A cultura pop e eu

Por Arquivo

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Existe um grande problema quando você cresce vivendo e consumindo a tal da cultura pop. Você passa a basear a sua vida em tudo o que você aprendeu com filmes, desenhos, músicas e livros, de forma que ao se deparar com um problema de verdade, descobre da pior maneira que nem tudo é perfeito como parecia.

As suas aventuras não são tão legais como a dos filmes. Por exemplo, a primeira vez que assisti Os Goonies, minha reação imediata após os créditos finais foi pegar a bicicleta e sair a procura de um tesouro ou qualquer coisa do tipo. O máximo que consegui foi quase ser atropelado e chegar em casa desanimado.

Outra coisa que me deixou bem incomodado por ter crescido assistindo a esses filmes de superação, é que depois de uma surra para os caras mais velhos e essas coisas, não havia nenhum “zelador” oriental, simpático e mestre de Karatê pra me ensinar a luta mortal. Resultado, mais algumas surras de leve.

Não vou nem citar a frustração que é ser picado por uma aranha esperando adquirir super-poderes e, no máximo, conseguir uma gangrena no braço esquerdo e uma experiência de quase morte. Muito menos as escoriações e ossos quebrados depois de tentar saltar do topo do prédio vestindo uma “capa” vermelha e uma cueca sobre a calça.

Você ou algum amigo, provavelmente, já pensou em tirar carteira de motorista e comprar um carro pra impressionar uma garota, não é mesmo? Vai dizer que não era triste ver aquela turminha popular dando role de carro e você ali, parado há 20 minutos esperando o seu ônibus? Pois é.

Isso sem contar as inúmeras vezes que entrei pelo cano, sem nem ao menos salvar a princesa…

Porém, nada supera a decepção que foi a minha vida sexual no final do colegial e durante a faculdade. Se tem uma coisa que eu aprendi com os filmes, é que o período ideal para desenvolver toda a sua habilidade sexual compreende a formatura do colegial até o final da faculdade. Você viveu todos aqueles anos na escola simplesmente em função disso. Infelizmente Hollywood estava errada, mais uma vez.

Em relação as festas, mais um engano. Sabe aquelas putarias regadas à muita cerveja, vodka e strip-poker? Podiam até rolar, mas não nas festas em que eu fui chamado, o que provavelmente me leva a crer em duas possibilidades:

1 – eu não era maneiro ou sexualmente atrativo o bastante para ser chamado para as verdadeiras festas da faculdade.

2 – convivi com um bando de freiras.

Eu não tenho a menor vontade de contar as minhas histórias frustrantes de faculdade para os meus filhos ou netos, porque será algo tão monótono quanto uma partida de xadrez. Arrisco a dizer que a festa de 12 anos da minha prima gerou mais historias pra ela e as amigas e amiguinhos do que todos os meus 4 anos de faculdade. Não é pra rir, é pra chorar de decepção.

Acredito que o mesmo está pra acontecer com essa geração Colírio. O que vai ter de garota viajando pro litoral esperando encontrar, na casa ao lado, três vizinhos sozinhos parecidos com o Dudu Surita, Caíque Ribeiro e Federico Devito não vai ser brincadeira, e a frustração será a mesma. Ou não, as vezes o vizinho sou eu. Heh.

As melhores lições, porém, vieram das músicas. Acredito que o motivo seja, na grande maioria dos casos, que as composições foram realizadas depois de o autor passar por algo parecido com o que nos incomoda.

Todo mundo já sofreu por amor, todo mundo já saiu pra curtir com os amigos e, todo mundo já escreveu alguma letra pensando em alguém.

Os Beatles estavam certos em 90% das suas músicas, e, veja bem, não quer dizer necessariamente que eles passaram por essas coisas. Tudo o que nós precisamos é de amor e segurar a mão de alguém. Se você precisa de ajuda, é só pedir por socorro. Mas, sempre terá algo no jeito que ela se move que desperta a sua atenção, e isso ninguém aprende na escola.

Quem nunca pensou em The Cure quando viu as fotos de alguém na parede? Ou simplesmente ficou mais animado em uma sexta-feira enquanto estava apaixonado? E mesmo depois de um fora, você continuou firme, porque garotos não choram.

Claro, isso não se aplica a todos, só aqueles que viveram e tiveram as suas raízes na cultura pop americana/britânica, o que é o meu caso, obviamente.

De qualquer forma, a vida real pode ser bem diferente do que os filmes, livros, quadrinhos e músicas nos mostram, mas, é inegável que eles moldaram o meu caráter de forma precisa. E eu nem precisei criar uma garota nota 1000 pra isso.

