Alfredinho

Por Arquivo

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alfredinho

Ele era o motivo de chacota na escola. Gordinho e cheio de espinhas, Alfredinho passava os dias lendo quadrinhos, jogando RPG e discutindo qual era a melhor trilogia: Senhor dos Anéis ou Star Wars. Era o que se chamava de Nerd. No sentido mais puro da palavra. Durante a noite, nos chats, fóruns, twitters e MMORpg’s da vida, ele era Alundil, o Elfo.

Alfredinho sempre foi o motivo das piadas de Edinho, o popstar da galera. Forte, loiro e rico, Edinho era o centro das atenções. Os meninos o invejavam. As garotas o desejavam e ele sabia aproveitar essa fama. Beijos depois da aula e alguns amassos no muro da escola não eram raros. Mas ele não podia topar com o gordinho. Sempre com uma piadinha na ponta da língua. A mais clássica era levantar quando Alfredinho sentava. Aquele movimento de “ser jogado pra cima”. Quem nunca fez isso?

Mas o futuro tinha planos para os dois. Alfredinho, entre um festival de Cosplay e uma partida de D&D, estudava e lia bastante. Tinha um futuro promissor, como era de se esperar. Já Edinho, no tempo livre, ficava na internet buscando “mulheres com seios enormes” no Google e tentando ver suas amiguinhas peladas pela webcam.

Os anos foram passando e Alfredinho emagreceu. Sabe aquela fase em que os homens crescem de uma vez? Alfredinho cresceu e a gordura acumulada foi melhor distribuída. Não era o que podia se chamar de magro, mas também não era mais o gordinho nerd da turma. Bom, ele ainda era nerd, mas não tão gordinho assim.

E lá foi Alfredinho cursar a sua faculdade de Ciências da Computação enquanto Edinho passava em 100º lugar excedente no curso de Educação Física de uma tradicional faculdade particular.

Mais forte do que nunca, Edinho logo se tornou o centro das atenções na sua nova sala. Ele era bonito, tenho que confessar. Se fosse mulher, eu daria pra ele.

Alfredinho não chamava a atenção. Ninguém reparava nele. Em uma sala repleta de nerds, era difícil algum deles chamar a atenção.

Mas como é o costume das faculdades, era chegada a hora do trote. Edinho como era descolado e pra frente, foi poupado no seu trote. Só teve a cabeça raspada e o rosto pintado. Nesse dia, Edinho conheceu Silmara. Uma veterana gostosa da sua faculdade. Gostosa é pouco. Eu só não descrevo a Silmara nesse conto porque não pretendo ter uma ereção.

A química foi imediata. Ela já tinha a ficha completa de Edinho. Sabia que o pai era deputado e que ele morava em um dos mais tradicionais bairros da cidade. Ela não era interesseira, longe disso, mas queria um futuro garantido. Ali começou um romance que prometia. Vinte minutos depois Silmara já estava sem a calça de ginástica que deixava sua bunda ainda mais definida e Edinho sem a sua bermuda Adidas no vestiário da faculdade. Saíram de lá namorando. Apaixonados.

Já o nosso nerd favorito, Alfredinho, estava sendo exposto às mais tenebrosas formas de tortura que um calouro pode passar. Os alunos de Ciências da Computação eram o alvo preferido dos veteranos. Coitados, sempre eram humilhados das piores maneiras.

Durante o trote, um grupo de alunos arrastou o mais tímido dos calouros – Alfredinho – para um canto mais afastado e tiraram a roupa do pobre rapaz. Ele queria chorar, mas estava na faculdade. Aguentou bem. Não entendeu a cara de espanto dos outros alunos ao verem pelado. Era uma mistura de terror, admiração e curiosidade. Ficaram surpresos ao ver que Alfredinho tinha um enorme diferencial.

No meio desses alunos estava Pablo. Para vocês ele não é ninguém, mas para quem curte uma putaria virtual, ele era simplesmente o dono do maior portal de pornografia brasileiro. Uma mente brilhante. E dono de um negócios em franca expansão, afinal, os seus vídeos faziam sucesso e o número de assinaturas do site crescia assustadoramente. Edinho assinava. Se não me falha a memória, foi um dos primeiros a garantir o acesso ao vasto material de Pablo.

Pablo viu em Alfredinho uma mina de ouro. Iria aproveitar aquele nerd. Pensava em transformá-lo em um homem. O garoto tinha potencial.

– Ai, gordinho. Tu conhece o buraco69.net?
– Conheço sim. Disse Alfredinho acanhado.
– Prazer, Mr. Cock, administrador. Disse Pablo estendendo a mão. Tenho planos para você.

Pablo estava investindo pesado em vídeos amadores. Pagava uma mixaria para algumas garotas e as filmava fazendo sua mágica. Ele era um mago do cinema. Era o Hitchcock do cinema pornográfico amador brasileiro.

Às oito horas da manhã do dia combinado lá estava Alfredinho. Acanhado, mas estava lá. Pablo, ou Mr. Cock como gostava de ser chamado, chegara com a garota que filmaria a cena. Um mulherão.

Para Alfredinho, que de mulher pelada só tinha visto sua mãe e as garotas do buraco69.net, aquela era uma oportunidade de ouro. Ganhou uma grana para fazer algo que nunca havia feito até aquele dia.

