to sendo específico; poderia falar “precisamos de publicidade pra ver grana entrar na blogosfera?”, e daí ia receber várias pedradas, principalmente dos publicitários.
A questão que levanto precede uma busca pelo melhor modelo publicitários. Quando todos buscamos um modelo de negócio nos bitolamos na fórmula muito bem sucedida quando aplicada na mídia de massa: conteúdo > audiência > atenção > grana. Cada setinha dessa é um transformador: conteúdo é transformado em audiência, que se transforma em atenção, que se transforma em grana. Opa. E quando o papo é “mídia de nicho”? Velhas perguntas já feitas por Chris Anderson: onde está a atenção? onde está o público?
Um caminho – talvez filosófico, mas indispensável: o que entendemos por “nosso público”? Você realmente conhece o “seu leitor?” Diga lá, meu chapa, quem eu sou? O que eu gosto? E daí me diz: você não me olha como massa? Nossa visão está tão condicionada a certos conceitos que ficamos cristalizados para pensar em rede, embora agimos em rede. Que agonia a nossa… no meu blog tem um post sobre isso. Falo em “máquinas de apropriação da vida”. Chega lá, talvez lhe seja útil tal qual teu texto foi para mim. Acho que é uma disucssão que morreu por um tempo na blogosfera e agora tá começando e ressurgir….
Abraço!
A questão é que os blogueiros não se valorizam e muitos caem na tentacao das verdadeiras esmolas por considerar a atividade amadora ou por hobbie na filosofia, o que vier é lucro… é um pensamento que acompanha muita gente e até eu =D
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Enfim, os blogs são veículos que precisam conquistar mais respeito, mais credibilidade, mais valorização e mais público, se comparado com veículos tradicionais…
A agência tem a sua parcela de culpa também. Ela é quem decide em primeiro lugar qual o melhor canal pra divulgar a sua mensagem. As vezes uma campanha terá uma maior conversão se aplicada em determinado nicho ao invés de uma grande audiência generalizada.
Cara, eu acredito nesse tipo de formato. Tratando cada blog e seu público como tal, seguindo a linha editorial do blog. É um nicho específico e seu público tem características próprias. O problema é quando nego só quer números para provar eficácia e trata todos os blogs da mesma maneira utilizando os leitores apenas como massa da manobra. Isso é o que eu não curto.
Cara, nesta semana mesmo publiquei um post em troca de dois livros sobre história da estatística. Um exemplar veio pra eu ler, outro estou sorteando entre meus leitores.
No caso, creio que a agência que me procurou foi no ponto certo, pois escolheu o meu blog, que tem uma audiência razoável, e me deu um livro que tem tudo a ver comigo, pois faço doutorado em estatística.
Achon que a “culpa” é dos próprios blogueiros. Os blogs estão se popularizando, estão virando produto de massa, estão virando O foco da atenção.
É fato que o sr. é mal comido, mas também é fato que essa mídia é mal explorada. Ninguém se toca, mas tão tratando blogs como revistas, e o que você faz quando vê um anúncio numa revista? Ignora. Tem revista que tem tanto anúncio que você ignora até os que te interessam, cê cria um filtro.
Não satisfeitos com isso, algumas agências nem parecem se importar com público, mas só com número. Porra, por que caralhos anunciar uma linha de esmalte num site sobre bebidas? Quem levanta um copo de cerveja, para por um momento, observa a mão e pensa “eu preciso comprar aquele esmalte”? Pior que isso só você, que gosta de Blink.