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20 Responses to " A cultura pop e eu "

  1. viviane disse:

    Que barato esse texto!!! Sou menina, mas me identifiquei a beça!!! A nossa geração é isso e temos que agradecer por poder ter senso crítico para analisar toda essa informação por este ponto de vista. As novas gerações meio que engolem tudo, não contestam, aliás, elas têm o que contestar?!
    http://www.twitter.com/vivianeteobaldo

  2. DwightTits disse:

    uma outra imagem, bem mais recente.

    as cadeias aqui do Brasil não se parecem nem um pouco com as Fox River de Prison Break. ;]

  3. Jota Roxo disse:

    Cara.. vc é idiota?
    Acho que faltou arranjar um bom trabalho quando criança..

  4. lolz00r disse:

    lol que depressão hein amigo! õ_o você que tem que tomar a iniciativa também, senão nada acontece na sua vida mesmo. Ou você acha que o povo é simplesmente convidado pra ir em festas regadas a putaria e pinga que, consequentemente, te levam ao çékissu? Nada, vc que tem fazer novas amizades, conhecer quando/onde vão ser e etc… Se nada deu certo a culpa é, parcialmente, sua.

  5. Rodrigo Mendes disse:

    É oq eu sempre digo nasci na geraçao errada.

  6. Ricardo disse:

    Gostei do seu artigo, me identifiquei de imediato.

  7. É, no fim os filmes, seriados, desenhos, músicas, etc… são feitos por gente com a vida tão ou mais medíocre e monótona que a nossa, mas alí são projetados as suas idealizações, então, até o drama é poetizado e a desgraça é representada de forma bela, que dirá as vitórias. As músicas de letras tristes são belas, a dolorosa poesia com a força da melodia é tão atraente, tão viciante que não cansamos de ouvir, mas viver aquila situação é um verdadeiro pesadelo.

  8. JhoonexD disse:

    Literalmente, quando se trata de fab4 a coisa realmente é profunda, apesar de ter sido a banda mais comercial que existiu eles fizeram completamente a revolução, eventualmente uso uma de suas músicas como tema, e elas se encaixam perfeitamente em muitos dos casos, não especificamente Beatles, mas a música em geral, marcam épocas de nossas vidas, romances… dando-nos aquela sensação nostálgica quando as escutamos, e pra quem curte de verdade e se aprofunda no tema, sabe que se torna um vício… Música boa sempre é bem vinda!

  9. fdioaj disse:

    belo texto!

  10. Giselle disse:

    Por citar goonies vc deve ter mais de 20 anos.
    Então não acho que seria uma boa ideia as meninas que são fãs dos garotos colírios da capricho, irem parar no seu quintal. Isso pode dar cadeia =)

    são épocas diferentes, na minha época garoto de banda bonitão era André Matos, agora é Just Bieber, que tem o cabelo melhor que o meu no seu melhor dia.

    adorei o post, especialmente na parte do The Cure, ficou muito genial. Parabéns!!!

  11. vanessa disse:

    Preciso do contato par o dipl onde posso enviar o numero do fone seguro

  12. ricardo disse:

    rafael, sem querer te incomodar mas ja incomodando, sou seu fã a algum tempo e percebe que seus textos sao muito criativos, vc possue um talento nato, eu queria te pedir ajuda pra escrever uma frase, eu quero de tudo de cor pra minha casa porque? tem que conter no minimo 20 palavras e conter o nome coral e beto tintas. se vc poder me ajudar com isso eu serei muito grato e se ganhar eu te mando uma caixa de red bull, abraçao!!!!!!

  13. Guilherme Reis disse:

    Na verdade a cultura pop, principalmente a divulgada pela TV, é mais uma ferramenta de imersão da Matrix. Mto bom o post!

  14. M.K. disse:

    A realidade nunca é como a ficção… Essa é a unica realidade que temos que aceitar.

  15. Naotto disse:

    Pura verdade. Ainda lembro quando eu vi o filme das tartarugas ninjas pela primeira vez: Sai pulando pela escada de casa e pelo quintal. Quem sofreu foi o meu cachorro…
    Mas as músicas. Ah, as musicas… sempre estão certas 😉

  16. É meu caro.
    Quando digo que a nossa infância ainda foi uma das melhores, sou chamado de “arrogante” pela geração Restart.

    Mas algo é inegável… Ao menos fomos crianças.

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  1. […] Os caras não disseram ao certo qual seria o evento que nos levaria ao fim derradeiro, deixando uma lacuna pronta para ser preenchida por nossas mentes criativas e influenciáveis pela tão amada cultura pop. […]

  2. […] encontra com ela por lá e ficam sentados a noite toda conversando sobre Star Wars, Douglas Adams, filmes dos anos 90, músicas que marcaram os seus relacionamentos e colocando apelidos nas pessoas do […]

  3. Bobalinks disse:

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