Esse final de semana estava em um churrasco com amigos e tive aquela constatação – epifania, melhor dizendo – que cedo ou tarde chega pra todo mundo: me tornei o tiozão da turma.
Durante boa parte do dia as caixas de som nos presentearam com os Greatest Hits do atual imperador da música brasileira: Wesley Safadão. Entre 1% do amor que te dei e ser sem vergonha e ciumento mesmo, presenciei uma playlist repleta de singles dos famigerados sertanejo universitário, arrocha e funk ostentação.
Eu não conhecia nenhuma das músicas.
Sou um cara bem tranquilo em relação ao tipo de som de festas. Não faço nenhuma ressalva e se precisar e o ambiente estiver propício, posso até dançar com a turma. Mas não espere que eu procure por essas músicas quando estiver em casa. Isso não vai acontecer.
Algumas horas depois alguém segeriu buscar o violão do aniversariante.
Foi com aquela gostosa nostalgia que lembrei da minha época de jovem. Alguém sempre aparecia com um violão no meio da roda e começava os primeiros acordes de Pais e Filhos ou Come as you are.
Senti que pela primeira vez no dia eu reconheceria as músicas tocadas.
Comentei isso com os meus amigos que me olharam de forma muito estranha. Pais e filhos? Come as you are?
Alguns segundos depois, os primeiros acordes que surgiram até que não me eram estranhos. É uma música que tenho escutado bastante graças à namorada que é fã de sertanejo universitário (apesar de pagar de rockeira indie na internet): Suite 14.
Meus amigos apenas confirmaram a minha epifania: hoje as pessoas só escutam e conhecem sertanejo universitário. É a música do jovem sexualmente ativo e socialmente aceito.
Chateado com a constatação, peguei minhas agulhas e voltei para o ponto e cruz e minhas peças de crochê.
triste. Éramos mais felizes com as músicas “de tiozão” das festas de antigamente. Por isso prefiro ficar em casa sendo uma senhorinha em paz.