A pizza na minha vida

A pizza na minha vida

Por Arquivo

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A pizza na minha vida

Uma das melhores recordações que tenho são as que remetem à minha infância. Lembrar dos tempos em que as coisas eram mais simples, da riqueza das brincadeiras e das descobertas, das primeiras experiências, amores e de tudo aquilo que hoje me faz ser o que eu sou, me traz uma sensação de paz. Pois aqueles eram tempos difíceis, na maioria das vezes, e entre “bullys” que tinham 16 anos na quarta-série com passagem na polícia e milhares de amores platônicos, eu sobrevivi e posso dizer que, sem o uso de cheat ou então uma Nintendo World (que sempre foram caras), consegui passar de fase.

E eu tive acesso à algumas dessas lembranças enquanto estava discutindo com minha noiva, esses dias, quando a mesma disse que não queria comer pizza pois estava enjoada. Ela, com toda a coragem do mundo, me fitou e disse, rápida e letal: “Wallace, eu não quero comer pizza. Eu não aguento mais! É toda semana, encheu o saco”. O meu mundo caiu. Desistimos da pizza e ela foi lá fazer o seu famoso Miojo Chernobyl, enquanto eu estava no quarto me preparando para podermos ver o “filme do Wolverine e do Batman em que eles são mágicos”.

Enquanto eu comprava o filme no Pirate Bay, fiquei pensado:

Realmente os tempos mudaram. Olha que engraçado. Na minha época, se a minha mãe dissesse que estava PENSANDO em comprar pizza, meu irmão mais novo tinha crise de ansiedade, ficava pulando pela casa e a euforia era total; e isso durava por horas, até mesmo depois da massa ter sido digerida e / ou meu irmão recobrar a consciência. A pizza significava que tudo estava bem, era uma coisa mais simbólica do que alimentícia; quando minha mãe comprava pizza, sabíamos que as coisas estavam melhorando, sabíamos o valor daquele alimento. Se sobrasse algum pedaço pro dia seguinte ele era tratado melhor do que a gente. Aprendemos à força a valorizar essas pequenas aventuras alimentícias familiares.

Isso é: a gente tinha uma plantação de bertalha no quintal e o vizinho de trás tinha duas galinhas. Então Bertalha com Ovo era um prato que sempre estava presente em nossas refeições, por 3 anos. Quando a palavra pizza era citada, automaticamente uma pessoa caia no chão, outra começava a dançar e não importava o que tinha acontecido, o problema que estava rolando, que era só a pizza chegar que tudo estava bem de novo. Por outro lado, tínhamos a dura realidade da bertalha-nossa-de-cada-dia, toda esparramada pelo quintal, nos olhando de lá, esperando sua dose diária de estrume e água.

Depois de refletir sobre isso, sobre como um alimento tão importante na formação moral e ética de pessoas em todo universo está sendo esquecido e perdendo (mais) espaço pros (mais) fast-food da vida, fui meio cabisbaixo na cozinha chamar minha noiva e pegar nossa refeição, pois o aluguel vitalício do filme já havia sido concluído e a fome já se manisfestava fisicamente. Quando me deparo com um prato de macarrão instantâneo da Nissin, sabor pizza, com orégano e queijo derretido jogado por cima.

Até que tudo deu certo no final (apesar do macarrão ser uma bost@, porém continuava sendo de pizza). A sorte é que o filme era bom.

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