A arte de ficar molhadinho…

Escrito por Arquivo

Isso não é legal...

Isso não é legal...

Qual a probabilidade de o tempo estar perfeitamente claro e sem nuvens quando você está devidamente abrigado no conforto de um escritório e fechar terrivelmente com direito a relâmpagos no momento exato em que você bota o pé na rua? Eu não faço a menor idéia da probabilidade, mas isso aconteceu comigo por dias seguidos.

Eu já disse por aqui que sou basicamente um imã de chuva e um repelente de ônibus. Ao mesmo tempo em que atraio temporais, tenho a capacidade de espantar todos e quaisquer ônibus que eu deseje pegar. Isso sempre aconteceu comigo desde que eu me entendo por gente.

Fato que essa semana estava trabalhando tranqüilo e feliz, esperando ansiosamente à hora sagrada do almoço. O sol estava brilhando e o meu estômago roncando. Um detalhe importante é que eu almoço no hiper-centro da cidade e trabalho na zona sul. Eu ando basicamente 20 minutos da agência ao restaurante.

Deu o horário do almoço e saí em disparada ao lugar sagrado chamado restaurante. No momento em que botei o pé fora da agência o tempo escureceu. Algumas nuvens apareceram, mas sem chover. Fui sem medo, afinal a fome era maior e não seria um tempinho nublado que me impediria de almoçar. Caminhada tranqüila, almoço no bucho, era hora de voltar.

Passei por dentro do Shopping Cidade, já que eu almoço na rua São Paulo e tenho que pegar a Afonso Pena depois. É mais rápido e prático. Para a minha surpresa, quando cheguei na portaria da rua Rio de Janeiro o céu estava desabando. Deu uma pancada de chuva e aliviou. Nesse meio tempo aproveitei para correr como um louco em direção ao ponto de ônibus mais próximo.

O balaio não demorou a passar e entrei rapidinho. Enquanto ele subia a Afonso Pena a chuva engrossou absurdamente. Parecia um dilúvio, um sinal divino dizendo que São Pedro é um filho da puta de marca maior e que não tem senso de humor. Ou pelo menos tem um senso de humor um pouco diferente do meu.

Desci no meu ponto e com a caixa d’água atmosférica vazando, fiquei preso no abrigo de ônibus. De pouco em pouco tempo batia um vento e jogava litros e litros de água em mim. A chuva não queria diminuir e eu já estava praticamente atrasado. Tomei coragem e resolvi correr. Atravessei a rua correndo, com medo de escorregar na enxurrada e assinar o meu atestado de perdedor, cheguei do outro lado e me abriguei em uma marquise.

Recuperei o fôlego e continuei correndo. Me abriguei em uma fachada de prédio em frente a agência e esperei alguns minutos. Fôlego recuperado novamente e corri de novo, dessa vez para me abrigar de vez no conforto de um lugar seco. Mas, como tudo tem um lado irônico, até então a minha bermuda e minhas pernas estavam basicamente secas. Não contava que no meio do caminho teria uma “poça” que eu não vi. Ao pisar nela subiu praticamente uns 10 litros de água, molhando meu tênis, minha meia, minha bermuda e minha cueca.

Não sei se já passaram por isso, mas trabalhar com a cueca e as meias ensopadas não é uma experiência nada agradável. Eu me senti violado, estava tremendo de frio e não tinha a menor condição de trocar de roupa. Isso aconteceu no dia que conversei com a turma de primeiro período da faculdade. Pensei que chegaria lá gripado ou com uma pneumonia no mínimo.

Um pinto molhado. Não é uma visão agradável.

Um pinto molhado. Não é uma visão agradável.

Aos poucos fui me secando naturalmente até que deu a hora de ir embora. Passei em casa, troquei de roupa e fui pra faculdade.

No outro dia, a mesma coisa. Céu limpo, dia lindo e pássaros cantando. Quando botei o pé fora da agência pra ir almoçar o que aconteceu? De já vu!