Aquela mulher era sensacional. Ela comandou o show. Alfredinho não teve que fazer muito esforço. Apenas deixou o seu astro trabalhar. E ele trabalhou como nunca havia trabalhado antes. É aquele ditado, pra quem come ovo frito, comer caviar é sonho. Bom, pra quem só conhecia a própria mão, aquela garota era uma espécie de Sylvia Saint brasileira.

O nerd fez como o combinado. Mr. Cock gravou a cena e ao final, pagou a garota.

Vídeo editado e dois dias depois estava no ar.

Foi um sucesso. Nas primeiras horas mais de 500 downloads e 50 assinaturas novas por hora. Todo mundo queria prestigiar aquele fenômeno sexual. Alfredinho começava a ficar conhecido como o Messias do pornô. O Rocco brasileiro. O cara que substituiria Kid Bengala.

Edinho, por sua vez, chegou em casa e acessou o buraco69.net. Tinha acabado de chegar da casa de Silmara. Foi conhecer a família da namorada e saborear um delicioso strogonoff de frango que a sogrinha fez questão de cozinhar. Que garota! Não podia ter escolhido uma namorada melhor.

Logo de cara já viu o banner que ocupava metade da tela exibindo aquela cena sensacional. Foi logo baixando. Vinte e cinco minutos depois o download estava concluído. E lá vai Edinho dar o Play no seu MediaPlayer com as calças arriadas, o rolo de papel higiênico do lado e uma ereção instantânea.

O filme começou e de cara ele reconheceu Alfredinho. Mas que porra esse gordo nerd tá fazendo ai? Pensou.

Quando Alfredinho tirou a calça, Edinho tomou um susto. Não conseguia parar de olhar para aquela imagem. Algo na tela chamava a sua atenção. Olhou para sua cintura e para a tela. Para a cintura e para a tela novamente. O gordo nerd fora subestimado a sua vida toda. Edinho agradeceu por não ter comprado um monitor 3D.

De repente entra aquele mulherão em cena. A câmera pegava as suas pernas e ia subindo devagar. Estava apenas de biquini. Edinho pensou “pelo menos essa garota vai dar uma canseira no gordinho”.

Ela já chegou ajoelhando em frente a Alfredinho no vídeo. A câmera se movimentou, subiu pela suas costas e deu a volta, focalizando o seu rosto.

– Puta que o pariu!!! Gritou Edinho.

Na sua frente, na tela do monitor, Silmara estava iniciando o que seria considerado por todos os Nerds a maior foda de todos os tempos.

A essa altura surgiam milhares de janelas no MSN de Edinho e seus scraps aumentaram consideravelmente.

Pois é. Nunca subestime aquele gordinho da sua escola. Ele pode ter um talento bem maior que o seu.

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12 Responses to " Alfredinho "

  1. rafabarbosa disse:

    Confesso que fiquei muito feliz com esse comentário ahahhahaha

  2. Rodrigo Soares disse:

    Este é, desde já, um dos meus textos favoritos em todos os recôndidos das interwebz.
    Sensacional é a palavra.

  3. rafabarbosa disse:

    @Johnny, Valeu pelo toque Jhonny. Corrigido.

    Abraço!

  4. Johnny disse:

    Bom texto.
    Só duas coisinhas:

    É “expansão” não “expanção”, “biquini” não “biquine”

  5. Mariana disse:

    cah estou novamente,

    adoro sua escrita, seu estilo… cara vc tem talento!

    o texto ta muitissimo bem escrito, meu.

    esse eu ainda nao tinha lido nas minhas visitas por aqui.

    gostei.

  6. Lks. Magal disse:

    Cara, parabéns. Seu blog é tão bem escrito que meu blog que ser igual ao seu quando crescer! Já te linkei no meu blog!

    Venho visitar mais vezes. Topa parceria?

    Abraço

  7. yeda disse:

    Muito legal o texto.
    Nem sempre é bom ser popular. hehehe

  8. Rafael Slonik disse:

    HIEAHIEAHOIAEHIUOAHEIUHAEIOHEAIUEA

    BOA! Apesar da história básica do nerd que se dá bem, não caiu em lugar comum. E o final foi ótimo.

    =D

  9. gabi disse:

    fico imaginando as cenas
    e isso sempre acontecem com os NERD’S sofrem durante o colegial inteiro e quando terminam vem a recompensa
    enquanto “os populares” se fodem!!!

    ótimo texto
    flws

  10. Marcos disse:

    Huhaieouhaiehaihieae… Se inveja matasse, o coitado já tava morto. Acho que vi um daqueles filmes besteirois americanos com um enredo parecido com esse… Daqueles que passam em “tela quente” e dizer ser inéditos. Hahaha Mas acho que com esse desfecho a história mudou e ficou bem mais “enriquecedora”… uaheahuheihaui
    abraço cara! ;D

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  1. Rocky Balboa Jr. - Rafa Barbosa disse:

    […] a sua decisão. Resolveu jogar um pouco de World of Warcraft para esfriar a cabeça. Seu primo, Alfredinho estava online. Ele era seu conselheiro. Entedia das coisas. Mas nenhuma palavra era suficiente. O […]

  2. Rocky Balboa Jr. | Sem título ainda... disse:

    […] a sua decisão. Resolveu jogar um pouco de World of Warcraft para esfriar a cabeça. Seu primo, Alfredinho estava online. Ele era seu conselheiro. Entedia das coisas. Mas nenhuma palavra era suficiente. O […]

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