O que é justo ou não?

Por Arquivo

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Em 2003, pouco antes de a minha avó falecer, uma vizinha tomou conta dela por vários meses. Além de cuidar da minha avó, ela fazia almoço e separava meu prato diariamente. Sempre o tipo de comida que eu gosto. Ela cuidou muito bem da minha avó, isso é inegável.

Recentemente, questão de uns dois anos pra cá, essa senhora começou a ter alguns problemas com o seu filho. O moleque começou a andar com uma turma errada e a aprontar na rua. Reflexo da falta de estrutura familiar que ocorre nesses casos: pai ausente, mãe que não dá muita educação e não se preocupa muito em saber com quem o filho anda. Não podia dar outra, foi ameaçado de morte e tiveram que se mudar.

Isso foi no início do ano passado ou final de 2007 se não me engano. De lá pra cá não tive muitas notícias sobre ela e o seu filho, até que no início desse ano fiquei sabendo que o moleque havia sido internado em uma dessas instituições para menores. A antiga FEBEM, digamos assim.

Ontem outra vizinha veio aqui em casa pagar o condomínio (meu pai é síndico) e nos contou o que o filho da vizinha citada acima, a que cuidou da minha avó, havia acabado de ser assassinado com três tiros.

O moleque só tinha 14 anos.

Não tem muito que dizer. Ele procurou, fez escolhas erradas e blah blah blah. Agora ele faz parte das estatísticas. Mas pensei pelo lado “gratidão” da coisa. A mulher cuidou bem da minha avó, de mim, esteve presente nos piores momentos aqui em casa dando uma força sinistra pra gente. É justo perder um filho dessa forma?

Esqueça Deus, carma e essas coisas espirituais e de crença. Pense só no fato de você ver uma pessoa se dedicando a ajudar alguém e de repente perde o filho de forma trágica. O que pensar nessa hora? Era o carma dela? Ou então ela fazia o bem e Deus paga dessa forma? Não sei dizer. Só sei que mais uma vez, um moleque eu vi crescendo, morre de forma trágica, por ter feito escolhas erradas.

Só posso desejar força pra mãe dele.

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12 Responses to " O que é justo ou não? "

  1. Felipe Andrade disse:

    justo para mim é ser leal a alguém

  2. Geibson disse:

    Eu tenho visto muito ultimamente as pessoas acusando Deus por cagadas feitas pelas pessoas, quer um manual de como agir vai ler a biblia, a regra principal do velho testamento e não seja um sacana, e do novo e faça pros outros o q gostaria q fizessem contigo.
    Essa que a culpa e da mãe não cola, eu tive problemas em casa com meus pais e nem sei como e uma delegacia por dentro, nunca aprontei, sempre consegui identificar quando “vai dar merda” e sair de perto, tive varios “amigos” que se deram mal na vida por irem por caminhos errados e eu só mantinha distancia.

  3. rafabarbosa disse:

    Claro, ele tem responsabilidade pelo que aconteceu e também concordo que com 14 anos, não se tem uma base sólida nem maturidade o suficiente para saber como a vida funciona. Mas ele já tinha sido meio que “avisado” ao ser ameaçado aqui no bairro.

    Só desejo força à mãe dele.

  4. rafabarbosa disse:

    Cara, é como dizem: as companhias realmente influenciam pessoas mais fracas.

  5. rafabarbosa disse:

    Depois de ser ameaçado de morte e “preso”, era pra ele ter pelo menos quetado um pouco né? Enfim, escolheu isso.

  6. rafabarbosa disse:

    Como respondi ao Marcus, também acreedito que ela se dedicou mais aos outros do que ao próprio filho. Infelizmente aconteceu isso.

  7. rafabarbosa disse:

    Concordo plenamente Marcus. Se chegou ao ponto de ser, digamos assim, preso nesse tipo de instituição, ele estava aprontando coisas bem sérias. Não me aprofundei no texto e tal, mas desde que conheci a familia dele, com meus 4 anos de idade, a mãe dele era empregada de uma outra familia. Uns 10 anos depois que veio morar auqi no condominio também. Mas foi exatamente isso, acredito que ela realmente se dedicou mais as outras pessoas do que ao próprio filho.

    Abraço!

  8. marcus disse:

    Se o moleque tava na FEBEM, boa coisa ele não era. É possível que a quantidade de mal que ele tenha feito para ir parar lá seja superior à quantidade de bem que a mãe dele tenha feito para ti e tua avó.

    E como bem a Camilla colocou, pode ser que ela tenha tido dedicação maior a ti do que ao próprio filho.

  9. Camilla disse:

    É inegável que a personalidade da pessoa e consequentemente suas escolhas façam seu destino, mas a falta de atenção, estrutura e orientação influenciam no destino de uma pessoa! Se essa mulher teve tanta dedicação com sua familia, pq ela não teve tempo de ter com a própria?

  10. Arthurius Maximus disse:

    É o máximo que você pode fazer. O livre arbítrio é o que determina nossas ações. O que as pessoas sempre esquecem é a lei imutável da física que diz “para cada ação há uma reação”. E elas jamais esperam ter de pagar o preço de suas escolhas. Se todos tivessem um manual com as possibilidades e consequências de cada ato; o mudo seria um lugar muito melhor para se viver.

  11. @anarina disse:

    Livre arbítrio é uma expressão que se usa com pouca parcimônia. Existem um milhão de fatores que ditaram o rumo do menino. É claro que quem ele foi, o que quis, como pensou, são alguns desses fatores. Não acho que devemos tirar dele a responsabilidade sobre o resultado. Mas também não podemos esperar que um garoto de 14 anos rodeado de forças externas que afetam diretamente os processos de amadurecimento interno seja tratado como se tivesse em mãos todo o conhecimento e ferramentas necessários para tomar a “decisão correta”. Bem e mal, preto e branco, isso tudo é relativo. Força para essa senhora. Quando a minha avó ficou doente, passou os últimos meses de vida na minha casa. Apenas o meu primo que vivia comigo, e nem era neto dela, tinha força e vergonha suficiente para segurar a mão dela enquanto ela chorava de dor e pedia para morrer. Eu e minhas irmãs apenas aumentávamos o volume da televisão no quarto ao lado. Isso sim é livre arbítrio, e não me deixa culpar ninguém além de mim mesma.

  12. Thiago Caetano disse:

    Eu creio que seja o contrario. As “forças” do mal também tem a visao do que é certo e errado. Ela ajudou voces muito, sendo assim, o “outro lado” tentou fazer o contrario com ela, a atacando em seu ponto fraco…qual mae nao tem o filho como ponto fraco?

    E outra, o tal do “livre arbitrio” tbm fode com tudo. é sempre uma questao de escolha. ELE escolheu por esse caminho. Nao ela.

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